24 Mai 2021
Em uma dramática videoconferência perante o Tribunal Superior de Mumbai, o jesuíta de 84 anos preso desde outubro por acusações de terrorismo, denuncia a deterioração de sua saúde: "Oito meses atrás eu comia sozinho e caminhava, hoje não mais. A internação não mudaria nada, eu quero liberdade sob fiança para voltar para a minha gente”.
A reportagem é publicada por Asia News, 22-05-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
O padre Stan Swamy recusa a hospitalização e invoca o direito à liberdade sob fiança. O jesuíta indiano de 84 anos que está detido na prisão de Taloja desde outubro passado sob suspeita de terrorismo por seu empenho com as populações tribais, disse isso ontem pessoalmente, comparecendo por videoconferência em frente ao Supremo Tribunal de Mumbai convocado para avaliação seu estado de saúde.
Imagem: Padre Stan Swamy
Nos últimos dias - após a denúncia de sua família e dos coirmãos sobre o agravamento de seu estado físico já prejudicado pelo mal de Parkinson - o padre Swamy havia sido levado ao JJ Hospital, um hospital público de Mumbai, para ser examinado. Também preocupantes eram a tosse e a febre relatadas pelo religioso em conversa telefônica, o que os fez temer o contágio por Covid-19, como já aconteceu com outros internos do presídio de Taloja.
O Tribunal Superior teria consentido com a sua internação no hospital, mas - durante uma audiência em que o agravamento das suas condições de saúde se tornou evidente para todos - foi o Padre Swamy quem se opôs a isso da prisão, onde foi levado de volta nesse meio tempo. “Já estive três vezes no Hospital JJ - respondeu o jesuíta - conheço a situação: não quero ser internado lá. Eu poderia sofrer, talvez até morrer muito em breve, se minha condição continuar a piorar. Mas eu prefiro isso a ser levado para o hospital. Só peço ao sistema judicial que examine o pedido de fiança: é o meu único pedido”.
O Padre Swamy parecia muito provado: ele próprio recapitulou as consequências que a prisão provocou sobre o seu corpo. “Durante esses oito meses - disse ele - houve uma regressão lenta, mas constante, de todas as funções do meu corpo. Oito meses atrás eu comia sozinho, conseguia escrever, andar, tomar banho. Todas essas coisas estão desaparecendo uma após a outra. A prisão de Taloja me levou a uma condição em que não tenho mais condições de escrever ou andar sozinho. Alguém tem que me alimentar. Estou pedindo que se considere o porquê e as modalidades através das quais aconteceu essa deterioração da minha saúde. Ontem fui levado ao Hospital JJ e tive a oportunidade de explicar o que me dão na prisão. A deterioração é mais forte do que seus comprimidos”.
O Tribunal também propôs na internação alternativa numa estrutura privada, o hospital da Sagrada Família no distrito de Bandra, administrado pelas monjas Ursulinas de Maria Imaculada. Mas mesmo diante dessa possibilidade, o padre Swamy permaneceu firme em seu pedido de liberdade sob fiança. Ele respondeu: “Não acho que faria nenhuma diferença. Aconteça o que acontecer, quero poder estar com a minha gente”. No final, o Supremo Tribunal de Mumbai adiou novamente o exame do pedido de libertação para 7 de junho, recomendando que a prisão de Taloja, nesse período, fornecesse ao Padre Swamy todo o tratamento prescrito pelo Hospital JJ.
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Índia. Padre Swamy, jesuíta, recusa o hospital: “Eu posso até morrer na prisão” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU