“Eles não sonham tanto com mediações, porque o bloco ucraniano é realmente muito forte. Toda a Europa, EUA. Em outras palavras, eles têm uma força própria muito grande." Foi assim que o Papa Francisco comentou, em entrevista ao Telemundo, as palavras do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que, após seu encontro com o Pontífice em 13 de maio, disse não precisar de mediadores com a Rússia. Bergoglio revelou que, justamente durante aquela audiência no Vaticano, Zelensky “me pediu um grande favor: me ocupar, cuidar das crianças que foram levadas para a Rússia. Ele ficou muito triste e pediu colaboração para tentar trazer os meninos de volta para a Ucrânia". Palavras que chegam quando Moscou avalia positivamente a iniciativa de paz do Papa.
A reportagem é de Francesco Antonio Grana, publicada por Il Fatto Quotidiano, 26-05-2023.
A referência é à missão confiada ao cardeal Matteo Maria Zuppi, presidente da Conferência Episcopal Italiana e arcebispo de Bolonha. Como precisou o Vaticano, o Papa deu-lhe "a tarefa de liderar uma missão, de acordo com a Secretaria de Estado, que contribuirá para aliviar as tensões no conflito na Ucrânia na esperança, nunca renunciada pelo Santo Padre, de que isso possa iniciar caminhos de paz”. Missão que começará nos próximos dias. O próprio cardeal recordou que o envolvimento do Papa, e a consequente esperança de paz em relação à guerra na Ucrânia, chegou "às lágrimas".
Bergoglio também especificou que a devolução dos territórios ucranianos "é um problema político", acrescentando que "a paz será alcançada no dia em que eles puderem falar um com o outro ou através de outros", disse referindo-se a Putin e Zelensky. O Papa sublinhou assim mais uma vez o objetivo da missão confiada a Zuppi que é precisamente o de colocar a Ucrânia e a Rússia em comunicação. Do Kremlin, eles esclarecem que “qualquer esforço nessa direção só fará sentido se a conhecida posição de princípio da Rússia sobre possíveis negociações de paz for levada em consideração. Recordamos a este respeito que, ao contrário da Rússia, que desde o início está pronta para um diálogo honesto e aberto sobre a solução na Ucrânia, o regime de Kiev ainda rejeita categoricamente a própria possibilidade de negociações com Moscovo e aposta na guerra". Muito significativa, precisamente neste sentido, será a audiência que o Papa terá em breve, para a apresentação das credenciais, com o novo embaixador da Rússia junto à Santa Sé, Ivan Soltanovsky.
Depois da missão que lhe foi confiada por Francisco, o cardeal Zuppi recordou “a angústia que pesa na alma do povo ucraniano que anseia pela paz e que chora por alguém que nunca mais voltou, tragado pela máquina de morte fratricida que é a guerra”. O cardeal retomou as palavras ditas pelo Papa em sua recente viagem à Hungria: “Onde estão os esforços criativos pela paz? Deixemo-nos perturbar – comentou Zuppi – com esta questão, para que não fique apenas a lógica impiedosa do conflito. O Papa Francisco observa a deterioração das relações internacionais". E acrescentou: “Para nós, a paz não é apenas um desejo, mas é a própria realidade da Igreja, que brota da Eucaristia e do Evangelho. A Igreja e os cristãos acreditam na paz, todos somos chamados a ser pacificadores, ainda mais na terrível tempestade dos conflitos. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Igreja estava no meio do povo e no terreno”.
Leia mais
- Ministro Lavrov: “Moscou avalia positivamente a iniciativa de paz do Papa” para a Guerra na Ucrânia
- Papa Francisco: “Os ucranianos não sonham com a mediação”
- A guerra comprada. Artigo de Raniero La Valle
- A guerra da Ucrânia: a expansão da OTAN comprada por 94 milhões de dólares
- O horror próximo vindouro. Artigo de Angelo Panebianco
- Enviado de paz do papa à Ucrânia diz que guerra é uma “pandemia” que afeta a todos
- A difícil “missão” na Ucrânia. Artigo de Luigi Sandri
- O Papa e o difícil caminho para a paz. Artigo de Lucetta Scaraffia
- O enviado chinês à Ucrânia: “Queremos chegar a uma trégua e restaurar a paz o mais rápido possível”
- Para Mons. Gugerotti “nada consta do que foi afirmado a seu respeito”
- Cardeal Matteo Zuppi e arcebispo Claudio Gugerotti: eis a “missão” de paz do Papa para encontrar um acordo que permita a assinatura de uma trégua e o início de um diálogo entre a Ucrânia e a Rússia
- Diplomacia: concluída a missão do CMI na Ucrânia e em Moscou, "chamados a ser pacificadores e instrumento de diálogo"
- O enviado chinês à Ucrânia: “Queremos chegar a uma trégua e restaurar a paz o mais rápido possível”
- O Papa Francisco atende o telefone durante a audiência, começa entre os fiéis a pergunta: “Com quem ele estava falando?” Hipótese: comunicações sobre a guerra
- “As impronunciáveis palavras paz e mediação”. Mas o Vaticano irá em frente
- Zelensky errou também com os presentes para o Papa
- Zelensky queria encurralar o Papa, mas a Santa Sé não é boba. Artigo de Marco Politi
- O ‘não’ de Kiev não para o Vaticano: “Agora um grande projeto humanitário”
- Zelensky diz não à mediação do Papa Francisco: o impasse nas palavras do presidente ucraniano e nas frias linhas do Vaticano
- Papa Francisco, Zelensky e o comunicado de poucas linhas que atesta o impasse: entendimento apenas sobre os esforços humanitários
- Sobre a paz, posições distantes. “O plano do Papa não serve”
- O plano de 10 pontos de Zelensky para a paz na Ucrânia
- Ucrânia. “Não é uma guerra nem uma operação militar, mas um verdadeiro genocídio”, afirma arcebispo S.B. Shevchuk
- Zelensky provavelmente em Roma no domingo
- Papa Francisco encontrará Vladimir Putin depois de Zelensky?
