Lucrando com o genocídio: os países da União Europeia fornecem a logística, os EUA fornecem as armas

Foto: Lucía Trinidad Fernández/El Salto

19 Agosto 2025

Os bancos de dados WhoProfits e American Friends Service Committee nos permitem examinar as ligações entre empresas e fundos de investimento e a operação de limpeza étnica e extermínio realizada por Israel.

O artigo é de Lucía Trinidad Fernández, socióloga e analista de dados, publicado por El Diario, 16-08-2025.

Eis o artigo.

No fim de junho de 2025, Francesca Albanese publicou um relatório sobre o envolvimento de grandes corporações na economia da ocupação e do genocídio palestinos. O relatório citou três fontes de organizações da sociedade civil cujos bancos de dados decidimos analisar para fornecer mais informações.

Sentimos que era importante avaliar e visualizar o número total de empresas envolvidas, identificar quais países e setores econômicos estão impulsionando essa máquina genocida e analisar a rede de empresários e instituições financeiras por trás de cada empresa.

Uma das fontes em que se baseou o relatório foi o trabalho realizado pela organização WhoProfits, cujo banco de dados é o mais extenso, mas se baseia na economia de ocupação que o Estado de Israel vem desenvolvendo desde antes de outubro de 2023, mas que, como continua até hoje, os torna participantes necessários no genocídio que se desenrola em Gaza.

Outro banco de dados que usamos é o do American Friends Service Committee (AFSC), que se concentra mais em empresas que fornecem armas e equipamentos militares ao Estado de Israel desde outubro de 2023. Complementamos isso com relatórios do Movimento BDS e as menções feitas no relatório de Francesca Albanese.

O banco de dados que compilamos, assim como todos os que encontramos sobre o tema, está incompleto. O trabalho de identificação dessas empresas é árduo, complexo e está sob constante revisão pelas organizações civis e sociais responsáveis pela coleta das informações.

Nossa contribuição neste artigo é a construção deste banco de dados de instituições financeiras que detêm ações das empresas mencionadas. Nos relatórios em preparação, a BlackRock, o Vanguard Group e o Norges Bank (Banco da Noruega) são frequentemente mencionados como as principais instituições financeiras dentro do sistema corporativo que hoje não apenas se beneficia, mas também executa, o genocídio. No entanto, uma compreensão mais aprofundada das redes financeiras que operavam como investidores ou gestores de capital ainda precisa ser determinada.

Ao processar esses bancos de dados por meio da análise de redes, examinaremos a maquinaria genocida em detalhes, incorporando os nomes das empresas e compreendendo as redes que o poder econômico constrói para fazer com que tal desastre aconteça. É também um convite ao exame atento dessas redes, para novas leituras e observações com base em material que pode ter tantas interpretações quanto facetas.

A primeira coisa a notar é que, embora não houvesse dúvidas de que o principal aliado corporativo do Estado de Israel eram os Estados Unidos, o número de empresas europeias no banco de dados é maior do que o da América do Norte como um todo.

Como esclareceu Francesca Albanese, a economia da ocupação do território palestino evoluiu para uma economia de genocídio. Os mecanismos coloniais envolvem, por um lado, a conquista e a destruição do mundo palestino e, por outro, a construção de nova infraestrutura para viabilizar novos assentamentos coloniais israelenses.

No Gráfico 1, podemos observar uma forte divisão de trabalho entre a Europa e os Estados Unidos. Enquanto os Estados Unidos concentram a maioria das empresas militares, de segurança e vigilância, a Europa concentra um número maior de empresas industriais, formando uma máquina de invasão complementar. Essa tem sido a relação entre a Europa e os Estados Unidos desde a Segunda Guerra Mundial: desde então, os Estados Unidos assumiram a tarefa de conduzir confrontos militares, enquanto grandes empresas europeias adentraram os territórios invadidos e controlados pelo poder militar americano.

Gráfico das empresas que finaciam o genocídio palestino por setor, país e continente (Fonte: Lucía Trinidad Fernández/El Salto).

Este último pode ser visto claramente nos gráficos: os dois maiores setores da economia genocida são a indústria pesada (máquinas, metalúrgicas, veículos) e, claro, os setores militar, de segurança e vigilância. Para esta análise, incluímos grandes empresas de tecnologia na categoria militar, pois seu papel nessa economia genocida é fornecer sistemas operacionais voltados para os objetivos militares do Estado de Israel.

