"Estou profundamente preocupado com os incêndios na floresta amazônica". Na sexta-feira foi a vez do secretário-geral da ONU, António Guterres, a relançar o alarme para os incêndios que estão destruindo o pulmão do mundo ao ritmo de três campos de futebol por minuto. Em sua conta no Twitter, Guterres enfatizou que "não podemos arcar com mais danos a uma fonte importante de oxigênio e biodiversidade", deixando entender que a floresta amazônica é um ecossistema vital para todo o planeta. Em conclusão, o apelo: "A Amazônia deve ser protegida".
A informação é publicada por L'Osservatore Romano, 23/24 de agosto de 2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Também no sábado, em Nova York, durante um encontro com jornalistas, Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, disse que as Nações Unidas estão prestando muita atenção ao "dano imediato que estão causando as queimadas" e em geral visam à defesa das florestas - não só da Amazônia, mas também do Congo e da Indonésia - como "fundamentais em nossa luta contra as mudanças climáticas", concluindo que "o bem-estar de todas essas enormes florestas é fundamental para a humanidade".
De acordo com agências de notícias locais, as chamas teriam se originado no estado de Rondônia e estão queimando há pelo menos duas semanas. O estado mais afetado no momento continua sendo o de Mato Grosso, com mais de 13 mil incêndios. Das fotos de satélite, os incêndios também afetam outros países da América Latina, particularmente a Bolívia e o Peru. Os dados do "Programa Queimadas” do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) - órgão brasileiro responsável pelo monitoramento dos níveis de desmatamento - evidenciam que desde 21 de agosto, no Brasil, 75.336 focos de incêndio, com um aumento de mais de 80 por cento em relação ao mesmo período de 2018. O Instituto registrou cerca de 2.500 novos incêndios nas últimas 48 horas em todo o Brasil, um país em que se estende 65% da floresta tropical.
Os sinais de perigo e apreensão na floresta amazônica destacados pelas Nações Unidas se seguem à trica de farpas, ocorridas com tweets, entre o presidente francês Emmanuel Macron e o brasileiro Jair Bolsonaro.
"Nossa casa queima. Literalmente. A Amazônia, o pulmão de nosso planeta que produz 20% de nosso oxigênio, está queimando", assim Macron havia twittado na sexta-feira, pedindo aos membros do G7 que incluíssem o que ele considera uma "crise internacional" na agenda do trabalho da cúpula.
"Lamento que o presidente Macron esteja tentando manipular uma questão interna do Brasil e de outros países amazônicos para obter ganhos políticos pessoais. O tom sensacionalista com o qual ele se refere à Amazônia não contribui de forma alguma para a solução do problema", retrucou Bolsonaro. O presidente brasileiro então, acusado pelo francês de usar fotos relativas a queimadas do passado, falou de "mentalidade colonialista" da parte da França que quer discutir as questões da Amazônia no G7 sem a presença dos países da região.
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