21 Agosto 2025
“Precisamos, para termos um futuro com um clima adequado para os nossos filhos e nossos netos, eliminar o mais rapidamente possível o uso de combustíveis fósseis em nosso planeta”.
A reportagem é de Sandra Capomaccio, publicada por Jornal da USP, 15-07-2025.
Cientistas de todo o mundo estão pedindo que o Brasil lidere a transição energética. Eles ressaltam que o Brasil, com sua experiência em energias renováveis e sua biodiversidade, tem a oportunidade de liderar a transformação global para um futuro sustentável. As mudanças climáticas atingem vários setores da sociedade, entre eles o dos combustíveis fósseis. Os países desenvolvidos devem participar ajudando financeiramente os que mais precisam para que exista a transição energética de forma igualitária, explica o professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP, coordenador do Centro de Estudos Amazônia Sustentável da USP, especialista em mudanças climáticas globais.
“A troca do combustível fóssil é uma excelente alternativa para o Brasil, um país que pode usar diversos recursos naturais além da vantagem econômica”, afirma Artaxo. A substituição por energia elétrica, por energia eólica e energia solar já é mais barata do que os custos da geração por combustíveis fósseis. A COP30 deve reunir o setor privado, governamental e não governamental, tornando-se um dos principais fóruns do assunto neste ano.
A indústria deve ser o principal setor atingido porque terá uma adaptação nas máquinas e produção. O setor de transportes deve passar pela maior mudança, já que piora em demasia a qualidade do ar em uma cidade como São Paulo e o transporte público deve estar presente nessa mudança, destaca o professor. O carvão e o óleo combustível precisam urgentemente serem substituídos na geração de eletricidade, já que existem outras alternativas sustentáveis. O Brasil é um dos países que mais levam vantagem em termos de produção de energias eólica e solar. A transição só deve beneficiar um país com uma extensão geográfica tão extensa, afirma.
Artaxo coloca que “não existem necessariamente prazos para que essa transição energética seja implementada, mas obviamente a emergência climática faz com que quanto mais urgentemente sejam implantadas políticas de uma transição energética justa, melhor, o planeta agradece muito, pois será feita de maneira mais difícil o enfrentamento das mudanças climáticas, já que a emergência climática bateu às portas de todo o mundo ao longo dos últimos anos. Isso está fazendo com que a transição energética seja mais urgente possível”, avalia o pesquisador.
Mas é importante entendermos também que essa transição não pode ser feita de um dia para o outro, “mas temos que iniciar esse processo o mais rapidamente possível e implementar políticas públicas que favoreçam em cada país do nosso planeta, essa transição energética de maneira justa e de maneira rápida”. O professor avalia que a COP30 será o local adequado para que essas negociações para uma transição energética longe do uso de combustíveis fósseis sejam implementadas da maneira mais rápida e mais justa possível.
“Então, é fundamental que na COP30, nos documentos finais da COP30, serem acordados por todos os países signatários do acordo climático, sejam incluídas estratégias de eliminação do uso de combustíveis fósseis, que é a razão básica das mudanças climáticas globais, já que o 80% das emissões de combustíveis fósseis hoje e das emissões de gás de efeito estufa em nosso planeta são devido à queima de combustíveis fósseis. Precisamos, para termos um futuro com um clima adequado para os nossos filhos e nossos netos, eliminar o mais rapidamente possível o uso de combustíveis fósseis em nosso planeta”, finaliza.