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26 Novembro 2025

COP30 abriu um novo caminho para tirar os combustíveis fósseis de cena ou só adiou mais uma vez decisões cruciais?

O artigo é de Aldem Bourscheit, publicado por ((o))eco, 25-11-2025. 

Aldem Bourscheit é jornalista cobrindo há mais de duas décadas temas como Conservação da Natureza, Crimes contra a Vida Selvagem, Ciência, Agronegócio, Clima, Comunidades Indígenas e Tradicionais. 

Eis o artigo.

Uma das maiores Conferências do Clima e a primeira no coração da floresta equatorial sul-americana terminou sem romper o roteiro escrito há mais de três décadas na Rio-92. Os grandes responsáveis pela crise climática, os combustíveis fósseis, continuam ocupando o centro do palco e sustentando a inércia global.

Representantes das nações ignoraram os que mais sofrem os impactos climáticos e que marcharam pelas ruas de Belém. Decidiram nosso destino dentro de um enorme tubo climatizado. Não fossem um incêndio e o rugido das chuvas amazônicas, o mundo lá fora teria permanecido quase só no imaginário.

O corte urgente das emissões para manter o aquecimento global em 1,5°C foi novamente empurrado para o ano seguinte. US$ 120 bilhões prometidos aos países em desenvolvimento para enfrentar eventos extremos podem levar até 2035 para chegar – lembrando que nenhum compromisso financeiro anterior foi cumprido.

Isso pode não indicar o esgotamento, mas sim as limitações do multilateralismo de consensos, que até agora se mostrou incapaz de nos desviar do colapso climático. Nesse contexto, a COP30 pode ter aberto um novo corredor para ações entre mais de 80 países, para além das amarras formais da Convenção do Clima.

O arranjo, contudo, ainda parece frágil: dele nascerá um relatório com caminhos legais, econômicos e sociais para eliminar os combustíveis fósseis, a ser apresentado no fim de abril na Colômbia – a apenas um mês das eleições nacionais e num ambiente hoje de crescente rejeição ao governo Gustavo Petro.

Essa pode ser uma nova, ou talvez última, oportunidade real para colocar rapidamente as economias globais nos trilhos da sustentabilidade planetária.

No encerramento da COP30, pouco antes de se emocionar ao ser ovacionada, a ministra Marina Silva pediu que os países persistam na jornada de superar suas diferenças e enfrentar urgentemente a crise do clima. O que vier daqui em diante dirá se suas lágrimas foram em vão.

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