11 Janeiro 2025
O trabalho em prol da ciência une mulheres de diferentes épocas na exposição ‘Nós – Arte e Ciência Por Mulheres’, no Futuros – Arte e Tecnologia, no Flamengo, no Rio de Janeiro, em cartaz até 16 de fevereiro. A arqueóloga Niède Guidon, a bióloga Bertha Lutz e a paleontóloga Carlota Maury são algumas das mais de 50 cientistas que podem ser conhecidas na mostra, que também reúne 19 artistas plásticas.
A informação é publicada por Assessoria de comunicação do Canal Curta, 09-01-2025.
A exposição destaca o conhecimento produzido por mulheres do Brasil e de diversas partes do mundo em áreas como astronomia, química, medicina, antropologia e arqueologia para refletir, em meio a obras de arte e peças de acervo científico, sobre diferentes aspectos da condição feminina. Uma oportunidade única de descobrir ou rever suas presenças na ciência e nas artes, ao mesmo tempo que se lança luz sobre a histórica inviabilização de suas atuações na sociedade.
Franco-brasileira, Niède Guidon é conhecida mundialmente pela defesa da hipótese sobre o processo de povoamento das Américas desde a África, atravessando o oceano Atlântico. Responsável pela criação e pela preservação do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, ela foi pioneira das escavações na área, encontrando evidências na forma de carvão vegetal, que sugerem que o Homo sapiens chegou à região há cerca de 100 mil anos. A pesquisa de Niède contraria a teoria corrente que afirmava que os humanos chegaram às Américas há 12 mil anos, pelo estreito de Bering.
Já a bióloga e educadora Bertha Lutz foi especialista em anfíbios, emprestando seu nome para batizar diversos répteis (especialmente lagartos) e anfíbios, como o Paratelmatobius lutzii, espécie de sapo que descobriu. Ela foi a segunda mulher a ocupar um cargo no serviço público brasileiro, aprovada em um concurso para secretária no Museu Nacional, tornando-se naturalista mais tarde. Sem abandonar a pesquisa científica, Lutz tornou-se uma líder e um símbolo do movimento feminista panamericano e do movimento pelos Direitos Humanos, desempenhando papel imprescindível na conquista do direito ao voto das mulheres. Lutz faleceu em 1976.
De origem estadunidense e com nome dado em homenagem à avó materna portuguesa, Carlotta Joaquina Maury é considerada a ‘princesa dos fósseis do Brasil’. Morta em 1938, a geóloga e paleontóloga foi uma das primeiras mulheres a obter doutorado em geologia e a construir carreira científica na indústria de petróleo e gás. Seus achados em fósseis e fauna nativa foram os primeiros a serem catalogados e estudados no Caribe e na América do Sul, e tornou-se a paleontóloga oficial do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil.
A mostra ocupa todas as galerias do Futuros. No hall estão a obra “Acúmulo Rosa”, da artista Thatiana Cardoso, e a série “Ser flor, ser híbrida em estado de Namoro com a Indefinição”, de Efe Godoy. É também neste espaço que questões acerca do gênero como construção social são introduzidas.
Na galeria 1 está a “ciência antes da ciência”, a sabedoria ancestral e temas que debatem a criação do patriarcado. A narrativa volta alguns séculos no tempo para valorizar os saberes carregados por gerações de parteiras, curandeiras e benzedeiras, muitas vezes marginalizadas, condenadas e perseguidas pelo poder patriarcal. Este núcleo trata da construção da ciência ocidental a partir de um ponto de vista masculino e resgata histórias de mulheres que contribuíram para romper as barreiras do sexismo na produção científica. Outro destaque é a apresentação de acervos do Museu dos Povos Indígenas e do Museu Nacional.
O segundo núcleo da exposição ocupa a galeria 2 com o tema “A revolução será feminista, ou não será!”, explorando a contínua luta das mulheres por uma sociedade mais igualitária, considerada a mais longa de todas as revoluções. Entre os destaques está o trabalho doméstico e a economia do cuidado, ao qual mulheres ainda dedicam muito mais horas que os homens, o que compromete seu desenvolvimento acadêmico e profissional. Estão ali também a contribuição de mulheres nas áreas das ciências humanas, naturais e da saúde.
Na última galeria do Futuros são apresentadas cientistas contemporâneas e questões presentes nos debates atuais como meio ambiente, tecnologia e comunicação. É aqui que ganham destaque cientistas que contribuíram para mitigar a recente pandemia de Covid, entre outras que alcançaram evidência por projetos inovadores.
