04 Dezembro 2025
“Embora deste lado do Atlântico todos estejam familiarizados com o movimento MAGA (Make America Great Again) de Trump, alguns de seus ramos ou divisões são muito menos conhecidos. Este é o caso especialmente da tendência MAHA, de Make America Hot Again, que se dirige principalmente às mulheres conservadoras. O que este artigo revela é que, apesar das ‘linhas divisórias que atravessam a coalizão heterogênea, a equipe barroca que cerca o presidente Trump’, o que sustenta o movimento MAGA é uma prática da raça, referências explícitas à hereditariedade e uma visão hierárquica dos corpos”. A reflexão é de lundimatin#497, em artigo publicado por Lundi Matin, 17-11-2025. A tradução é do Cepat.
Lundimatin é uma plataforma virtual formada por inúmeros colaboradores, onde convergem o pensamento subversivo, a literatura e as intervenções da arte urbana, e onde são relatados eventos no Sudão, Hong Kong, Síria, Líbia, Minneapolis, Chiapas, Oaxaca, Le Puy-en-Velay e Rojava. lundimatin#497 é o pseudônimo de um de seus colaboradores.
Eis o artigo.
“Naquele inverno, Los Angeles ardeu em chamas. Algumas semanas depois, um deslizamento de terra arrastou as letras de HOLLYWOOD. Em todo o mundo, as nove letras foram vistas sendo arrastadas pela lama, finalmente enterradas em suas profundezas lamacentas, e o século apareceu como um gigantesco acúmulo de pistas”. [Fasel]
Vamos tornar a América grande novamente – Reagan 1980. Era isso que se podia ler nos cartazes de campanha de Ronald Reagan durante a eleição presidencial estadunidense de 1980, ano marcado por alto desemprego, inflação galopante e crescimento econômico estagnado. Essa “desintegração da economia”, nas palavras de Reagan, representava para ele uma grave ameaça à própria existência dos Estados Unidos, uma ameaça que poderia tê-los destruído [1]. Para não “retroceder” em sua tentativa de melhorar o mundo, o povo americano, “o mais generoso do mundo, que criou o mais alto padrão de vida”, precisava voltar ao trabalho: “É hora de colocar os americanos de volta no trabalho” [2].
Com outras palavras, tratava-se de empenhar os estadunidenses em “uma grande cruzada nacional para tornar a América grande novamente!”. O sonho de Ronald Reagan era “retomar as rédeas do destino da nação”, um sonho construído sobre o alicerce do “espírito americano” [3]. Quase 40 anos depois, Donald Trump transformou esse slogan em uma marca registrada e um movimento: o movimento MAGA [Make America Great Again]. É uma coalizão heterogênea que reúne vários grupos conservadores, que seria difícil resumir aqui: os libertários convivem com os católicos fundamentalistas e a ala populista de Steve Bannon se mistura com os “tech bros”, aos quais pertence Elon Musk [4].
Dessa constelação e de sua diversidade, focaremos em um elemento emergente e aparentemente absurdo: o MAHA, abreviação de Make America Hot Again [5], do qual a Raquel Debono é uma das principais forças motrizes e promotoras. O projeto MAHA pode parecer simples, quase inócuo: fazer com que o “conservadorismo” esteja na moda, trazer o “conservadorismo de volta à moda”. Para tanto, o movimento MAHA visa oferecer pontos de encontro para solteiros conservadores em cidades “azuis” (democratas), descritas como “infernos liberais”. Raquel Debono não esconde: com essa iniciativa, ela “tinha vontade de participar da guerra cultural em curso, mudar as coisas”. Neste breve artigo, propomos transformar esse objeto, o MAHA, em um campo de experimentação para a análise, que deverá nos revelar, ao menos parcialmente, o que está acontecendo hoje nos Estados Unidos e, de forma mais ampla, no mundo.
O movimento MAHA mantém laços estreitos com aplicativos de namoro para conservadores (Date Right Stuff) e revistas “femininas” conservadoras (Evie e The Conservateur): por exemplo, é possível comprar um boné rosa chamativo com o slogan “Make America Hot Again” bordado na loja on-line da The Conservateur. Esta também patrocinou festas do movimento MAHA, e sua editora-chefe, Caroline Downey, declarou em uma delas: “O que a The Conservateur faz é destacar o que é objetivamente belo — uma certa arte de viver —, uma visão de mundo objetivamente superior e fazer justiça àquelas mulheres desconhecidas em nossa cultura” [6].
De acordo com os participantes destas festas, os “liberais” celebram a obesidade e as “cirurgias mutiladoras”. Além disso, a The Conservateur se apresenta em seu site com uma referência explícita à conquista do Oeste e ao destino manifesto dos Estados Unidos; a revista visa “restaurar o refinamento moral e estético [dos Estados Unidos] há muito perdido” [7]. Essas revistas “femininas” participam, nas suas próprias palavras, da “guerra cultural” em curso. Elas promovem uma certa estética corporal e erotizam o conservadorismo, mais especificamente “o” corpo da “mulher conservadora”.
Tornar a América “hot again” [quente novamente] significa torná-la “hot & healthy again” [quente e saudável novamente]. O MAHA mantém laços estreitos com outro ramo do movimento MAGA, um dos mais influentes, sua “doutrina biológica” [8], cujo porta-voz é o antivacina e teórico da conspiração Robert F. Kennedy Jr.: o movimento “Make America Healthy Again” [9]. Sem entrar em detalhes, este último defende a saúde “holística”, o retorno à “natureza” e a conservação ambiental; encontra sua “coerência” ideológica em uma teoria da conspiração na qual os tropos antissemitas são estruturados: a saúde precária da população estadunidense é supostamente o resultado de uma campanha de envenenamento em larga escala planejada pelas elites globalistas, os “grandes mestres da mentira” (a “grande indústria farmacêutica”, por exemplo).
As mulheres, as mães, estão na vanguarda do movimento MAHA. A revista Evie é um dos porta-vozes das teorias da conspiração do movimento, publicando, por exemplo, artigos sobre a suposta ligação entre a vacinação contra o SARS-CoV-2 e o câncer. The Conservateur, por sua vez, publica artigos sobre o tema “Make America Beautiful Again” (Tornar a América Bonita Novamente), nos quais discute tanto a “beleza física” e o estilo de vida, como a “beleza” dos espaços naturais estadunidenses intocados e intactos que devem ser preservados, especialmente da “cura” trazida pelos “migrantes” [10].
Sydney Sweeney Has Great Jeans/Genes – A aparência física, a atratividade, o estilo de vida, as escolhas políticas, os vieses ideológicos e as posições morais funcionam como marcadores imediatamente perceptíveis de diferenças inscritas na “base da biologia”, nos “genes”. Nesta “percepção popular”do MAHA, exemplarmente sincrética, o “biológico” e o “cultural” não são colocados, por meio de análise formal, em uma relação causal, como no racismo doutrinário; em vez disso, são colocados no mesmo plano: “biologia” e “cultura” são simplesmente dois lados da mesma moeda [11].
O vídeo de convite para a festa MAHA de 21 de abril de 2025, “Os conservadores têm bons genes”, publicado nas redes sociais de Raquel Debono, oferece um bom exemplo desse “sincretismo” racista:“Os conservadores têm bons genes, vamos dar uma festa para provar isso. Celebraremos juntos os nossos bons genes [...] os valores passados de geração em geração [inherited], a estabilidade financeira e os maxilares bem definidos. Neste verão, a tendência é a superioridade genética e ideológica” [12].
É nesse contexto de bipolarização e sua inscrição no imutável, no permanente, ou mais precisamente nesse contexto de emergência de discursos abertamente racistas, nesse preciso sentido [13], que se deve situar o aumento da violência política nos Estados Unidos. Quando a “conversão” e a “purificação” são impossíveis, isto é, quando a diferença é biológica, “genética”, quando a raça se torna um fator imediato de inteligibilidade, somente a eliminação física pode pôr fim a ela.
Ao mesmo tempo, certos corpos, certas aparências físicas, agora andam de mãos dadas com determinadas posições políticas. Raquel Debono contrapõe a América hot conservadora à “América feia e gorda” [ugly fat America] liberal; on-line, vai ainda mais longe, defendendo o “retorno” do body shaming [vergonha corporal]: “Excluímos! [...] restabeleçamos a exclusão das pessoas”. As questões relativas à perda de peso por meio de dietas Ozempic ou ao estilo “rosto de Mar-a-Lago” [14] assumem uma nova dimensão à luz dessas reflexões dispersas.
As noites do MAHA também revelam as fissuras que atravessam a heterogênea coalizão, a equipe barroca que cerca o presidente Trump, muito semelhante ao escândalo calandargate que irrompeu nos círculos conservadores após o lançamento do calendário “Conservative Dad’s Real Women of America 2024 Calendar” [Mulheres Reais da América 2024 do Pai Conservador], da marca de cerveja “conservadora” Ultra Right Beer, apresentando influenciadoras conservadoras posando em maiôs. Além do pudor típico de certos setores católicos conservadores, as reações a essa publicação destacam as disputas sobre a definição da “mulher branca estadunidense”, a “cultura” conservadora estadunidense e os “valores” tradicionais.
Se a vitalidade do pioneiro masculino é exaltada por consenso, o que dizer da pioneira feminina? Enquanto para determinados grupos do movimento MAGA, como os “cristãos conservadores”, os eventos Make America Hot Again ou as publicações da Evie e The Conservative não passam de um rebranding [reformulação] da libertação sexual em uma ferramenta de marketing conservadora, outros, mais próximos do libertarianismo, veem neles a afirmação da identidade da mulher conservadora, uma forma de girlbrossing [empoderamento] de direita. Raquel Debono, por sua vez, define-se como uma “conservadora da cidade” [15], muito diferente da “republicana do Texas”, pois ela é “muito moderada em questões sociais”; de acordo com um de seus vídeos do TikTok, ela é a favor do aborto, contra os impostos, a favor das armas e “a favor” dos gays.
Portanto, uma análise do movimento MAGA não pode prescindir de uma análise matizada que dê espaço às divergências e contradições internas, que as registre e confronte e, ao fazê-lo, tente encontrar, em sua essência, as características definidoras do movimento. Além dos pariochalismos [bairrismos], as ideologias sexistas e racistas são os pilares fundamentais do discurso conservador nos Estados Unidos, cujas manifestações são “alteradas” pelo vinho da missa servido pelas diversas capelas.
Durante o calandargate, a controvérsia se concentrou na representação da mulher conservadora, que aparecia nua e lasciva no calendário, em uma palavra, sexy [16]; no entanto, isso também permitiu que todos afirmassem, em uníssono, sua transfobia. Focar exclusivamente na dimensão aparentemente conflituosa da controvérsia nos impede de compreender a hipótese fundamental subjacente à produção dessas imagens e discursos: as mulheres conservadoras deste calendário são sexualmente atraentes e, portanto, gozam de boa saúde e têm bons genes. O conservadorismo, a “beleza”, a boa saúde, o corpo saudável e os bons genes são “indistinguíveis e inseparáveis” [17].
Essa biologização positiva do social contrasta fortemente com as políticas anti-imigração do governo Trump, cuja foto policial poderia ser a pose afetada de Kristi Noem, secretária de Segurança Nacional dos EUA, toda produzida, diante de uma dúzia de corpos sem rosto e idênticos, enfileirados uns atrás dos outros, enjaulados, em um “centro de detenção de terroristas” em El Salvador [18]. As violentas batidas da polícia de imigração, o ICE [Serviço de Imigração e Alfândega], cujos agentes usam máscaras e sequestram pessoas nas ruas, lojas, estádios, tribunais, escolas etc., por causa da cor de sua pele e, portanto, de sua suposta origem, oferecem outro exemplo; assim como o destacamento da Guarda Nacional em cidades democratas para “limpar as ruas”.
Nesse caso específico, a branquitude, a riqueza e a cidadania estadunidense são praticamente indissociáveis. O estilo de vida e a exclusão racial convergem; no Instagram, o The Conservateur publicou e fixou um vídeo curto de uma jovem branca de minissaia e top curto, usando fones de ouvido, girando ao som da música na rua, com a seguinte legenda descritiva: “POV: as ruas estão limpas e a fronteira segura” [POV: the streets are clean and the border is secure]. A superioridade “genética e ideológica” de alguns corpos é acompanhada pela inferioridade de outros.
Uma das preocupações fundamentais do movimento Make America Hot Again é a herança e a transmissão intergeracional de características raciais superiores, de uma “visão de mundo superior” [superior worldview], de “ótimos genes”. O que emerge dessas práticas que enquadram a “preferência” sexual é um novo eugenismo positivo, uma nova higiene racial para a qual as funções de segurança do Estado, reduzidas ao seu braço armado, poderiam garantir a seleção, negativa, dos corpos.
Todos os setores do movimento MAGA estão preocupados com a baixa taxa de fertilidade das mulheres estadunidenses e o declínio da população nacional (a “birth dearth”) [19]; as soluções contraditórias propostas revelam, mais uma vez, a heterogeneidade ideológica da coalizão. Esquematicamente, o “natalismo pró-família” dos cristãos conservadores se opõe ao “pró-natalismo tecnológico” da “direita tecnológica” [20]. Enquanto os primeiros veem a família nuclear branca estadunidense [21] e a procriação “natural” como o vetor para o crescimento populacional saudável, necessário para a “sobrevivência da civilização”, os últimos recorrem à tecnologia para selecionar embriões “geneticamente superiores” e apoiar projetos de ectogênese.
Peter Thiel, por exemplo, membro da máfia do PayPal e um neorreacionário estadunidense altamente influente [22], financia o aplicativo de rastreamento do ciclo menstrual 28, desenvolvido pela revista Evie, cujo objetivo declarado é “desmistificar e desestigmatizar a saúde menstrual, permitindo que as mulheres abracem sua natureza feminina” [23]; em seu site, a empresa “femtech” 28.co afirma que o aplicativo combina “fitness feminino e bem-estar holístico”, oferecendo às mulheres “treinos personalizados [...], perfis nutricionais elaborados para a saúde hormonal e informações científicas sobre si mesmas, seus relacionamentos e seu trabalho, adaptados ao seu estado emocional atual” [24].
Simone e Malcolm Collins, que tinham um projeto para criar uma cidade-estado na Ilha de Mann para transformá-la em um centro dedicado à “produção em massa de seres humanos geneticamente selecionados” [25], são as figuras mais proeminentes do pró-natalismo nos Estados Unidos; eles estão muito conscientes das divergências, mas também dos pontos de concordância sobre esta questão no movimento MAGA: “Somos uma coligação de pessoas extremamente diferentes nas nossas filosofias, nas crenças teológicas e nas estruturas familiares [...] Mas todos concordamos numa coisa: o nosso principal inimigo é a monocultura urbana, a cultura unificadora da esquerda” [26].
As diversas tendências, especialmente durante as Conferências de Natal [27], buscam chegar a um acordo, dar coerência a propostas conservadoras supostamente divergentes [28]. O que emerge, mais uma vez, dessas diferentes posições aparentemente antagônicas, é o obscurecimento das fronteiras entre o cultural e o biológico, entre os valores e sua transmissão hereditária; Charlie Kirk não dizia nada diferente: “Casar-se. Ter filhos. Construir um legado. Transmitir valores. Buscar o eterno. Buscar a verdadeira alegria” [29].
O motivo da “ameaça existencial” persiste, pelo menos desde Ronald Reagan, nos Estados Unidos; o medo da “desintegração econômica” revela hoje, talvez um pouco mais do que ontem, suas dimensões raciais ocultas. A nova “grande cruzada nacional” ordenada por Trump e desejada pelos apoiadores do movimento MAGA, determinados a devolver aos “Estados Unidos a sua grandeza”, tem como pilar de sustentação um “espírito americano” biologizado. A prosperidade nacional é associada a corpos “no trabalho” [30] que encarnam a imutabilidade da nação e seu espírito. O princípio racial assegura a coesão de uma sociedade altamente estratificada, reduzindo o grupo majoritário ao menor grupo de indivíduos “com bons genes”.
Essa socialização duplamente negativa [31], juntamente com o “patriarcado produtor de mercadorias”, enfrenta seu limite interno; as relações sociais patriarcais estão em processo de “barbarização” [32]. A raça, a diferença biológica, estrutura de maneira central, “material”, o princípio da síntese social do patriarcado produtor de mercadorias. Embora esse seja um fator determinante subjacente ao contexto capitalista, hoje observamos um ressurgimento dos discursos relacionados à raça e ao racismo “biológico”; no contexto da crise do patriarcado-capitalismo, esses discursos são reconfigurados de acordo com os temas da pós-modernidade e suas identidades inteligentes, flexíveis e híbridas. Assim, os discursos eugênicos de hoje não são idênticos aos da década de 1930; o próprio Malcolm Collins rejeita o termo eugenia e prefere o termo “poligenia” [polygenics] [33].
Os diversos grupos do movimento MAGA, aparentemente em conflito em muitas questões, compartilham uma prática comum de raça e uma referência explícita à hereditariedade, a uma visão hierárquica dos corpos. Embora a representação da “mulher” conservadora estadunidense gere controvérsias dentro do campo conservador, não é menos verdade que ela é caracterizada por uma diferença biológica essencial: o sexo “biológico” permanece sendo socialmente significativo, portador de uma divisão e de uma hierarquia social. O corpo, e os corpos das mulheres em particular, representam um certo potencial para a prosperidade econômica, cuja imutabilidade e alteração garantem materialmente a coesão e a reprodução da relação social geral.
Certamente, após nossas breves reflexões, muitas perguntas permanecem sem resposta; mas tentamos delinear alguns caminhos para pesquisas futuras. A verdade é que o que está acontecendo nos Estados Unidos deveria nos preocupar mais do que nos preocupa; não se trata meramente de uma simples questão “política” ou “ideológica”, mas da realidade concreta da prática racial no patriarcado-capitalismo: quando a referência à imutabilidade biológica (re)aparece, mesmo que seja sempre estruturante, é por meio dessa referência que a eliminação e o extermínio puros e simples se tornam insidiosamente possíveis, substituindo perfeitamente a discriminação cotidiana.
As posições e os discursos mais “extremos” nada mais fazem do que revelar os conceitos “limite”, as determinações, as categorias fundamentais que unem os setores mais “moderados” aos mais “radicais” do movimento MAGA. Por exemplo, as diferentes normas de feminilidade baseiam-se numa essencialização comum da diferença de gênero. O estudo do movimento Make America Hot Again, ainda que de forma superficial, demarca um terreno de experimentação para a análise da “raça”, do gênero e do capital, bem como suas combinações, articulações, imbricações e mediações.
“Naquele inverno, Los Angeles ardeu em chamas. Talvez seja por isso que olhávamos todas as imagens com suspeita. Talvez seja por isso que a nova disputa sobre as imagens surgiu em todas as discussões”. [Fasel]
Notas
[1] https://www.reaganlibrary.gov/archives/speech/republican-national-convention-acceptance-speech-1980
[2] Idem.
[4] Consultar os livros de Quinn Slobodian, por exemplo, Hayek's Bastards, para se familiarizar com essas constelações.
[5] Não confundir com o MAHA, Make America Healthy Again; voltaremos a isso mais adiante.
[6] https://www.glamour.com/story/the-women-who-want-to-make-america-hot-again-the-conservateur
[7] https://www.theconservateur.com/about
[8] L’Histoire marchant en crabe.
[9] Para uma visão bastante esclarecedora deste movimento, veja o magnífico artigo de Cécile Fasel, “Le Janus de la santé trumpiste”, Rev Med Suisse, vol. 21, n.º 938, 2025.
[10] Veja também o “estilo reacionário” de Jean Raspail e seu epígono Sylvain Tesson. Veja, por exemplo, o excerto do livro de François Krug, Réactions françaises, publicado pela Mediapart: “Em seu romance, Raspail descreveu a imundície e a bestialidade dos imigrantes indianos. No Himalaia, Poussin e Tesson encontraram precisamente peregrinos hindus: ‘Por toda parte o vale está coberto de lixo e imundície [...]. Um fedor nauseante paira no ar e um odor fétido emana do solo encharcado’. A própria montanha exala um cheiro de morte e excremento [...]. Todo o percurso está coberto de excrementos da passagem pelo “acampamento dos santos”.
[11] Colette Guillaumin, “La différence culturelle”, en Michel Wieviorka (dir.), Racisme et Modernité, Paris, La Découverte, 1993, pp. 149-151.
[12] Tiktok @raqisright.
[13] Ver Colette Guillaumin, L’idéologie raciste.
[14] https://theweek.com/health/mar-a-lago-face-the-hottest-maga-plastic-surgery-trend
[15] Raquel Debono também qualifica este movimento de “New Right” ou “New MAGA people”.
[16] Há quem tenha sugerido representá-los com crianças ou mulheres grávidas...
[17] Colette Guillaumin, “La différence culturelle”, art. cit.
[18] https://www.dhs.gov/medialibrary/assets/photo/59679
[20] https://www.heritage.org/marriage-and-family/commentary/the-pronatalism-silicon-valley
[21] Idem.: “A civilização, em um sentido muito real, só sobrevive se as pessoas considerarem a formação da família e a maternidade como elementos fundamentais anteriores ao mercado da experiência humana”.
[22] Ver os artigos do Le Grand Continent, por exemplo: https://legrandcontinent.eu/fr/2025/01/10/lapocalypse-de-donald-trump-selon-peter-thiel/
[23] O destacado é nosso, https://28.co/about
[24] Idem.
[25] https://www.theguardian.com/us-news/2025/mar/03/natal-conference-austin-texas-eugenics
[26] https://www.bbc.com/news/articles/c5ypdy05jl9o
[27] https://www.theguardian.com/us-news/2025/mar/03/natal-conference-austin-texas-eugenics
[28] https://www.bbc.com/news/articles/c5ypdy05jl9o : “A direita tecnológica traz muita energia para o debate”, diz Roger Severino, vice-presidente de política interna da Heritage Foundation. “Temos discutido como podemos combinar essas diversas correntes da direita. Estamos tentando unir o movimento”.
[29] Casar-se. Ter filhos. Construir um legado. Transmitir valores. Buscar o eterno. Buscar a verdadeira alegria.
[30] Também no sentido de corpos férteis e procriadores.
[31] Wulf D. Hund, Marx and Haiti.
[32] Ver Roswitha Scholz, Le sexe du capitalisme.
[33] Devido ao uso da pontuação de risco poligênico na seleção de embriões.
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