28 Setembro 2022
Em seu discurso na ONU no encontro dedicado ao Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas Nucleares, o secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, sublinha a necessidade de um mundo livre de armas nucleares e o compromisso de todos os países do mundo em regulamentá-las.
A reportagem é de Michele Raviart, publicada por Vatican News, 27-09-2022.
Um mundo "próximo ao abismo de uma guerra nuclear". São palavras do cardeal secretário de Estado Pietro Parolin, ao discursar na ONU por ocasião do encontro de Alto Nível para o Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas Nucleares. A ameaça do uso de tais armas no conflito na Ucrânia levou à Europa a ver o conflito em uma dimensão jamais vista em várias gerações e é "repugnante".
Um imperativo moral e humanitário
A energia nuclear, enfatizou o Cardeal Parolin, é uma ameaça iminente que tem implicações devastadoras para toda a humanidade e demonstra que o objetivo de uma eliminação definitiva das armas atômicas, como escreveu o Papa na Fratelli tutti, é "tanto um desafio quanto um imperativo moral e humanitário".
No entanto, salienta o cardeal as ações dos Estados que possuem um arsenal nuclear estão longe de conduzir a tal resultado, pois, ao expandir e modernizar suas armas atômicas, continuam a contar com a dissuasão atômica, desconsiderando as obrigações de tratados internacionais, como o Artigo Seis do Tratado de Não-Proliferação Nuclear.
Ainda longe de um mundo livre das armas atômicas
Em agosto passado, os estados signatários do acordo de 1968 para regulamentar e estabilizar os arsenais se reuniram para a 10ª Conferência de Revisão do Tratado e não conseguiram chegar a um acordo sobre um documento comum.
Uma circunstância que a Santa Sé seguiu com preocupação. Mesmo se a minuta tivesse sido aprovada, salientou o Cardeal Parolin, a ausência no texto de novos compromissos significativos sobre desarmamento, ainda não teria aproximado a humanidade de um mundo sem armas nucleares.
É necessário o compromisso das potências nucleares
No entanto, foram feitos progressos no Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares de 2017, com os Estados-membros que aprovaram recentemente um plano de ação nas áreas de verificação de armamentos, assistência às vítimas e sobre as curas e consequências ambientais da energia nuclear.
Esforços que para a Santa Sé também deveriam ser feitos pelas potências nucleares, independentemente da sua posição sobre este Tratado que elas não assinaram.
Um sistema cada vez mais frágil
Outro objetivo é revigorar os esforços para a entrada em vigor do Tratado sobre a Proibição Total dos Testes Nucleares de 1996, que ainda não foi ratificado por oito Estados signatários, e relançar as negociações de tratados sobre gestão de material físsil e garantias de não utilização de arsenais. Sem um progresso tangível para estes fins, o Secretário de Estado reitera, o sistema atual corre o risco de sofrer erosão.
Enquanto existirem armas nucleares, a possibilidade de seu uso não pode ser excluída e isto, como o Papa Francisco disse em Hiroshima em 2019, "ameaça todo futuro possível para nossa casa comum".
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Cardeal Parolin: a ameaça das armas atômicas na Ucrânia é repugnante - Instituto Humanitas Unisinos - IHU