29 Julho 2025
Para Ana Toni, o debate sobre transição energética precisa ir além dos produtores de energia para se chegar a um novo modelo de desenvolvimento.
A informação é publicada por ClimaInfo, 29-07-2025.
O contexto geopolítico atual, marcado por tensões e ameaças de retrocessos no multilateralismo, tem freado as discussões sobre o fim dos combustíveis fósseis nas negociações climáticas da ONU. Depois do compromisso histórico firmado na COP28 de Dubai, em 2023, no qual os países prometeram “se distanciar” da energia suja, esse tema virou um “palavrão”, solenemente ignorado no ano passado na COP29, e pouquíssimo citado na preparação para as negociações anteriores à COP30.
Para Ana Toni, CEO da COP30, os combustíveis fósseis não podem ser um “tabu” nas negociações climáticas, sob o risco de atrasar ainda mais a tão necessária transição energética. “Não pode ser um tabu, porque a gente sabe que tem que fazer essa transição. E acho que o Brasil pode trazer esse debate de uma maneira mais calma, mais baseado na ciência”, defendeu Toni em entrevista ao JOTA.
O caminho, segundo ela, passa por incluir na mesa de discussão não apenas os produtores de energia, mas também os consumidores, abrangendo assim a oferta e a demanda. “Com que parâmetros vamos começar? Países com uma renda per capita maior deveriam começar antes a não produzir ou consumir combustível fóssil? Ou são países que por mais tempo têm se enriquecido por causa de combustível fóssil? Esses critérios têm que ser acordados para a gente poder olhar”, disse.
Além de tirar o fim dos combustíveis fósseis da categoria de tabu, a COP30 também vem sendo demandada a dar a urgência necessária ao tema. “Enquanto isso não for feito, qualquer medida de combate às mudanças climáticas globais vai ser um mero paliativo”, comentou o físico Paulo Artaxo, do IPCC e da Universidade de São Paulo (USP), à VEJA.
A urgência também foi ressaltada pelo ex-vice-presidente dos EUA Al Gore. “A COP30 deve focar – espero que foque – na redução da queima de combustíveis fósseis, assim como já foi feito no Brasil”, disse o prêmio Nobel da Paz em evento na cidade de São Paulo na última 6a feira (25/7), citado pela Bloomberg Línea.
Para Gore, o Brasil tem uma oportunidade histórica como anfitrião da COP30 para impulsionar a transição energética. “Precisamos de todas as fontes [de energia] e continuaremos por um bom tempo dependentes de alguns combustíveis fósseis, mas temos que avançar o mais rápido possível para o tipo de perfil energético do qual o Brasil é pioneiro”, destacado pelo Valor.
Outro peso-pesado internacional, o ex-governador da Califórnia e estrela de Hollywood Arnold Schwarzenegger também abordou o potencial da COP30 para a implementação dos compromissos climáticos globais. Segundo o Estadão, ele pediu que a COP contemple também os atores subnacionais nas discussões sobre implementação. “Nós sabemos que temos a responsabilidade de atuar localmente. O poder está nos níveis estadual e municipal. A COP deveria ter um dia dedicado aos governos subnacionais”, defendeu.
Schwarzenegger e Gore foram convidados pelo governador do Pará, Helder Barbalho, para viajar a Belém para participar da COP30.
g1, Pará Terra Boa e Um Só Planeta repercutiram o convite.