30 Junho 2021
A onda de acusações de abuso sexual dentro da Igreja está se intensificando na terra natal de João Paulo II, de acordo com um relatório divulgado pelos bispos católicos da Polônia.
A reportagem é de Magda Viatteau, publicada por La Croix International, 29-06-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Os bispos católicos da Polônia publicaram novas estatísticas sobre abuso sexual na Igreja local, na sequência das recentes sanções da Santa Sé a muitos prelados por “negligência” na condução dos casos de padres que abusaram de menores.
A publicação dos novos dados foi na última segunda-feira, seguida de uma visita à Polônia do cardeal Angelo Bagnasco, presidente do Conselho dos Bispos das Conferências da Europa (CCEE).
O italiano estava no país do Leste Europeu para investigar acusações similares de negligência contra o ex-secretário de João Paulo II, cardeal Stanislaw Dziwisz.
“Nós estamos enfrentando uma onda de acusação”, disse Adam Żak, o padre jesuíta à frente da pasta de proteção de menores da Conferência Episcopal Polonesa.
“A tendência é não recuar; os números seguem em níveis altos”, explicou na conferência de imprensa na segunda-feira.
O primaz da Polônia, arcebispo Wojciech Polak, de Gnizezno, disse que nem todas as vítimas reportaram os abusos que sofreram.
Ele falou da “grande vergonha e dor” da Igreja e novamente pediu perdão pelos crimes e pela “negligência” dos superiores dos perpetradores.
De fato, os números apresentados pelo diretor do Instituto de Estatística da Igreja Católica, o padre palotino Wojciech Sadłoń, mostram que, apesar da onda mundial de denúncias e sanções, tanto eclesiais como judiciais, os abusos sexuais ainda são uma realidade na Polônia.
Cerca de 368 casos de abusos foram relatados de julho de 2018 até o final de 2020.
Os perpetradores foram identificados como 292 padres ou religiosos. A maioria dos casos era de muitos anos atrás, datando de 1958.
Mas 65 casos de abuso realmente ocorreram entre 2018 e 2020.
Esses números devem ser comparados com os resultados da pesquisa anterior semelhante, publicada em março de 2019, que abrangeu os anos de 1958 a 2018 e revelou 382 casos.
“Desde a última investigação, tivemos uma onda de acusações. Isso é um sinal de que potencialmente ainda existem alguns casos ocultos que podem ser expostos”, disse Żak.
O relatório divulgado segunda-feira também traz uma mudança de perspectiva em relação ao anterior, observou o jesuíta.
Nos dois grupos de vítimas com idades aproximadamente iguais - menores e maiores de 15 anos - o número de meninos (174) e de meninas (173) é quase o mesmo (o gênero de algumas vítimas permaneceu desconhecido).
“No contexto do debate na Polônia sobre as questões LGBT, devemos evitar a simplificação, evitar reduzir o problema à questão homossexual, confundir essas áreas e estigmatizar certos círculos em particular”, disse Żak.
“Esses resultados são bastante diferentes de estudos semelhantes realizados nos Estados Unidos após o ano 2000, ou mais tarde, por exemplo, na Alemanha, onde o número de vítimas do sexo masculino era claramente predominante”, observou.
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Explosão de casos de abuso sexual do clero na Polônia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU