08 Mai 2023
“A missão de paz acontecerá. Fico surpreso que Kiev e Moscou tenham dito que não têm conhecimento". O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, fala com os jornalistas à margem da apresentação do livro sobre Monsenhor Tonino Bello do bispo Domenico Cornacchia. E traça os contornos do que foi anunciado pelo Papa Francisco durante o voo de volta de Budapeste.
A reportagem é de Gianni Cardinale, publicada por Avvenire, 04-05-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
“O que posso acrescentar além do que o Papa Francisco já disse? - afirmou o mais próximo colaborador do Pontífice - Ele disse que está em curso, que haverá a missão que será anunciada quando se tornar pública". Quando perguntado se a missão está em andamento ou se ocorrerá, ele respondeu: "Ocorrerá". As palavras do cardeal especificam, portanto, que a missão de paz do Vaticano não iniciou, mas ainda está em preparação, e confirmam que Moscou e Kiev, apesar das negações, foram devidamente informadas.
A Rússia e a Ucrânia, reiterou Parolin, “no meu conhecimento, estavam e estão cientes" da missão. Questionado sobre como se concretizaria, respondeu: "Não vou entrar em detalhes. O Papa falou nesses termos, deixamos a ele apresentar eventuais e adicionais informações". Para saber em que consiste essa missão de paz, teremos de aguardar o anúncio oficial. A partir daí se entenderá se será uma réplica, com ou sem variações, do que aconteceu em 2003, quando São João Paulo II enviou o cardeal Roger Etchegaray a Bagdá para se encontrar com Saddam Hussein e o cardeal Pio Laghi a Washington para tratar com George Bush jr para evitar o início da guerra que acabaria revirando o Oriente Médio.
Ontem, citada pela Tass, a porta-voz da diplomacia russa Maria Zakharova declarou que “até o momento, o lado russo não recebeu do Vaticano propostas ou planos específicos para uma solução pacífica da crise ucraniana. Não temos nada disso." "Não temos detalhes – acrescentou - sobre a iniciativa do Papa Francisco recentemente mencionada pela mídia ocidental".
No entanto, sempre para a Tass, um funcionário do Vaticano sob anonimato explicou que a missão de paz do Vaticano mencionada pelo Papa faz parte dos esforços de mediação da Santa Sé para ajudar a pôr um fim ao conflito ucraniano, e os representantes do Pontífice poderiam ser enviados tanto a Moscou quanto a Kiev para esse fim. “Poderiam ser representantes da Cúria ou diplomatas”, acrescentou o funcionário.
Ontem o Papa Francisco, no "beija-mão" após a audiência da quarta-feira, cumprimentou o Metropolita Antonij de Volokolamsk. O fato ganhou grande destaque nos meios de comunicação vaticanos que ressaltam como o Pontífice “como costuma fazer nesses encontros, beijou a Panaghia, o medalhão com a imagem da Mãe de Deus que os metropolitas ortodoxos trazer ao peito".
O Cardeal Parolin especificou que esse encontro não está ligado à missão de paz, mas faz parte das comunicações normais que de vez em quando existem com Antonij como “ministro das Relações Exteriores” do Patriarcado. O próprio Pontífice na entrevista no voo da Hungria explicou que Antonij é o inermediário pelo qual ele permanece em contato com o Patriarca Kirill. Enquanto isso no Vaticano chegou o pedido de aprovação do novo embaixador russo junto à Santa Sé que assumirá o lugar de Aleksandr Avdeev, de 77 anos, no cargo desde 2013, diplomata estimado pelo Papa Francisco ("é um grande homem, um homem comme il faut, uma pessoa séria, culta, muito equilibrado").
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Confirmação de Parolin: “Haverá a missão de paz” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU