26 Agosto 2019
Desde o início do ano até 20 de agosto, o número de incêndios aumentou 145% em comparação com o mesmo período do ano passado. Estamos falando de uma situação agora fora de controle." Martina Borghi, especialista em florestas do Greenpeace Itália, cita dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Inpe, para descrever a situação na Amazônia.
A reportagem é publicada por La Repubblica, 24-08-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
A maior floresta tropical do mundo, um dos pulmões. de todo o planeta, há semanas que está pegando fogo, cúmplice a estação de secas e a mudança de ritmo das políticas ambientais propostas pelo presidente do Brasil Jair Bolsonaro: "A Amazônia abriga 10% de todas as espécies animais e vegetais da Terra. E 24 milhões de pessoas de 180 grupos diferentes. Os incêndios destas semanas estão devorando a floresta e colocando em risco um milhão de espécies de animais e plantas em nível global. Isso terá um grande impacto sobre o clima do mundo", explica ela. A razão é que a própria extensão da floresta garante a todo o planeta estocar quantidades significativas de CO2. Quanto menos extensa for a floresta, menos CO2 nossa o planeta poderá absorver: "Não é um problema apenas brasileiro, mas internacional. O aumento das queimadas também aumenta a emissão de gases de efeito estufa. O desmatamento favorece o aumento da temperatura global e o risco de eventos climáticos extremos. Não apenas na América, mas também na Europa.
Uma redução substancial da floresta Amazônica desafiaria os objetivos dos acordos de Paris e a possibilidade de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus centígrados, explica Borghi. Quanto menos extensa for a floresta, menor será a capacidade de gerar chuvas e, consequentemente, mais longo será o período seco, que ocorre hoje de junho a novembro. E é precisamente no período seco que essas queimadas ocorrem: "No longo prazo, tudo será posto em risco. Está em jogo a própria sobrevivência da floresta", que poderia chegar a um ponto de não retorno de sua contração, “mas diminuindo as chuvas os próprios ciclos agrícolas também ficam em risco". Aqueles que hoje se pretenderia intensificar aumentando as terras cultiváveis.
De fato, os incêndios desse período geralmente são causados por agricultores que desejam aumentar o tamanho da terra, geralmente cultivada com soja. Primeiro, são derrubadas as árvores com as madeiras mais preciosas, aquelas mais requisitadas pelo mercado. Depois se ateia fogo. “Bolsonaro tem uma posição antiambientalista. Ele fez declarações bastante diretas sobre seu apoio à que no Brasil é chamada de bancada ruralista", a frente parlamentar que defende os interesses dos proprietários de terras. "Este governo é o de vocês", disse ele em julho passado aos parlamentares. “Em 10 e 11 de agosto os incêndios aumentaram 300%. No Brasil foi chamado de ‘o dia do fogo’. Desde que ocupou o cargo, o presidente não anunciou nada em defesa da Amazônia. O que vemos hoje é apenas uma consequência de suas políticas", conclui Borghi.
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Amazônia, um impacto sobre as mudanças climáticas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU