Floresta amazônica arde em um ritmo alarmante: a voz dos bispos

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24 Agosto 2019

Em um comunicado, os bispos do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) manifestam a sua preocupação. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais brasileiro, responsável pelo monitoramento por satélite das florestas, relata que, desde o início do ano, eclodiram cerca de 73 mil incêndios, com um aumento de 82% em comparação com o ano passado. Pouco mais da metade dos incêndios ocorrem na Amazônia.

A reportagem é de Adriana Masotti e Roberto Artigiani, publicada por Vatican News, 22-08-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A maior floresta do planeta, a da Região Amazônica, está queimando em um ritmo preocupante, e os bispos da América Latina sentem o dever de levantar sua voz para chamar a atenção para esse drama.

“Informados sobre os terríveis incêndios que consomem grandes porções da flora e fauna no Alasca, Groenlândia, Sibéria, Ilhas Canárias e, de maneira particular, na Amazônia, nós, bispos da América Latina e do Caribe, queremos manifestar nossa preocupação com a gravidade dessa tragédia”, diz um comunicado assinado pelo presidente do Celam.

A esperança ditada pelo Sínodo da Amazônia, já próximo, continuam os prelados, parece agora ofuscada pela dor diante dessa tragédia natural. Eles também expressão a sua proximidade às populações indígenas do território amazônico e unem sua voz à deles para pedir ao mundo solidariedade e uma pronta atenção para “deter essa devastação”.

Denúncia contida no instrumento de trabalho do sínodo

O “Instrumento de trabalho” do Sínodo da Amazônia, afirma o comunicado, adverte profeticamente que nessa floresta de vital importância para o planeta, desencadeou-se uma profunda crise devido a uma prolongada intervenção humana em que predominam a “cultura do descarte” e uma mentalidade que põe no centro a atividade produtiva.

“Urgimos aos governos dos países amazônicos, especialmente do Brasil e Bolívia, às Nações Unidas e à comunidade internacional que tomem sérias medidas para salvar o pulmão do mundo”, escrevem os bispos, lembrando que o que acontece na Amazônia tem um alcance global. “Se a Amazônia sofre – concluem – o mundo sofre.”

Incêndios alimentados pelo clima político

Os dados sobre os incêndios fornecidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais brasileiros fotografam uma realidade alarmante. Stefano Raimondi, do Escritório de Áreas Protegidas da Legambiente, comenta: “A situação piorou decisivamente ao longo do último ano. As fontes que temos relatam um aumento dos incêndios em todo o Brasil de mais de 83% na primeira parte do ano em comparação com o mesmo período de 2018. Outras fontes são ainda mais alarmistas, mas certamente podemos dizer que, em geral, os incêndios mais do que duplicaram. É uma situação preocupante, pois se trata de incêndios de origem dolosa, alimentados por um clima político que nega a questão, apesar do fato de que pode haver consequências globais”.

Uma pesada herança para as próximas gerações

Quanto às consequências dos incêndios, Raimondi afirma que, “por um lado, há o efeito imediato da emissão na atmosfera de grandes quantidades de dióxido de carbono que alimenta o efeito estufa; por outro, existe o fato de que, em perspectiva, essas florestas não contribuirão durante décadas para a absorção dos gases que contribuem para alterar o clima. Estamos perdendo florestas de dimensões iguais a Estados europeus inteiros. Esses danos enormes serão pagos pelas próximas gerações”.

Situação política favorável ao desmatamento

Sobre a questão dos incêndios, o presidente do Brasil, Bolsonaro, questionou as ONGs. Suas declarações foram definidas como “completamente irresponsáveis” pelo Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental. Segundo Raimondi, “Bolsonaro acusa os ambientalistas de iniciar os incêndios, quando, evidentemente, a responsabilidade deve ser buscada em outro lugar”.

E continua: “Na Amazônia, os desmatamentos com fogo sempre ocorreram por parte de fazendeiros e agricultores para conquistar território para cultivar ou pôr à disposição do gado. A aceleração dos últimos meses também se alimenta do atual clima político: a escassa atenção às questões ambientais levou muitos agricultores e criadores, infelizmente pequenos também, a acelerar o desmatamento, sem saber por quanto tempo durará essa situação tão favorável à subtração do território amazônico para fins meramente produtivos”.

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