10 Janeiro 2023
Sem a "tela de proteção" do papa emérito, explodiu a guerra da direita clerical e ratzingeriana contra Francisco. E não apenas pelas novas revelações contra Francisco do filial secretário de Bento XVI, monsenhor Georg Gänswein, contidas em seu último livro intitulado Nient’altro che la Verità (Nada além da verdade, em tradução livre).
O comentário é de Fabrizio D'Esposito, publicado por Il Fatto Quotidiano, 09-01-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Nient'altro che la verità: La mia vita al fianco di Benedetto XVI
Da frente estadunidense, verdadeiro motor cismático do antibergoglismo, veio uma enxurrada de críticas ao pontífice pelas exéquias "discretas" reservadas a Ratzinger, desde a organização até à própria homilia do Bergoglio. Também dos Estados Unidos, o chefe dos bispos, o conservador Timothy Broglio, reavivou o objetivo primeiro da direita clerical: a renúncia do papa argentino. Aqui estão as palavras de Broglio ao Repubblica no sábado: “Eu também vi a dificuldade (de Francisco, ndr), o fato de ele não celebrar: são todos elementos de um trabalho pastoral normal que estão faltando”. Portanto, seria melhor se ele renunciasse.
Tudo conhecido e já visto a partir de 2015. Aquele ano, de fato, marcou o início do cerco de Francisco por seus "inimigos" na Igreja ("Os inimigos do Papa Francisco" foi a capa da edição do MillenniuM-Fq de julho de 2017). Foi quando, no dia 21 de outubro, o Quotidiano Nazionale disparou um boato sensacionalista na primeira página: "O papa tem um tumor no cérebro".
O diretor do Avvenire, Marco Tarquinio, identificou o responsável naquela maçonaria católica orgânica à nobreza negra e aos tradicionalistas: “Qualquer porcaria que seja posta esterilmente em circulação, o caminho da Igreja procede (...). Podemos dizer? Mas, sim, convenhamos: somos simples e somos franciscanos, não 'bisignani'”. Deliberadamente escrito com letra minúscula. Dez dias depois da fake news do QN, estourou o Vatileaks 2, o escândalo que trouxe à tona dois membros da Comissão encarregada por Francisco de reformar as finanças do Vaticano: Monsenhor Ángel Vallejo Balda, um prelado espanhol que ainda hoje manteria várias pastas secretas (incluindo aquela relativa ao mistério Orlandi), e a manager Francesca Immacolata Chaouqui.
A dobradinha do falso tumor e do Vatileaks 2, combinada com outras campanhas anti-bergoglianas (dos Franciscanos da Imaculada à Ordem dos Cavaleiros de Malta), imediatamente fez pensar, nos ambientes de Santa Marta, em um poderoso empurrão contra Francisco para obrigá-lo a renunciar. E agora, como confirmam as palavras do chefe dos bispos estadunidenses, Broglio, a pressão recomeçou.
Mas o cerco à direita clerical não se baseou apenas no objetivo da renúncia. Com os fatídicos Dubia de 2016 de quatro cardeais (Brandmüller, Burke, Caffarra e Meisner), e contra as aberturas da Amoris laetitia aos divorciados recasados, outra campanha foi iniciada: aquela para "corrigir", senão declarar Francisco herege (19 teólogos escreveram um documento em 2019 para acusar o papa justamente de heresia).
Finalmente, a morte. Em 2016, em uma reunião dos brasileiros Arautos do Evangelho, Monsenhor Clá Dias, que depois renunciou, disse que o diabo estava entusiasmado com Francisco e que o "Dr. Plinio (pensador católico e antidemocrático falecido em 1995, ndr) está incentivando a morte do papa”. Em 13 de março de 23 se completarão dez anos do pontificado de Bergoglio.
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Igreja: renúncia, heresia ou morte. Começou em 2015 o cerco da direita ratzingeriana contra Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU