13 Julho 2021
Os perpetradores dos abusos sexuais na Igreja são, acima de tudo, padres e religiosos. Eles não apenas traíram a confiança de crianças e adultos em seu cuidado pastoral, mas também abusaram deles.
O comentário é de Anne-Bénédicte Hoffner, publicado em La Croix International, 12-07-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
No entanto, assim que os especialistas apontam para a dimensão “sistêmica” desse drama que se desenrolou ao longo de várias décadas e em muitos países, não deveríamos considerar a questão da responsabilização de forma mais ampla?
Em uma entrevista exclusiva ao La Croix, o cardeal Pietro Parolin diz que sim.
Questionado sobre a futura publicação do relatório da Comissão Independente da França sobre os Abusos Sexuais na Igreja Católica, o “número dois” da Santa Sé reconheceu que será “provavelmente um grande momento de sofrimento”.
“Muitos católicos ficarão muito incomodados e escandalizados com aquilo que vão ler”, advertiu ele.
“Mas não devemos ter medo da verdade”, acrescentou o braço direito do Papa Francisco, ecoando a linha clara adotada pelo papa diante do crescente número de revelações.
Ao se referir ao trabalho da comissão chefiada por Jean-Marc Sauvé a pedido dos bispos franceses, o cardeal Parolin usou até a primeira pessoa do plural.
“Devemos situar as coisas nessa perspectiva”, disse ele. “E essa é também a razão pela qual nós pedimos a constituição dessa comissão, para compreender o que realmente aconteceu.”
É uma forma de ele se incluir – e, com ele, toda a Igreja universal – no processo que está em curso, na “provação” a ser atravessada, assim como na luta a ser travada contra todos os tipos de abusos.
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Os abusos, a responsabilidade coletiva e a entrevista de Parolin - Instituto Humanitas Unisinos - IHU