11 Junho 2025
O presidente da França, Emmanuel Macron, deu início à 3ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Oceanos (UNOC3), na 2ª feira (9/6) em Nice, com um discurso conclamando os líderes mundiais a se unirem para proteger os oceanos. Mas houve uma ausência notável na fala de Macron: os combustíveis fósseis.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 10-06-2025.
“A omissão flagrante demonstra que os impactos da extração de combustíveis fósseis na biodiversidade marinha e nas comunidades costeiras continuam a ser negligenciados”, disse Tyson Miller, diretor executivo da Earth Insight. Em um novo relatório, a Earth Insight destaca que a expansão global da exploração de petróleo e gás fóssil offshore e costeiro gera ameaças profundas aos ecossistemas marinhos.
O estudo mostra a vasta presença física da infraestrutura de combustíveis fósseis nos oceanos que provoca destruição e poluição. Grande parte da expansão dessa indústria está ocorrendo nas chamadas “regiões de fronteira”, áreas pouco exploradas com potencial significativo para produzir petróleo, gás e gás liquefeito (GNL), explica a Euronews. É o caso da foz do Amazonas, onde a Petrobras quer perfurar um poço e a Agência Nacional do Petróleo (ANP) irá ofertar blocos para exploração em um leilão marcado para 17 de junho.
Analisando 11 estudos de caso, a Earth Insight mapeou que os blocos de petróleo e gás cobrem mais de 2,7 milhões de km2 nas regiões de fronteira – uma área do tamanho da Argentina. E 100.000 km2 desses blocos se sobrepõem a Áreas Protegidas, marinhas e costeiras, colocando 19% delas em risco.
Cerca de 22.800 km² dos recifes de corais [15% do total estudado], 7.900 km² dos prados de ervas marinhas [63%] e 70.000 km² dos manguezais [15%] são sobrepostos por blocos de petróleo e gás, colocando habitats marinhos críticos em risco significativo. São regiões vitais para a conservação de mamíferos marinhos e de ecossistemas que fornecem habitat para alimentação, reprodução e migração.
Entre as soluções propostas pelo estudo está a interrupção da expansão em regiões ambientalmente sensíveis, como a Amazônia, e a remoção de blocos de petróleo e gás não atribuídos. Além disso, tratados internacionais – como o Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis – devem ser fortalecidos para proibir novas expansões da indústria de combustíveis fósseis em áreas costeiras e offshore.
Um novo relatório lançado pelo InfluenceMap na 3ª feira (10/6) destaca como empresas de petróleo e gás e grupos de lobby na União Europeia e nos Estados Unidos estão usando uma série de táticas para desestabilizar a regulamentação do metano, gás de efeito estufa 80 vezes mais potente que o CO₂, no bloco europeu, destaca o DeSmog. O aumento do lobby da indústria coincide com a estratégia da UE de regular o mercado de energia, à medida que abandona o gás russo até 2027 e assina acordos para importar o combustível fóssil dos EUA e de outros países.