Lá no lugar que se diz América. Poemas de Celio Turino

Foto: Belterz | Canva Pro

Mais Lidos

  • “A emoção substituiu a expertise, e nosso cérebro adora isso!” Entrevista com Samah Karaki

    LER MAIS
  • “Marco temporal”, o absurdo como política de Estado? Artigo de Dora Nassif

    LER MAIS
  • A desigualdade mundial está aumentando: 10% da população detém 75% da riqueza

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

22 Janeiro 2025

O poema a seguir é de Célio Turino, historiador e escritor, caminha por aí, semeando as ideias da cultura viva e do bem-viver, enviado pelo autor ao Instituto Humanitas Unisinos - IHU

Eis os poemas.

Lá no lugar que se diz América

o espírito do tempo chega,

estranho,

com promessas que arrebentam sonhos

e erguem pesadelos.

 

A história insiste em repetir-se,

dizem,

e vem outra vez

com suas máscaras de ferro,

seus gritos de guerra,

seus fantasmas ressuscitados.

Alguns homens

-mulheres também-

erguem a voz,

prometem a verdade única

e o que trazem é sombra,

rancor e silêncio.

 

Tempos obscuros

dobram a esquina

com palavras

que se vestem de vazio,

como escudo,

dividem o chão

em fronteiras e muros,

ódio e dor.

Tempo de luta

vem por aí.

 

Verdade, a primeira a ruir

Vejo sombras de gente uniformizada

marchando em seu eterno retorno ao ódio.

Tempo de olhos fechados

e punhos cerrados.

É o Espírito do Tempo que assombra novamente.

Zeitgeist,

depois da farsa, a tragédia,

agora lúgubre.

 

Tempo de erguer muro

e cavar poço.

Nesse nosso tempo

a verdade é a primeira a ruir.

 

Quem semeará um ponto de luz?

A história vai e volta,

recomeça como farsa,

como se nunca tivesse sido outra coisa,

vira tragédia

e se repete.

2025,

o mundo em expectativa.

Nós estamos aqui! 

Presos na tela,

a um botão que nunca desliga

aguardando um ponto de luz.

 

Da tela, avistamos o muro,

um eco,

uma sombra,

uma arma...

 

Da tela, escutamos o grito,

um estrondo,

um espectro...

Que inferno!

 

A promessa de deportação:

“- Façam as malas e saiam enquanto é tempo!”

A promessa de retaliação:

“- Uma bomba virá!”

 

Quantos escombros!

E nós estamos aqui.

 

Não há verso para o genocídio

transmitido na tela,

a palavra vira pedra,

a pedra vira mapa

de gente que não tem mais chão.

 

E nós continuamos aqui!

Na tela.

 
É o espírito do tempo

que volta como farsa e tragédia,

um passado sombrio

que se torna presente,

um vento que sopra

e faz tudo virar cinza.

 

Quem semeará um ponto de luz

em meio a esse mundo lôbrego?

Leia mais