15 Abril 2025
Evento de inovação terminou sem muitas soluções para os desafios climáticos do estado e da capital.
A informação é de Gregório Mascarenhas, publicado por Matinal, 14-04-2025.
Quase um ano após a enchente histórica que devastou o Rio Grande do Sul, o South Summit Brazil 2025, um evento internacional de inovação sediado em Porto Alegre com grande aporte de recursos públicos, foi encerrado na última sexta-feira sem apresentar muitas soluções para o desafio mais urgente do estado e da capital: maneiras de enfrentar temporais e inundações cada vez mais intensos e frequentes por conta das mudanças no clima.
Embora o tema da resiliência climática estivesse presente no mote do evento – “Beyond Resilience” –, apenas uma das 50 startups finalistas da competição principal tinha um projeto voltado diretamente à questão das enchentes. Trata-se da TideSat Global, uma spinoff da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) que criou um novo método de monitoramento remoto do nível da água.
Fundada por doutorandos do Programa de Pós-graduação em Sensoriamento Remoto e graduandos do Instituto de Geociências e do Instituto de Informática da UFRGS, a startup desenvolveu uma tecnologia que possibilita medir o nível de rios e lagos sem a necessidade de sensores físicos instalados nas margens. O novo sistema utiliza análise de imagens de satélite, cruzando as informações com dados meteorológicos e topográficos. Conforme os pesquisadores, esse método oferece medições mais precisas – e em tempo real – sobre o comportamento das águas.
A inovação apresentada pela TideSat, infelizmente, foi o único projeto do South Summit Brazil 2025 direcionado ao problema das cheias, cujos danos registrados no ano passado ainda impactam severamente dezenas de municípios gaúchos, entre eles a capital, onde o evento foi realizado. Mesmo entre os 10 projetos que competiram na categoria clima e meio ambiente, a startup saída da UFRGS figurou solitária como solução para temporais e enchentes.
As outras nove startups inscritas nessa categoria levaram propostas associadas à produção de biopolímeros a partir de resíduos da agricultura, à retirada de plástico na indústria de embalagens, à redução da poluição na fabricação de solventes, entre outros projetos com grande importância ambiental, mas sem conexão com a emergência no estado.
Além da categoria de meio ambiente, também foram selecionadas para a competição startups com foco em saúde, indústria 5.0, soluções digitais e tecnológicas, além de empreendedorismo. Nenhuma das empresas dessas linhas apresentou inovações que possam ajudar no combate a cheias e temporais extremos.
Além das cheias e dos temporais, outro desafio climático do Rio Grande do Sul é a seca prolongada, fenômeno que também deve se intensificar nas próximas décadas devido às mudanças no clima global, afetando a agricultura, o abastecimento de água e, entre outros fatores, a própria saúde da população. Pois entre as 50 startups finalistas do South Summit 2025, somente uma apresentou inovações ligadas ao problema, com um projeto de enfrentamento a incêndios florestais ou agrícolas decorrentes da falta de chuvas.
A empresa em questão é a umgrauemeio, de São Paulo, que desenvolveu uma solução que usa inteligência artificial em um sistema de monitoramento por câmeras para combater os incêndios, reduzir as emissões de gás carbônico e detectar os sinais de fumaça. Ela foi uma das duas vencedoras na categoria Sustainability & ESG e também recebeu uma distinção como projeto mais sustentável.
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