13 Mai 2025
“Toda a comunidade cristã está ferida e precisa de cura por causa da dor que as mulheres vivenciaram”, apontou a pastora Dra. Elfriede Dörr, da Igreja Evangélica da Confissão de Augsburgo, na Romênia, escolhida para a coordenação da Rede de Justiça e Gênero da Federação Luterana Mundial (FLM) em sua região.
A reportagem é de Edelberto Behs.
Embora Igrejas da Europa Central e Oriental venham ordenando mulheres há décadas, Dörr disse que “foi pega de surpresa” ao ouvir histórias de pastoras que foram “desprezadas, menosprezadas, muitas vezes sutilmente, outras vezes abertamente, por causa da sua feminilidade”.
Dörr é chefe de relações ecumênicas e treinamento pastoral da sua denominação, que no ano passado comemorou 30 anos da ordenação da primeira pastora. “Estamos conectadas umas às outras nas feridas e nos processos de cura”, disse. Ela oferece espaços de escuta para colegas falarem sobre as dificuldades que enfrentam.
A pastora Michaela Púpalova, da Igreja Evangélica da Confissão de Augsburgo na República Eslovaca e também integrante da Rede de Justiça e Gênero da FLM, mostra-se preocupada com a questão da licença-maternidade para as ministras mães, já que muitas mulheres retornam ao trabalho quando seus filhos têm apenas meses de vida.
Ela propôs a criação de uma rede de apoio para pastoras que conciliam o seu trabalho e a família. Púplová admite que muitas congregações não querem mulheres jovens como pastoras por causa da licença-maternidade. A Igreja Eslovaca ordena mulheres ao sacerdócio há 70 anos.
Um desafio apontado pelas duas novas referentes da Rede de Justiça e Gênero é justamente o uso do termo “justiça de gênero” numa região em que ele é frequentemente mal compreendido. “Em nossa sociedade polarizada, muitas palavras perderam o significado e são apenas conchas vazias. Precisamos encontrar maneiras de falar sobre igualdade para todos sem sermos rotuladas ou julgadas pela sociedade”, defendeu Púplová.