23 Setembro 2021
Os ares de pré-conclave e uma conspiração palaciana clandestina denunciada pelo Papa Francisco aos jesuítas com que se encontrou na Eslováquia na semana passada foram devolvidas ao remetente pelo Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin. Na prática, o Papa havia confidenciado aos religiosos que, enquanto ele estava sob o bisturi para operar o cólon, as tropas já se moviam no além Tibre para urdir tramas e preparar a sucessão. Mas a tese de uma virada não é confirmada por seu principal colaborador.
A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada por Il Messaggero, 22-09-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
“Provavelmente o Papa tem informações que eu não tenho porque, honestamente, não senti que houvesse esse clima”, disse o cardeal durante um encontro do PPE em Roma. As palavras de Francisco que suscitaram verdadeiro alvoroço pela inusitada franqueza com que foi feita a denúncia (“Embora alguns me quisessem morto. Sei que até houve encontros entre prelados, que pensaram que o Papa estivesse pior do que se declarava. Estavam preparando o conclave. Paciência! Graças a Deus estou bem") são de fato aparadas pela diplomacia de Parolin, que deixa claro que ele nunca sentiu o "clima tenso” que emergiu ontem das frases do Papa
"Eu acredito, sem ter muitos elementos na mão, que se trata de uma questão de poucos, de quem meteu essas coisas na cabeça", disse Parolin, "mas, sinceramente, não tenho elementos". “Provavelmente o Papa faz essas afirmações porque tem conhecimentos e dados que não chegaram a mim, acrescentou o cardeal, “mas não me parece que exista um clima deste tipo”.
Na verdade, o clima de pré-conclave que parece tomar forma neste momento do pontificado que chegou ao oitavo ano de seu reinado certamente não é um fato novo, apesar do Papa Francisco ter amplamente demonstrado na Hungria e na Eslováquia que tem uma condição física excepcional diante de pesados empenhos e agendas lotadas de encontros institucionais e também uma excelente recuperação da saúde após a cirurgia de julho passado. Tanto é que com os jornalistas do avião que o levava de volta a Roma, Francisco brincou justamente sobre esse aspecto.
Monsenhor Gianfranco Girotti , arcebispo da Cúria de longa data e ex-regente da Penitenciaria também compartilha da mesma opinião de Parolin. “Os corvos existem e sempre existirão, fora e dentro do Vaticano, mas não tenho conhecimento de conspirações contra o Papa e sinto que posso excluí-las. Eu concordo com Parolin. Para mim não existem complôs”. Para ele, se há curtos-circuitos internos, é por falta de informações sobre sua saúde. “O fato é que há muitos rumores, inclusive descontrolados, circulando sobre o Papa e sua saúde, e o Pontífice os desmente ao vivo. Não que não haja corvos, veja bem: existem e sempre existirão, mas conspirações, eu as excluo. O Papa tem um objetivo próprio e, por isso, envia mensagens claras”.
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Cardeal Parolin minimiza a conspiração contra o Papa Francisco: “Talvez ele tenha informações que eu não tenho” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU