01 Junho 2023
Em mensagem encaminhada aos seus pares do Comitê Executivo do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) antes de sua reunião dos dias 22 a 26 de maio, em Genebra, o presidente do organismo ecumênico, o bispo luterano Dr. Heinrich Bedford-Strohm indagou sobre o papel da Igreja num mundo ferido.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
Reportando-se ao teólogo Dietrich Bonhoefer, morto pelos nazistas, Bedford-Stohm defendeu: “Os cristãos não podem se retirar para uma vida privada. A vida dos cristãos e da Igreja deve ser pública e interessada na vida dos outros. A Igreja só é Igreja se for ‘Igreja para os outros’. E isso precisa de envolvimento público”.
A primeira ação da Igreja é desafiar o Estado “com responsabilidade se suas ações carecerem de responsabilidade”. “Quão críveis são nossas atividades humanitárias se conscientemente ou mesmo pragmaticamente permanecermos em silêncio para as forças motrizes, que causam sofrimento, como não podemos nos tornar políticos se as decisões políticas são a única forma de superar o sofrimento?”, desafiou.
Também indagou o que a Igreja pode fazer para abrir portas e superar o terrível sofrimento relacionado com a invasão russa na Ucrânia? “Se nós, como igrejas, não somos capazes nem sequer de construir pontes para ajudar os partidos a superarem uma situação que parece ser dominada exclusivamente pela lógica militar, quem mais? Se nem sequer tentássemos, para que serviríamos como igrejas? Estaríamos traindo nosso Senhor Jesus Cristo, de quem diz a Carta aos Efésios: ‘Cristo é a nossa paz’”, frisou.
Como reagimos, prosseguiu, diante “das consequências cada vez mais visíveis das mudanças climáticas globais? Como podemos ajudar quando há inundações que destroem vidas e casas em Ruanda e no Congo? Expressamos nossa profunda empatia pelas vítimas desses eventos. Asseguramos-lhes as nossas orações. E nossas agências de assistência procuram ajudar tanto quanto podem. No entanto, é bem claro que o nosso apoio espiritual e diaconal sempre deve ser acompanhado de um discurso profético e diálogo políticos que abordam as raízes de todas essas causas para a humanidade”.
Bedford-Strohm encerrou a mensagem com uma certeza: “Sejamos conscientes de que nossa voz é necessária. Abramo-nos a Cristo, cujo amor nos move à reconciliação e à unidade”.
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“Se cristãos se calarem, para que serve a Igreja?”, pergunta presidente do Conselho Mundial de Igrejas – CMI - Instituto Humanitas Unisinos - IHU