A “missão” das igrejas pela paz na Ucrânia. Artigo de Luigi Sandri

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30 Mai 2023

A saída da terrível guerra que está ocorrendo na Ucrânia preocupa todas as Igrejas, mas as iniciativas iniciadas ou prestes a iniciar para encontrar o fio da meada e começar a abafar o fogo das armas, encontram dificuldades para ter algum sucesso, se o patriarcado de Moscou faz rezar os seus fiéis não pela "paz", mas pela "vitória" do exército russo. Enquanto isso, ficamos sabendo que o cardeal Matteo Zuppi, arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana, encarregado de uma “missão” em nome do Papa Francisco, não irá apenas a Kiev, como inicialmente anunciado, mas também a Moscou.

O comentário é de Luigi Sandri, jornalista italiano, em artigo publicado por L'Adige, 29-05-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

No entanto, tudo ainda é incerto, ainda não se sabe quando o cardeal partirá e qual é o seu programa preciso.

Um aspecto é, no entanto, preponderante: a prevista iniciativa organizada pelo Vaticano foi precedida, apenas alguns dias atrás, daquela do pastor sul-africano Jerry Pillay, secretário-geral do Conselho Mundial das Igrejas (CMI). Trata-se de uma organização - sediada em Genebra – que reúne 349 Igrejas do mundo (ortodoxas, anglicanas e protestantes), favorecendo o seu mútuo conhecimento e colaboração. A Igreja católica não faz parte da entidade, embora colabore com ela.

A princípio, Pillay esteve em Kiev, onde se encontrou com os líderes das duas opostas Igrejas ortodoxas da Ucrânia: aquela historicamente ligada à Igreja de Moscou (mas contrária à invasão do país), e aquela autocéfala, considerada "cismática" pelo patriarcado russo, liderada por Kirill, e ligada ao patriarcado de Constantinopla. Ele conseguiu convencer as duas Igrejas Ortodoxas "inimigos" a participar de uma "mesa redonda" para promover a paz entre a Rússia e a Ucrânia.

O secretário do CMI foi depois a Moscou, onde convidou Kirill a aderir à mesma iniciativa.

O patriarca agradeceu e, em princípio, concordou: porém, especificou que ele, antes de dizer um "sim" definitivo, deverá consultar algumas instâncias não especificadas (o Santo Sínodo? O Concílio episcopal?). O que significa que não é garantida a participação do patriarcado à “mesa redonda”.

No entanto, se esse encontro acontecer, há um grande risco de fracassar porque a "narração" da Igreja Russa sobre o conflito ucraniano, como fez Kirill com Pillay, segue aquela do chefe do Kremlin, Vladimir Putin.

O quão divergente é o pensamento russo daquele das Igrejas ocidentais, sobre as perspectivas da guerra em curso, é demonstrado por um detalhe realmente inquietante: um papa (padre ortodoxo) de origem ucraniana, e em atividade pastoral em uma paróquia de Moscou, foi reduzido ao estado laical porque, numa oração preparada pelo patriarcado pelo fim do conflito russo-ucraniano, ele havia substituído pelas palavras "pela paz" aquelas - "pela vitória" - escritas no texto oficial.

Esse detalhe mostra como a iniciativa do CMI parece quase impossível; e destaca a extrema dificuldade da próxima "missão" de Zuppi. A distância entre o Moscou e o Tibre nunca foi tão grande.

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