28 Novembro 2023
O pontífice vira tendência devido a uma entrevista recuperada em que fala sobre os ultras após a vitória de Milei, sua opinião sobre o conflito palestino-israelense e uma visão trans do Vaticano.
A opinião é de Ferran Bono, editor do El País, em artigo publicado por El País, 27-11-2023.
As escrituras existem para serem interpretadas. O Papa Francisco questiona-se se é comunista, como lhe foi dito em algumas ocasiões. E o argentino responde: “Olha, minha carteira de identidade é Mateus 25. Leia Mateus 25 e quem disse isso, você diz, comunista. Quem vai entrar no céu? Eu estava com fome, você me alimentou; tive sede, você me deu de beber; Eu estava nu e você me vestiu... Essa é a regra de conduta".
O Papa cita o Evangelho segundo São Mateus para afirmar que a justiça social é o antídoto para a ascensão da extrema-direita numa entrevista ao jornalista Gustavo Silvestre para a televisão argentina C5N. Uma entrevista concedida há sete meses que se tornou atual e voltou a ser transmitida, recortada na recepção de vítimas israelenses e palestinas — “Não é uma guerra, é terrorismo” — e seu convite a um grupo de transexuais para almoçar pela primeira vez no Vaticano. tempo.
Su Santidad el Papa Francisco arremete contra la ultraderecha y el desgastado discurso anticomunista en el mundo. pic.twitter.com/C1ntq27zmK
— NB (@notibomba) November 18, 2023
Jorge Mario Bergoglio recordou a ascensão dos nazistas para alertar para o perigo da extrema-direita, uma força “centrípeta” que “sempre se recompõe” e “não cria possibilidades externas de reforma”. “Recomendo Síndrome 1933, que conta um pouco do tremendo internalismo que existia na Alemanha. Não encontraram alguém para levar as coisas adiante, apareceu um político novo, que falava lindamente, seduzia as pessoas e o nome dele era Adolfo... e todo mundo dizia 'vamos tentar esse cara porque ninguém o conhece...'. Eles votaram a favor e foi assim que terminamos. Tenho medo de salvadores sem história, quando um salvador sem história vier até vocês, desconfiem”, afirma o Papa, que em nenhum momento menciona quem será o próximo presidente do seu país de origem. Alguns tweeters aproveitaram a oportunidade para criticar o papel do Vaticano durante o nazismo.
Antes de sua vitória na semana passada e citando em seu caso o Evangelho segundo São Lucas, Milei acusou com sua dureza contra o pontífice, a quem descreveu como sendo o “representante do maligno na terra”, de estar ao lado dos “comunistas” e “ditaduras sangrentas” e defesa da “justiça social, que é roubo”. Mas a posição e a realpolitik prevalecem ou, simplesmente, as forças conservadoras sistemáticas que no fim o levantaram moderaram a sua fúria verbal. Após as eleições, Milei disse à rede La Nación+ que acabava de receber um telefonema do Papa, a quem definiu como “o argentino mais importante da história” com quem teve uma “agradável conversa” na qual “Sua Santidade”, outrora “imbecil de Roma”, felicitou-o pela eleição e convidou-o a visitar o país.
Que queda de la iglesia católica??
— Noelia garcia fuentes (@Noeliavalenibi) November 23, 2023
El papa Francisco recibe a un grupo transgénero en un almuerzo en el Vaticano. pic.twitter.com/KwAhl7f73l
Aos 86 anos, o representante de Deus na terra, segundo a Igreja Católica, tem relação complicada com alguns setores dos paroquianos que se reflete nos comentários feitos num “O Ocidente, em nome do 'amor a Deus', está normalizando esta degeneração”, diz um deles. “O que resta da Igreja Católica?", pergunta outro. “E enquanto a Europa é islamizada, o Papa Francisco recebe um grupo de transgêneros num almoço no Vaticano”, lamenta outro. Nem todas as mensagens são desta natureza ultra.
A declaração papal que incluiu os ataques do Hamas e a resposta do exército israelense na mesma categoria também gerou tráfego na internet. A conversa surgiu como resultado, por exemplo, das notícias publicadas por este jornal, e inclui pontos de vista muito diferentes: “O que chama a atenção não são as palavras do Papa, o que chama a atenção é que é notícia dizer a verdade sobre o genocídio em Gaza”; “O Papa rezando missa”; “Não esperava mais de um racista antissemita” ou “Isso se chama terrorismo de Estado”.
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Papa Francisco e a extrema-direita. Artigo de Ferran Bono - Instituto Humanitas Unisinos - IHU