20 Setembro 2025
"Estou curioso para ver se 'sinodalidade' ainda será um termo cobiçado pelos movimentos de reforma daqui a dez anos".
O artigo é de Simon Linder, doutor em Teologia Católica e graduado em Retórica Geral, publicado por Katholisch, 19-09-2025.
Eis o artigo.
Há dez anos, o Papa Francisco cunhou um novo termo, no 50º aniversário da criação do Sínodo dos Bispos: "sinodalidade". Este termo rapidamente se tornou uma aspiração eclesiástica. O ZdK define isso como "fortalecer ou criar estruturas confiáveis que [...] garantam um alto grau de participação nos processos decisórios da Igreja em todos os níveis". Thomas Söding, vice-presidente do ZdK e participante do Sínodo Mundial, escreve em seu novo livro que esta "palavra artificial [...] cria espaço para reformas reais".
Até hoje, o significado de "sinodalidade" ainda é contestado. O Cardeal Víctor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, falou na semana passada de uma "forma distorcida de sinodalidade que busca uma mudança democrática na doutrina" — à qual "devemos dizer não e reconhecer que se trata apenas da reivindicação de alguns grupos ideológicos minoritários". A posição do Vaticano baseia-se em duas convicções:
1. O clero e os leigos devem permanecer separados. A Comissão Teológica Internacional do Vaticano separa o "processo de desenvolvimento de uma decisão" da "tomada de decisão": "Desenvolver uma decisão é uma tarefa sinodal, e a decisão é uma responsabilidade do ministério."
2. Uma mudança no processo de deliberação (convidando mais leigos, mesas redondas nos sínodos, etc.) leva a uma maior aceitação das decisões. A estrutura da tomada de decisões não precisa ser alterada.
Na verdade, ocorre o contrário: somente a redistribuição do poder decisório altera o processo e, consequentemente, leva a uma maior aceitação. No entanto, não é isso que o Vaticano deseja. Assim, a "sinodalidade" tornou-se um grito de guerra clerical contra a democracia interna da Igreja. Argumentos melhores — por exemplo, no combate ao abuso sexual de poder pelo clero — não prevalecem em tais estruturas sinodais. Estou curioso para ver se "sinodalidade" ainda será um termo cobiçado pelos movimentos de reforma daqui a dez anos.
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