21 Março 2020
"Talvez a maior pandemia que experimente o mundo não seja a do coronavírus, mas sim a que faz alusão à desesperança, ao negativismo. Em diferentes artigos abordei minha grande preocupação pelo aumento imensurável de suicídios, a segunda causa de morte entre os jovens, segundo a Organização Mundial da Saúde. Essa pandemia, expandida por muitos meios de comunicação, tirou a premissa do mérito e conseguiu semear a avidez do imediatismo, o ódio e o negativismo desmedido ante a falta de caráter para enfrentar as dificuldades", escreve Roberto Rave, cientista político e especialista em negócios internacionais, em artigo publicado por CNN, 18-03-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
O mundo de hoje levanta crises constantes e contínuas. O caos é o denominador comum, seja pela ameaça de um míssil desde a Coreia do Norte ou por uma pandemia que se estende de maneira rápida; por um infortúnio na vida de um dirigente político de tamanho mundial, por um incêndio na Austrália ou por um comentário que venha do Vaticano. A crise se tornou um estado contínuo nos meios de comunicação, que difundem um pessimismo constante, em muitas ocasiões distanciadas da realidade. Não somente as grandes utopias e os sonhos distanciam da objetividade; em muitas ocasiões o caos e o negativismo também.
Talvez a maior pandemia que experimente o mundo não seja a do coronavírus, mas sim a que faz alusão à desesperança, ao negativismo. Em diferentes artigos abordei minha grande preocupação pelo aumento imensurável de suicídios, a segunda causa de morte entre os jovens, segundo a Organização Mundial da Saúde. Essa pandemia, expandida por muitos meios de comunicação, tirou a premissa do mérito e conseguiu semear a avidez do imediatismo, o ódio e o negativismo desmedido ante a falta de caráter para enfrentar as dificuldades.
A pior pandemia é a da indiferença, a do clique e da crítica, a da distância e da desumanização do humano. Diante disso, compartilho o que aborda o psiquiatra Augusto Cury, em seu livro O Sentido da Vida: “O ideal seria que a educação levasse a cabo a mais pacifista e sólida revolução social, formando pensadores e não repetidores de ideias. Talvez assim deixemos de ser colecionadores de lágrimas e nos transformemos em colecionadores de esperanças”.
Nada é novo, as dificuldades existiram sempre. Fruto da concorrência pelo poder e a disputa entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e Estados Unidos, se criou a crise do petróleo dos anos 1970, que gerou que seu preço subisse 14 vezes. Agora é a Rússia que a faz. As doenças que experimentaram o mundo foram também numerosas e talvez o coronavírus seja uma das menos letais. Entre a varíola, o sarampo e a influenza de 1918 somaram-se mais de 500 milhões de mortos.
O coronavírus é uma pandemia, e é preciso tomar medidas urgentes para diminuir sua forte tendência exponencial, que ameaça colapsar os sistemas de saúde. Isso poderia obrigar a utilizar frios protocolos para dar prioridade de atenção aos mais jovens, que têm muito mais possibilidades de sobreviver. A Covid-19 é mais letal que a gripe comum, apesar de que ainda não existam dados suficientes dos contágios e tampouco se disponha de provas de todos os possíveis casos. O fato é que já pôs em xeque os sistemas de saúde do mundo inteiro, desmascarando seus vazios e ineficiências.
Concluindo, o mundo inteiro deve prestar atenção a esse vírus, que tem seu grande perigo na exponencialidade com a qual se reproduz. A economia golpeada por essa conjuntura deverá ser reativada de maneira rápida. Em meio ao ocorrido, é preciso ressaltar que as piores crises atuais são crises de referência, de líderes que – como menciona um bom amigo em Medellín – fecham as brechas de compreensão e entendimento entre as pessoas adultas e os jovens, ávidos por serem escutados.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
A pior pandemia experimentada pela humanidade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU