18 Abril 2022
O novo esquema faria com que os requerentes de asilo no Reino Unido fossem enviados para a África Central.
A reportagem é de Patrick Hudson, publicada por The Tablet, 14-04-2022.
Instituições de caridade católicas chamaram de “desumanos” os planos do governo de enviar requerentes de asilo para Ruanda.
A Sociedade de São Vicente de Paulo disse que era “uma medida punitiva”, enquanto o Serviço Jesuíta para Refugiados disse que os planos “exibiam um desrespeito covarde pela humanidade e dignidade”.
No esquema de 120 milhões de libras anunciado hoje, o governo disse que enviaria requerentes de asilo para Ruanda, na África Central. Eles então passariam pelo processo de asilo ruandês, recebendo acomodação de longo prazo se fossem bem-sucedidos. Esta parceria para a migração e o desenvolvimento, que faz parte do muito contestado Projeto de Lei da Nacionalidade e Fronteiras, será destampada e aplicável a quem chegou ao país desde 1 de janeiro deste ano, principalmente homens.
A SVP disse que a proposta deixaria os requerentes de asilo “isolados, separados da família e no limbo sobre seu futuro”, e expressou preocupação com o histórico de direitos humanos de Ruanda. É ilegal sob a lei internacional enviar requerentes de asilo para terceiros países sem as devidas proteções legais, embora o governo afirme que os planos são “totalmente compatíveis”.
Helen O'Shea, presidente nacional da instituição de caridade, instou o governo a “repensar a Lei de Nacionalidade e Fronteiras, e reorientar a dignidade humana”.
“Essas pessoas merecem nossa compaixão e boas-vindas, não desdém e desprezo”, disse ela. O Serviço Jesuíta para Refugiados disse que o governo negligencia qualquer cuidado com os refugiados, “em face de evidências horríveis de que o processamento offshore promove abusos dos direitos humanos”. Os planos “representam ainda mais fortificação contra aqueles que buscam segurança”.
“É como se houvesse uma determinação de não olhar nos rostos das pessoas que procuram asilo, não ver as esperanças, amores e medos que estão nesses rostos”, disse a instituição de caridade.
“Como cristãos, devemos ficar horrorizados com a ausência de qualquer senso de humanidade comum. Devemos orar por arrependimento urgente e uma mudança de rumo”.
Em um discurso em Kent anunciando o esquema, o primeiro-ministro, Boris Johnson, insistiu que era uma medida “humanitária e compassiva” para combater o contrabando de pessoas que “com o tempo provaria ser um impedimento muito considerável”.
“Não podemos sustentar um sistema ilegal”, disse ele. “Nossa capacidade pode ser infinita, mas nossa de ajudar as pessoas não é.” Alguns foram até agora detidos em campos de asilo, como o quartel de Napier em Folkestone, que o núncio apostólico, arcebispo Claudio Gugerotti, visitou em março.
O Serviço Jesuíta para Refugiados disse que essa “guetização brutal” dos refugiados do resto da sociedade será exacerbada pelo novo esquema.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Instituições de caridade condenam planos de enviar requerentes de asilo para Ruanda - Instituto Humanitas Unisinos - IHU