27 Junho 2025
Os 007 europeus estão convencidos de que os Pasdaran moveram o material antes do bombardeio no local de Fordow.
A reportagem é de Fabio Tonacci, publicada por La Repubblica, 27-06-2025.
A dúvida se transforma em certeza. O tesouro radioativo dos aiatolás, aqueles 408,6 quilos de urânio enriquecido a 60%, tão próximo do limite necessário para a construção da bomba, está escondido em algum laboratório secreto da República Islâmica. Um desses nunca reportado à Agência Atômica da ONU (AIEA), ou reportado com omissões e fora de prazo, faz parte de uma rede secreta de estruturas que, após a guerra de 12 dias, constituem um potencial e perigoso.
"Avaliações preliminares de inteligência fornecidas a governos europeus indicam que os estoques de urânio do Irã permanecem praticamente intactos", escreve o Financial Times, citando duas fontes familiarizadas com o dossiê, que recentemente se tornou foco de uma acalorada polêmica entre a Casa Branca, especialistas em programa nuclear, serviços secretos e a imprensa internacional. O diário inglês acrescenta que o urânio não estava mais na instalação de Fordow, construído no interior de uma montanha não muito longe da cidade sagrada de Qom, na época do ataque aéreo americano que lançou seis bombas Gbu-57, pesando 13 toneladas cada, sobre dutos de ventilação. O fato de não terem sido detectadas alterações nos níveis de radioatividade no ar também sugere que o estoque foi transferido para outro local antes do ataque, conforme especificado pela AISE, nossos serviços secretos externos, durante a audiência na Copasir há alguns dias.
Pode-se debater sobre o nível de destruição que as bombas de alta penetração causaram em Fordow — para Trump, o local está "aniquilado", para o Pentágono, "severamente danificado", para os iranianos, a avaliação varia de "intocado" a "danos significativos" —, mas a questão, agora, é outra: onde está escondido o tesouro radioativo de Khamenei? Por quanto tempo o programa nuclear iraniano foi atrasado? E, acima de tudo: a República Islâmica possui centrífugas em outros locais além dos bombardeados de Fordow, Natanz e Isfahan?
"A resposta é sim, porque o Irã possui uma rede de instalações subterrâneas desconhecidas para seu programa nuclear e, pelo que podemos ver, sua capacidade de enriquecimento não é zero, pois ainda possui centrífugas e componentes em funcionamento para produzir muito mais", explica Jeffrey Lewis, professor do Instituto Middlebury de Estudos Internacionais em Monterrey e especialista em políticas nucleares, ao Repubblica. "Levar quase meia tonelada de urânio a 60% significa que a maior parte do trabalho já foi feita, e é por isso que esse estoque é tão precioso. Enriquecê-lo a 90% é mais simples e rápido; com 250 centrífugas, é uma questão de 8 a 10 semanas".
Dois dias antes do ataque americano, satélites avistaram uma fila de 16 caminhões em frente a uma das entradas de Fordow, o laboratório de enriquecimento mais protegido do Irã. Não há certeza se eles foram usados para transportar o urânio, também porque o diretor da AIEA, Rafael Grossi, revelou que em 13 de junho (dia do início do ataque israelense) já havia recebido uma carta do Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, informando-o da adoção de "medidas especiais" para proteger equipamentos e materiais radioativos. Presume-se que a transferência do urânio esteja entre elas.
Além disso, em 12 de junho, o governo iraniano informou à AIEA que havia preparado um novo local, construído ainda mais fundo do que os 80-90 metros de Fordow: as informações sobre ele são escassas; parece ser uma usina de pelo menos 10 mil metros quadrados, com centrífugas e depósitos de armazenamento, que estaria localizada em uma das montanhas da província de Isfahan. A localização exata é desconhecida. "Presumo, no entanto, que não seja próxima do centro de pesquisa e conversão já atingido", afirma o professor Lewis.
Antes do ataque israelense, havia estoques de urânio enriquecido em Fordow e também em Isfahan, cujos túneis, construídos a grande profundidade, não parecem ter desabado devido aos ataques. O presidente Trump escreve na plataforma Truth Social: "Nada foi retirado do local (ele fala de Fordow). Levaria muito tempo, seria muito perigoso, porque é muito pesado e difícil de transportar". No entanto, especialistas também rejeitam essa versão. "O urânio é transportado continuamente, não é difícil", diz o professor Jeffrey, "no processo industrial de enriquecimento, ele frequentemente passa de uma estrutura para outra, de uma empresa para outra".
Ele é armazenado em cilindros metálicos em forma de pó que, devido ao seu tamanho, cabem no porta-malas de um carro.
O tesouro radioativo da República Islâmica, que Teerã alega ser apenas para uso civil e não militar, é o mistério do décimo terceiro dia, após doze de guerra com Israel. Netanyahu declarou que o Mossad tem uma pista interessante para rastrear seu paradeiro. Grossi, da AIEA, pede, até agora em vão, poder enviar inspetores ao novo laboratório secreto ou a qualquer lugar onde os Pasdaran tenham armazenado seus estoques. Para os Estados Unidos e Israel, a entrega desse urânio enriquecido é a pré-condição para o retorno às negociações. E, portanto, a possível causa de futuras operações militares.
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