Outros setores-chave para a colonização e o assentamento são os de energia e serviços — com destaque para empresas de energia renovável fotovoltaica —, bem como os de construção e serviços imobiliários, que, juntamente com o setor do turismo — com plataformas como Booking e Airbnb — gerenciam e desenvolvem a infraestrutura necessária para a criação de novos assentamentos ilegais. O setor de transportes também é fundamental, não apenas pelo transporte de máquinas de e para o território ocupado, mas também porque a construção de estradas e linhas ferroviárias é parte fundamental do processo de colonização.

Quando observamos as empresas europeias que fizeram parte dessa economia de ocupação e genocídio, podemos ver que as contribuições de cada país refletem seus setores mais desenvolvidos. Portanto, pode-se dizer que essa participação, longe de ser acidental, tem uma relação muito estrutural com a economia europeia. Por isso, não deve nos surpreender que, em termos de número de empresas, a participação europeia seja liderada pela Alemanha, país com a maior rede industrial ativa da região.

A Alemanha está mobilizando — e até convertendo — parte de suas indústrias para fornecer armas ao Estado de Israel, mas podemos dizer que é o país europeu que teve a relação mais contínua entre o que era uma economia de ocupação e o que se tornou uma economia genocida.

Por um lado, a Alemanha tem toda uma série de empresas envolvidas na destruição e colonização de territórios ocupados: indústrias dedicadas à maquinaria pesada —Wirtgen Group, Schwing, ThyssenKrupp AG, Refu Elektronik, Herrenknecht, Liebherr International—, à construção e infraestrutura —Max Bogl Stiftung & Co., Bomag, Heidelberg Materials— e a sistemas para instalação de energias renováveis como SMA Solar Technology e Padcon e reciclagem de resíduos, PreZero (esta última faz parte do Schwarz Group, proprietário da rede de supermercados Lidl).

Por outro lado, consolidou sua indústria bélica com a enorme empresa de armas Rheinmetall, forneceu sistemas de engenharia e automação por meio da Siemens e destinou grande parte de sua produção automotiva ao desenvolvimento de tanques e veículos blindados por meio do Grupo Renk, Volkswagen e Mercedes-Benz. As recentes declarações de ocupação total de Netanyahu levaram o chanceler Friedrich Merz a suspender o embargo parcial de armas a Israel, mas o envio de veículos, motores e outros insumos industriais necessários para manter o maquinário da ocupação em funcionamento continua.

A Itália segue em importância e participação no setor militar, com especial influência da empresa de armas e defesa Leonardo, juntamente com a Videotec, dedicada à videovigilância (foi adquirida em 2022 pela Motorola Solutions) e a CEIA (Costruzioni Elettroniche Industriali Automatismi), que fornece detectores de metais que o Estado de Israel utiliza em seus postos de controle.

Nos setores de construção, infraestrutura e máquinas, participam as empresas Impresa Pizzarotti & C, Fassi e a metalúrgica Lorenzetto Loris. A Itália também contribui com duas empresas do setor têxtil: Altoni Leather e Natuzzi.

Recentemente, o movimento BDS tem como alvo específico a ENI, a principal empresa de hidrocarbonetos da Itália, já que a Itália busca se tornar o "centro energético" da Europa, canalizando recursos de gás para a costa leste do Mediterrâneo, na esperança de ganhar controle sobre as reservas de gás que devem ser exploradas na costa da Palestina.

Da Espanha, todas as empresas identificadas pelo WhoProfits estão envolvidas na construção de diversas linhas ferroviárias e de bonde de alta velocidade que passam por territórios ocupados em Jerusalém e na Cisjordânia desde 2015. A empresa estatal espanhola Ineco construiu túneis e forneceu engenharia elétrica para várias linhas, e a empresa de construção de infraestrutura elétrica sediada em Madri, Sociedad Española de Montajes Industriales (Semi), parte do grupo ACS de Florentino Pérez, tem colaborado desde 2015 nas linhas de energia para trens de alta velocidade que passam por territórios ocupados.

Em 2019, a empresa ferroviária basca CAF conquistou o contrato para a construção de linhas de bonde com o Estado de Israel. Como parte deste projeto, em 2021, a empresa catalã GMV assinou o contrato para o fornecimento de sistemas de rastreamento para os bondes e, em 2022, a Salvat Logística transportará algumas peças do bonde por via marítima. A Steconfer, uma empresa ferroviária portuguesa, também participou da contratação da CAF para este projeto.

