19 Agosto 2025
A informação é de Paola Calderón, publicada por Religión Digital, 18-08-2024.
Como a CEAMA pode auxiliar concreta e eficazmente os bispos e vigários da Amazônia? Como pode ajudar as igrejas locais a enfrentar os principais desafios pastorais? Que papéis as conferências episcopais são chamadas a desempenhar que sejam relevantes e necessários para a CEAMA? Estas são as questões que o Cardeal Michael Czerny SJ levantou na sessão de abertura do Encontro dos Bispos da Amazônia, agendado para 17 a 20 de agosto em Bogotá.
O prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral lembrou que este é o objetivo do encontro: garantir que as vozes dos bispos da Amazônia sejam acolhidas, ouvidas e consideradas, e que a CEAMA redefina sua trajetória, relançando, acompanhando e auxiliando as Igrejas locais no cumprimento de sua missão.
Para o prelado, a criação da CEAMA representa um novo espaço de sinodização que a Igreja latino-americana oferece a toda a Igreja, à Igreja universal. Portanto, à luz do Sínodo da sinodalidade, é necessário continuar seu processo de aprofundamento e amadurecimento no contexto da atual fase de recepção do Concílio Vaticano II.
Recordando o nascimento da Conferência Eclesial da Amazônia, ele se referiu ao processo como um verdadeiro milagre. O cardeal enfatizou sua existência como resposta ao chamado feito na época pelo Caminho Sinodal da Amazônia: "criar uma rede de comunicação eclesial amazônica, abrangendo os diversos meios utilizados pelas Igrejas particulares e outras organizações eclesiais. Uma estrutura concebida como um modo encarnado de levar adiante a organização eclesial."
Nessa perspectiva, Czerny afirmou que sua missão estabelece uma relação direta com uma pastoral compartilhada e inculturada que deve ser promovida entre as dioceses amazônicas, como os bispos propuseram anos atrás na V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, em Aparecida.
Cinco anos se passaram desde os eventos que marcaram o nascimento da CEAMA, e o Cardeal Czerny destaca o esforço deste "broto que cresceu, se desenvolveu e agora começa a se compreender, reconhecendo sua vocação e missão". Uma oportunidade que, disse ele, nos convida a parabenizar a organização por esta primeira Assembleia dos Bispos da Amazônia. Um encontro cujo propósito é expressar gratidão por tudo isso e, ao mesmo tempo, "aprofundar sua vocação, redescobrir sua vocação e missão de forma mais madura, para relançar uma nova etapa em sua jornada".
Nesse sentido, ele discorreu sobre a novidade da organização eclesial, com base no significado da sigla que lhe dá o nome: CEAMA. " Conferência" e "eclesial", disse o bispo canadense, explicando que esta última palavra é de grande importância porque se refere ao seu caráter especial entre as instituições da Igreja.
"Significa que seus membros e participantes não são apenas bispos, mas também representantes das vocações dentro do Povo de Deus, ordenados, consagrados, leigos, representantes de catequistas e leitores. Uma Igreja não apenas de ministérios, mas também de carismas", à qual se soma a participação de organizações regionais como Caritas, CLAR, REPAM , representantes de povos indígenas, especialistas e o próprio Papa.
Uma dimensão eclesial e sinodal que concretiza o desejo dos bispos de Aparecida quanto à participação dos leigos e à importância do discernimento , da tomada de decisões, do planejamento e da execução da vida e da missão de toda a Igreja. "A CEAMA não pode ser menos episcopal do que uma conferência ordinária; pelo contrário, em consonância com o Concílio e o Sínodo, deve manter seu caráter episcopal, fortalecendo-o e amadurecendo-o à luz da sinodalidade, pois, segundo o Sínodo dos Bispos, a sinodalidade é o quadro interpretativo mais adequado para a compreensão do ministério hierárquico", comentou.
Ele também afirmou que a terceira palavra da sigla CEAMA é " Amazônia ", e ela designa uma vasta realidade. Há o risco de permanecer uma abstração. De fato, a palavra "Igreja" também pode se tornar abstrata se seu centro de gravidade não estiver na Igreja local, alerta ele, ou seja, uma parcela do Povo de Deus que, como bem afirma "Querida Amazônia", "reconfigura sua própria identidade por meio da escuta e do diálogo com as pessoas, as realidades e as histórias de seu território".
A essa análise, acrescentou o cardeal, duas palavras devem ser acrescentadas: "pastoral e territorial ", para superar a concepção da Amazônia como um lugar geográfico e entendê-la como um lugar onde a presença e a revelação de Deus são vivenciadas. Os fiéis encontram na Amazônia um lugar teológico, isto é, um lugar de significado para a fé ou para a experiência de Deus na história. "O território é um lugar teológico a partir do qual a fé é vivida, isto é, uma fonte única para a revelação de Deus."
Reflexões do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral que nos convidam a refletir sobre a natureza e o trabalho da CEAMA, sem esquecer que uma "conferência" — seja episcopal ou eclesial — não é concebida apenas para "fazer", mas para coordenar, articular e facilitar.