A difícil “missão” na Ucrânia. Artigo de Luigi Sandri

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23 Mai 2023

A Santa Sé se prepara para lançar uma "missão" na Ucrânia, confiando-a ao cardeal Matteo Zuppi, para favorecer o início de caminhos de paz: repetindo assim uma iniciativa que, embora em circunstâncias distintas, nas últimas décadas o Vaticano já ousou, às vezes com sucesso, às vezes não.

O comentário é de Luigi Sandri, jornalista italiano, em artigo publicado por L'Adige, 22-05-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

Há dois dias foi confirmado que Francisco confiou ao cardeal, presidente da Conferência Episcopal Italiana e Arcebispo de Bolonha, a tarefa de liderar tal iniciativa, "de acordo com a Secretaria de Estado, para contribuir a aliviar as tensões no conflito na Ucrânia, na esperança, nunca abandonada pelo Santo Padre, de que isso possa iniciar caminhos de paz". Os tempos e as modalidades dessa "missão" estão agora sendo estudados.

Como se vê, o comunicado vaticano não especifica se Zuppi também irá a Moscou, ou se será outro “embaixador” do papa que viajará à Rússia com o mesmo propósito. Talvez o Vaticano ainda esteja esperando a "luz verde" do Kremlin. Por outro lado, em 13 de maio, o pontífice havia recebido em audiência o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky que, comentando depois seu encontro, pareceu barrar o caminho para qualquer possível "mediação" vaticana.

Repetidas vezes, mesmo na história recente, o papado tentou oferecer seus bons ofícios para resolver as tensões entre as nações. Em 1979, Argentina e Chile estavam à beira de uma guerra devido a uma disputa não resolvida sobre o controle do canal de Beagle. Trata-se de um canal que, no meio de várias ilhotas, no final do continente americano, duzentos quilômetros mais ao sul do Estreito de Magalhães, permite a passagem entre o Atlântico e o Pacífico. Pois bem, há quarenta e quatro anos a "propriedade" do Beagle era acirradamente disputada entre os dois países latino-americanos.

Ambos "muito católicos" e, na época, nas mãos de regimes militares, aceitaram de bom grado uma mediação vaticana. O Papa Wojtyla confiou a negociação ao Cardeal Antonio Samoré que, em cinco anos de intenso trabalho, teve sucesso na empreitada.

As coisas não correram tão bem em 2003, quando, no início daquele ano, parecia iminente um ataque dos Estados Unidos ao Iraque, então liderado por Saddam Hussein. Assim, para tentar evitar a guerra, Wojtyla enviou o cardeal francês Roger Etchegaray a Bagdá e o italiano Pio Laghi a Washington. Mas a missão falhou: e a Casa Branca ordenou um ataque a Bagdá.

A atual situação russo-ucraniana, em alguns aspectos análoga aos eventos que acabamos de mencionar, difere bastante em outros; agora, em questão são dois países de maioria ortodoxa, com líderes da Igreja russa ao lado do Kremlin, e as várias Igrejas ucranianas, ao contrário, contra a “invasão russa da pátria”.

Portanto, a "missão" de Zuppi em Kiev é extremamente difícil. No entanto, ele tem o respaldo de Francisco que, desde que - em 24 de fevereiro de 2022 - a Rússia invadiu a Ucrânia, vem pedindo pelo menos uma vez por semana, como ontem, para rezar pela Ucrânia "martirizada". Agora é a vez da diplomacia.

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