Nessas bases de dados, encontramos poucas empresas do Reino Unido e da França, mas isso não significa que sua participação seja pequena ou irrelevante. Como veremos mais adiante, ambos os países têm um número maior de instituições financeiras intervindo em suas economias. Dadas as transformações econômicas ocorridas durante a globalização, esses países reduziram suas estruturas industriais locais e tenderam a se orientar para investimentos financeiros como método de controle neocolonial.

O Reino Unido forneceu armas para o genocídio por meio da BAE Systems, e os famosos fabricantes de automóveis Jaguar Land Rover Automotive e Rolls-Royce Holdings venderam veículos e tanques usados pela polícia e pelo exército israelense.

A Eastlink Lanker, uma empresa de investimentos financeiros focada nos setores de transporte e metalurgia, detém 30% da empresa de transporte israelense Tnufa Transportation Solutions.

No setor industrial, a JCB (JC Bamford Excavators) forneceu maquinário pesado para a destruição de casas palestinas e a construção de assentamentos ilegais. Recentemente, o movimento BDS atacou sua petrolífera, a Dana Petroleum, por abastecer o Estado de Israel, e o relatório Albanese menciona a instituição financeira britânica Barclays como uma das provedoras de capital.

Em relação à França, outra instituição financeira destacada no relatório Albanese é a empresa francesa AXA. A CNA (Cable Neige Amenagement) e a Egis Rail participaram da construção de um teleférico e de um bonde, respectivamente, em Jerusalém. A Manitou, uma construtora, participou da construção do muro na Cisjordânia. No setor varejista, a empresa de móveis Roche Bobois é destacada por ter lojas no complexo "Design City", localizado na Cisjordânia ocupada. Também envolvida nesse complexo está a Swarovski, marca de joias e cristais sediada em Liechtenstein.

No caso da França, é impressionante que suas empresas de defesa não estejam listadas, visto que o país possui uma das maiores indústrias de armamento da Europa. Em junho de 2025, estivadores no porto de Marselha interceptaram 14 toneladas de armas com destino a Israel. As trocas de armas entre os dois países têm sido constantes nas últimas décadas, mas mecanismos aparentemente suficientemente opacos foram estabelecidos para garantir que não haja registros que confirmem o envolvimento francês na venda de armas a Israel.

A Suécia participa por meio do Grupo Volvo, fornecendo maquinário pesado ao Ministério da Defesa, que o Estado de Israel usa para destruir casas palestinas, enquanto a empresa Aimpoint AB fornece miras de ponto vermelho para suas armas.

A empresa industrial Atlas Copco forneceu locomotivas para linhas ferroviárias que cruzam territórios ocupados, enquanto o Grupo ABB, de propriedade suíça, fornece sistemas de energia renovável para novos assentamentos ilegais. Continuando com a Suíça, a consultoria de engenharia HBI Haerter AG também colaborou em vários projetos ferroviários com a empresa israelense Amy Metom.

A Holanda, além de ser a casa do Booking.com, que foi escolhido para campanhas de aluguel de casas em territórios ocupados, também tem a Kardan NV, uma empresa de investimento imobiliário que opera em territórios ocupados, com sede e capital israelenses de lá.

Embora a Dinamarca tenha apenas a Maersk, ela é uma das maiores empresas de transporte marítimo, notável não apenas por seu relacionamento comercial de longa data com o Estado de Israel, mas também porque transportou uma quantidade significativa de equipamento militar nos últimos anos.

Os governos da Noruega e da Finlândia compartilham a propriedade da Nordic Ammunition Company (Nammo), que forneceu foguetes e munições ao Estado de Israel durante o genocídio. Como veremos mais adiante, a Noruega, seu banco estatal e seu fundo de pensão — conhecido como Fundo de Pensão do Governo — desempenham um papel incrivelmente central na economia europeia, possivelmente por ser o maior produtor de petróleo da região. Recentemente, após o anúncio de ocupação total por Netanyahu, o Norges Bank retirou seus investimentos em 11 empresas israelenses que participaram do genocídio, mas manteve seus investimentos nas demais empresas europeias e americanas envolvidas.

