18 Mai 2023
Houve um grande silêncio por alguns minutos na audiência geral esta manhã. O Papa Francisco parou de falar porque seu assessor lhe levou o celular. O telefonema que atendeu com o rosto concentrado era evidentemente bastante importante, enquanto os fiéis se perguntavam no adro o que estaria acontecendo de tão importante. Difícil dizer, certamente uma comunicação crucial que não poderia ser adiada e que poderia estar ligada ao momento de particular fragilidade dos desenvolvimentos da questão ucraniana.
A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada por Il Messaggero, 17-05-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
A guerra não dá sinais de esmorecer e os fracos fios da diplomacia internacional se prendem a um prazo considerado essencial para a exportação de cereais ucranianos, uma vez que todos os portos da Crimeia são controlados pelos russos.
Soma-se a isso a grande questão humanitária das 19.000 crianças ucranianas sequestradas e deportadas à força para o território russo. Enquanto os peregrinos da audiência arriscavam as mais fantasiosas especulações sobre o telefonema papal, Francisco logo depois lançava seu enésimo apelo pela paz, lembrando que “na Ucrânia há muito sofrimento, muito sofrimento. Rezemos pelos feridos, pelas crianças, pelos que morreram, para que volte a paz”.
Precisamente nestas horas está se realizando em Moscou uma missão muito delicada do Conselho Mundial das Igrejas, principal órgão que trata do diálogo entre as diversas Igrejas cristãs do mundo, com sede em Genebra, e que já tentou, em novembro, uma primeira missão junto ao Patriarcado Ortodoxo sem muitos resultados.
Na guerra entre a Rússia e a Ucrânia, o papel das igrejas cristãs não é secundário, considerando também as implicações morais que sustentam as políticas expansionistas do Kremlin. O Patriarca Ortodoxo russo nunca deixou de apoiar Putin. Até hoje, aliás, nunca condenou a devastação da Ucrânia e a agressão de Moscou, pelo contrário, ele definiu o conflito em curso como uma ação positiva para erradicar o mal veiculado pela cultura ocidental disseminada em todos os lugares.
Na semana passada, o Papa Francisco recebeu em audiência, no final da catequese da quarta-feira, o arcebispo ortodoxo Antonij – número dois do patriarcado – que naquele momento se encontrava em Roma com a ‘bênção’ de Kirill. É difícil dizer qual caminho as Igrejas cristãs estão tentando identificar para abrir uma brecha no muro da desconfiança atual, com posições cristalizadas e a via do conflito aberta.
O CMI anunciou que a entidade ecumênica começará a trabalhar na preparação de uma "mesa redonda de diálogo" até o final do ano. A visita ocorre a pedido do comitê central do CMI e faz parte de uma série de visitas que já passaram pela Ucrânia e agora pela Rússia. As visitas visam construir pontes de paz e reconciliação por meio de encontros e diálogos e pôr fim a conflitos militares, guerras e violências”.
O CMI lembra que uma de suas delegações visitou a Ucrânia de 10 a 13 de maio, realizando uma intensa série de consultas em Kiev com líderes eclesiásticos e funcionários do governo ucraniano. Naturalmente, também se encontrou com líderes das duas Igrejas Ortodoxas Ucranianas (uma independente, a outra ligada ao Patriarcado de Moscou) cuja "disputa de longa data se intensificou após a invasão russa".
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O Papa Francisco atende o telefone durante a audiência, começa entre os fiéis a pergunta: “Com quem ele estava falando?” Hipótese: comunicações sobre a guerra - Instituto Humanitas Unisinos - IHU