13 Agosto 2025
O americano-peruano Robert Francis Prevost ainda não tomou até agora as decisões básicas desde sua eleição como papa em 8 de maio. Tampouco enfrentou dificuldades ou situações polêmicas, afirma uma reportagem do jornal francês Libération desta terça-feira (12). A publicação diz que, até o momento, tanto conservadores quanto partidários do falecido papa Francisco parecem poupar Leão XIV de pressões sobre seu pontificado.
A reportagem é de Luiza Ramos, publicada por RFI, 12-08-2025.
Mais de três meses após sua eleição, Leão XIV ainda não formou sua equipe, nem nomeou seu sucessor à frente do Dicastério para os Bispos (Dicasterium pro Episcopis) – que ele mesmo dirigia antes de se tornar papa –, o que tem gerado muitas especulações no meio católico.
O novo papa ainda trabalha em sua primeira encíclica, que deverá ser o texto programático de seu pontificado – uma espécie de plano de governo – previsto para ser publicado até o fim do ano. Ao escolher o nome Leão XIV, o americano-peruano se posicionou claramente no grupo dos papas sociais, entretanto, há críticas em torno da demora em formar sua equipe e declarar suas orientações.
“O pontificado ainda não começou de fato”, avalia um observador francês.
Libération relembra que ao ser eleito Prevost colocou no centro de sua ação o tema da paz, mas também a questão da inteligência artificial, da economia digital e das transformações sociais que essas tecnologias ainda podem provocar.
Apesar das críticas, o jornal pondera que, paradoxalmente, perto de completar 70 anos em 14 de setembro, Robert Francis Prevost “deu um ar de juventude ao papado”.
De qualquer forma, temas polêmicos aguardam Leão XIV, e ele não poderá evitá-los para sempre aponta o Libération.
Após um Jubileu da Juventude sem grandes dificuldades, no dia 6 de setembro, acontecerá em Roma a primeira peregrinação internacional de cristãos LGBT, o que gera expectativas na comunidade católica sobre o discurso do papa Leão XIV nessa ocasião.
Robert Francis Prevost tem a particularidade de agradar a todas as correntes do catolicismo: dos mais “tradicionais”, que esperam que ele reverta rapidamente as restrições impostas em 2021 pelo papa Francisco à celebração da missa em latim, aos mais progressistas, que o veem como o herdeiro declarado do jesuíta argentino.
Na quarta-feira (6) da semana passada, em uma audiência geral, o papa declarou seu "primeiro ciclo de catequeses sobre a paixão, morte e ressurreição de Cristo", segundo o Vatican News, "diante de milhares de fiéis e peregrinos, que agitavam bandeiras de seus respectivos países ou expressavam sua alegria com aplausos entusiasmados".
A audiência geral desta quarta-feira (13) será realizada em um momento de grandes tensões internacionais. Ela acontece às vésperas da cúpula entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Rússia Vladimir Putin, no Alasca. O encontro bilateral, que visa discutir condições de um cessar-fogo na Ucrânia, está marcado para sexta-feira (15). Desde 2022, a Santa Sé desempenha um papel fundamental na negociação de troca de prisioneiros e de retorno de crianças ucranianas deportadas para a Rússia.