Da Bélgica, a empresa química Solvay forneceu materiais para a construção de um oleoduto na Cisjordânia. A empresa de telecomunicações Altice International (Luxemburgo) é proprietária da empresa israelense Hot Telecommunications Systems, que fornece serviços de TV a cabo e televisão nos assentamentos ocupados.

Por fim, embora de fora da União Europeia, a Turquia forneceu a Hidromek, uma empresa de maquinário pesado usada para demolir casas, e a PGR Drive Technologies, uma empresa mecânico-elétrica que forneceu materiais para a construção de um projeto de energia solar em um assentamento de colonos.

Participação dos Estados Unidos e do Canadá

Como podemos observar, os Estados Unidos têm uma concentração muito alta de empresas dedicadas ao setor militar e uma menor diversidade de setores de produção em comparação com a Europa como um todo. Dentro do setor militar, podemos distinguir vários tipos de empresas de acordo com o tipo específico de produção que realizam:

O segundo setor mais importante nos Estados Unidos é o de máquinas pesadas e indústrias que, assim como suas contrapartes europeias, operam como fornecedoras de equipamentos necessários para a destruição e posterior construção de assentamentos de colonos: AM General, Caterpillar, Ford Motor Company, General Motors Company, Greenkote Plc (Summet Hitech Coatings), JLG Industries, Oshkosh Corporation, Tempur Sealy, Terex Corporation, AeroVironment.

Há um pequeno grupo de empresas do setor de energia: a petrolífera Valero Energy Corporation e as empresas de energia renovável CETCO Mineral Technology Group e First Solar.

Por fim, dentro do setor turístico, estão os já conhecidos Airbnb, Expedia Group e Tripadvisor pelo seu turismo ocupacional e, no setor imobiliário, participa a enorme RE/MAX Holdings, que vende e aluga casas em territórios ocupados.

No caso do Canadá, embora apenas cinco empresas apareçam nas bases de dados analisadas, é importante lembrar que se trata de um dos países com maior atividade extrativa de mineração da América Latina, portanto, é provável que esteja contribuindo com minerais críticos, como cobre e lítio, para toda a cadeia de suprimentos tecnológica e de energia renovável. As empresas listadas são a empresa de energia fotovoltaica EffiSolar Enterprises; seu fundo de pensão, The Caisse de Depot et Placement du Quebec; a empresa de calçados Aldo, acusada de ter uma loja em um shopping em território ocupado; e, no setor de Construção e Imóveis, a empresa de investimentos imobiliários The Metrontario Group; e a consultoria de engenharia WSP Global, que participou da construção do bonde em Jerusalém Oriental.

Participação da Ásia e da América Latina

Entre os países asiáticos, China e Japão são responsáveis pela participação da região. O Japão contribui com suas empresas históricas e renomadas, Toyota, Hitachi, Sony e Mitsubishi, enquanto a China desempenha um papel menos significativo, com foco em energia renovável — que está muito presente no contexto. Por fim, uma empresa de Singapura e outra da Coreia do Sul também acabam envolvendo esses países no processo.

Por outro lado, a China, com sua Supervisão e Administração de Ativos Estatais de Pequim e o bilionário Shu Fu Li, são os maiores acionistas da Mercedes-Benz.

A Dana Petroleum é de propriedade da Korea National Oil Corporation, empresa estatal de hidrocarbonetos da Coreia do Sul.

O sistema financeiro

A abordagem do sistema financeiro à gestão de capital é cada vez mais complexa. Após a crise de 2008, e como parte dos novos mecanismos de gestão de risco, as instituições financeiras tenderam a diversificar suas carteiras de investimento e a criar fundos de índice que replicavam os movimentos de um grupo de empresas dos setores produtivo ou extrativo. Nesse contexto, cresceram as grandes empresas de gestão de capital, que hoje vemos presentes na maioria das carteiras de investimento das empresas.

Como as instituições financeiras detêm ações em diversas empresas, é interessante observar como elas conectam diferentes pontos desta economia e como podem movimentar capital de um setor para outro por meio de suas próprias redes de investimento. Se somarmos à rede todas as empresas nas quais a BlackRock, a Vanguard ou o Norges Bank detêm ações, poderemos ver que toda a economia, com todos os seus setores, está envolvida, pois está profundamente interconectada por eles.