- Missão de paz secreta do Vaticano para as relações entre Ucrânia e Rússia: novos desdobramentos
- O que poderia ser a “missão” de paz que o Papa Francisco mencionou ao retornar da Hungria?
- Zelensky assina decreto: não há negociações com Putin
- Parolin: sobre a missão de paz da Santa Sé novidades confidenciais
- Ucrânia: Parolin sobre a missão de paz: “Acho que vai prosseguir”
- Sim, a missão de paz do Vaticano existe e pode dar frutos em três meses
- Confirmação de Parolin: “Haverá a missão de paz”
- Papa Francisco e a missão de paz. No Vaticano o número 2 do Patriarca de Moscou: o que está acontecendo
- Assessor papal diz que missão de paz na Ucrânia pode dar frutos em poucos meses
- Hungria: viagem e diplomacia. Artigo de Riccardo Cristiano
- Ucrânia, as armas sem fio da diplomacia do Vaticano
- Pacifismo é a resposta errada para a guerra na Ucrânia. Artigo de Slavoj Žižek
- “A OTAN participa do projeto estadunidense de planejar uma guerra contra a China”. Entrevista com Noam Chomsky
- As guerras dos Estados Unidos e da OTAN deixam mais de 350.000 mortos e 38 milhões de deslocados no século XXI
- A guerra da Ucrânia: a expansão da OTAN comprada por 94 milhões de dólares
- Um ano depois: EUA dobram sua aposta, mas Rússia já ganhou o que queria. Artigo de José Luís Fiori
- A OTAN força os limites da guerra nuclear. Artigo de Jeffrey Sachs
- A última entrevista do Papa Francisco: “Quero ir a Moscou”, sobre a OTAN que ladra e sobre o joelho dolorido
- A guerra comprada. Artigo de Raniero La Valle
- O horror próximo vindouro. Artigo de Angelo Panebianco
- OTAN pressiona América Latina para enviar armas para a Ucrânia
- Ucrânia: os generais da OTAN começam a recuar
- A OTAN força os limites da guerra nuclear. Artigo de Jeffrey Sachs
- Rússia, Patriarca Kirill contra governos da OTAN: "Suas escolhas levarão à destruição"
- A OTAN, as ameaças e o mundo que nos espera
- A nova OTAN
- OTAN completa sua virada mais belicista desde o fim da Guerra Fria erigindo uma nova ‘cortina de ferro’
- Procura-se um líder que diga não aos latidos da OTAN. Artigo de Domenico Gallo
- Por que a OTAN cresce sem parar
- A última entrevista do Papa Francisco: “Quero ir a Moscou”, sobre a OTAN que ladra e sobre o joelho dolorido
- Não à guerra entre Ucrânia, OTAN e Rússia
- “A Otan não tem mais razão de existir.” Entrevista com Giovanni Ricchiuti, presidente de Pax Christi
- Sobre o futuro da Ucrânia e as guerras intermináveis da OTAN
- O que é e por que é perigosa a expansão para o leste da OTAN
- Vladimir Putin: “Milhões de pessoas no Ocidente percebem que estão sendo levadas a um desastre espiritual”
- O Ocidente e a cristianofobia. Artigo de Lorenzo Prezzi
- Da Bósnia à Ucrânia, o Ocidente perdido na indiferença. Artigo de Paolo Rumiz
- Kirill enterra as possibilidades de mediação perante o Ocidente e sua “ideologia do secularismo e da globalização”
- Por uma escola e uma constituição da Terra. Artigo de Raniero La Valle
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Papa Francisco: “Zelensky não quer mediadores com a Rússia porque sente forte apoio da Europa e dos Estados Unidos” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU