28 Novembro 2025
"Uma declaração forte não abala as consciências se não atravessa as paredes domésticas. Uma marca vermelha no rosto dos jogadores de futebol pode ser um alerta, mas corre o risco de se tornar arte naïf, pacto transitório, traço insignificante se quando você volta para casa, não aceita também o 'não'", escreve Tonio Dell'Olio, padre italiano, jornalista e presidente da associação Pro Civitate, em artigo publicado por Mosaico di Pace, 26-11-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Eis o artigo.
Um dia de combate à violência contra as mulheres só serve na medida em que se torna uma unidade de medida para o cotidiano. Só é importante se a política agir sobre as causas profundas da própria violência, criando leis como a educação afetiva nas escolas, a abertura de centros de apoio para homens abusivos e violentos, normas para a imagem das mulheres na comunicação publicitária, na internet e nos programas de entretenimento... Porque um único dia não basta se toda uma sociedade está impregnada de patriarcado e nem sequer se dá conta disso.
Uma declaração forte não abala as consciências se não atravessa as paredes domésticas. Uma marca vermelha no rosto dos jogadores de futebol pode ser um alerta, mas corre o risco de se tornar arte naïf, pacto transitório, traço insignificante se quando você volta para casa, não aceita também o "não".
Em suma, devemos abraçar a ideia de que, para uma mulher, ser mulher não é um dado casual e que o feminicídio não é um simples neologismo para distinguir o gênero da vítima. A alma da grande poetisa Alda Merini já dizia: "Fomos amadas e odiadas, adoradas e rejeitadas, beijadas e mortas, simplesmente por sermos mulheres."
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