Embora a maioria das empresas que listamos tenha um sistema complexo de propriedade acionária, um número significativo ainda possui proprietários individuais ou famílias cujos sobrenomes representam as classes empresariais de cada país. Embora o modelo de empresa familiar seja mais prevalente entre as empresas europeias — especialmente na Alemanha — e represente o modelo empreendedor tradicional, o surgimento da propriedade individual em startups como modelo para empresas de tecnologia é mais característico dos Estados Unidos. Em gráficos de rede, sempre as encontraremos nas bordas do sistema, mas isso não significa necessariamente que sejam menos importantes; em vez disso, estão menos interconectadas dentro do sistema financeiro.

As demais empresas envolvidas nessa economia de ocupação e genocídio fazem parte da complexa rede do sistema financeiro. Para mapeá-las, listamos seus principais proprietários institucionais e seus 10 principais acionistas, o que nos permite avaliar a participação e o peso de cada uma dessas instituições na economia como um todo.

As instituições financeiras compram um bloco de ações de cada empresa e recebem uma proporção dos lucros periódicos de cada uma delas, permitindo-lhes redistribuir capital entre diferentes setores dentro de seus mecanismos internos. Quanto maior a instituição financeira, maior sua capacidade de transferir capital de um setor para outro.

Juntamente com a concentração de grandes instituições financeiras, nas últimas décadas, surgiu também uma infinidade de empresas de gestão de capital dispersas, opacas e invisíveis, que gerem capital privado muito difícil de rastrear e cada vez mais livre do controle público. Isso gerou uma presença crescente do sistema financeiro na vida cotidiana, alcançando até mesmo novos segmentos da população que agora "investem" depositando suas economias nessas instituições por meio de aplicativos e com apenas alguns cliques no internet banking.

Embora o número de atores envolvidos possa parecer avassalador, esta metodologia é uma tentativa de abordar essa hipercomplexidade, desmembrando a trama e reconhecendo que, embora altamente volátil, o capital também tem uma territorialidade: cada empresa e instituição financeira tem seus CEOs e sedes em uma parte específica do mundo.

Por exemplo, se reduzirmos a rede aos seus principais atores — aqueles com maior grau de interconexão —, podemos reconhecer o peso de cada país nesta economia de ocupação e genocídio. Como a maior parte do sistema financeiro internacional opera nos Estados Unidos, fica claro que sua participação é majoritária na rede. No entanto, isso também nos permite ver os principais atores em outras regiões, as grandes empresas europeias, bem como as da Ásia, que, por meio do sistema financeiro, estão integradas à maquinaria liderada pelo Ocidente.

A tabela a seguir mostra as instituições financeiras com maior presença (você pode consultar o banco de dados para a lista completa). Algumas estão subdivididas em diversas subsidiárias. A presença da BlackRock é ainda maior quando se consideram suas outras subsidiárias no Reino Unido, Alemanha e Japão. O mesmo se aplica à Capital Research & Management, que subiria para o Top 5 da tabela se todas as suas presenças fossem somadas.


Se analisarmos quais instituições financeiras têm maior presença nas carteiras de ações de cada empresa, veremos que são:

1. Rocha Negra

2. O Grupo Vanguard, Geode Capital Management LLC

3. Gestão de fundos SSgA, Inc.

4. Fidelity Management & Research Co. LLC

5. Capital Research & Management Co. (Investidores Mundiais)

6. Consultores de fundos dimensionais LP

7. Wellington Management Co. LLP

8. Gestão de investimentos do Norges Bank

9. JPMorgan Investment Management, Inc.

10. Capital Research & Management Co. (Investidores Globais).

Nesta pesquisa, não incluímos empresas israelenses, mas apenas as empresas e instituições que contribuem do exterior para essa economia de ocupação e genocídio que ocorre em território palestino. Como se trata de uma hidra de mil cabeças, a análise de redes nos permite observar como a Europa e os Estados Unidos — seus Estados, suas empresas e suas instituições — dividem o trabalho e se complementam para construir essa maquinaria.

Também nos permite avaliar o volume e os tipos de atores envolvidos, as interdependências entre eles e os novos mecanismos que Estados e empresas encontraram no sistema financeiro para movimentar capital de um lugar para outro sem precisar contabilizar esses movimentos.

Uma das formas de resistência propostas por essas organizações é tornar a economia insustentável. As inúmeras campanhas de boicote realizadas, bem como o relatório publicado por Francesca Albanese no fim de junho deste ano, forçaram diversas empresas e instituições financeiras a retirar armas e investimentos da economia israelense.

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