Ao longo da mostra, biografias de mais de 50 cientistas serão expostas, entre as quais a da matemática britânica Ada Lovelace (1815-1852), autora do primeiro algoritmo processado por uma máquina; e da estadunidense Margaret Hamilton (1936), responsável pelo código do software da Apolo 11, primeira nave a pousar na Lua. Entre as brasileiras, estão Nísia Floresta (1810-1885), educadora considerada a primeira feminista do país; Sueli Carneiro (1950), filósofa, fundadora do Geledés — Instituto da Mulher Negra e figura central no movimento negro no Brasil; Mestra Japira (1962), pajé e educadora Pataxó, doutora por Notório Saber da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); e a biomédica Jaqueline Goes (1989), coordenadora da equipe que sequenciou o genoma do vírus da Covid-19 apenas 48 horas após o registro do primeiro caso da doença no Brasil.
Das 19 artistas, algumas se destacam por obras que têm relação direta com a emancipação feminina, a exemplo da fotógrafa Claudia Ferreira, que documenta o movimento feminista desde a década de 1980 e das artistas Bruna Alcantara, Berna Reale, Camila Soato, Doralyce, Priscila Rooxo, Patty Wolff, Marcela Cantuária e Heloísa Marques. Obras que remetem à ancestralidade estão presentes por meio das artistas Arissana Pataxó, uma das curadoras do pavilhão Hãhãwpuá na Bienal de Veneza de 2024, Yacunã Tuxá e Mestra Japira Pataxó.
Dos acervos científicos serão exibidas peças da coleção de aves e mamíferos do Museu Nacional, fósseis e minerais do Museu de Ciências da Terra, além de objetos de tecnologia do MUSEHUM - Museu das Comunicações e Humanidades, situado no mesmo espaço onde a exposição estará em cartaz.
Além de um projeto expográfico acessível, a mostra conta com roteiros de audiodescrição para o público com deficiência visual e roteiro de vídeo-libras para as pessoas surdas. Esses roteiros podem ser acessados gratuitamente por QR codes. Os textos da exposição também serão disponibilizados via QR codes de forma acessível para softwares de leitura de pessoas com deficiência visual. Todos os vídeos no espaço expositivo contam com legendas em português e legendas descritivas. Há também vídeos com recurso de audiodescrição ou Libras. Foi realizada uma seleção de objetos sensoriais que são destinados às visitas mediadas realizadas pela equipe educativa, que passou por formação em acessibilidade para receber todos os perfis de público com equiparação de oportunidades. O local possui elevador para acesso ao espaço expositivo e banheiro acessível para pessoas com mobilidade reduzida ou deficiência física.
“Nós – Arte e Ciência por Mulheres” é uma exposição coletiva concebida pelo coletivo curatorial do Estúdio M’Baraká, formado por Isabel Seixas, Letícia Stallone, Gisele Vargas e Diogo Rezende, e com consultoria da pesquisadora Magali Romero Sá, especializada em História da Ciência.
Lei de Incentivo à Cultura. Patrocínio master Yelum Seguradora, apoio institucional do G20 e parceria dos acervos do Museu os Povos Indígenas, Museu Nacional, Museu de Ciências da Terra/CPRM, Sítio Roberto Burle Marx, Fiocruz e Musehum. Realização Ministério da Cultura e Governo Federal.
Nós – Arte e Ciência por Mulheres
Até 16 de fevereiro
Horários: quarta a domingo, 11h às 20h
Local: Futuros – Arte e Tecnologia
Endereço: Rua Dois de Dezembro, 63, Flamengo, Rio de Janeiro - RJ
Entrada franca
Antonia Dias Leite | Arissana Pataxó | Berna Reale | Bruna Alcantara | Camila Soato | Claudia Ferreira | Doralyce | Efe Godoy | Gabriela Noujaim |Heloísa Marques | Katharina Welper | Mari Nagem | Marcela Cantuária | Marika Seidler | Mestra Japira Pataxó | Patty Wolff | Priscila Rooxo | Thatiana Cardoso | Yacunã Tuxá
Ada Lovelace |Andaiye |Anna Nery |Beatriz Grinsztejn |Beatriz Nascimento |Berta Lange |Berta Ribeiro |Bertha Lutz |Carlotta Maury |Caroline Herschel |Celina Turchi Martelli |Conceição Evaristo |Dorothy Hodgkin |Emilie Snethlage |Enedina Alves |Florence Nightingale |Grace Hopper |Graziela Barroso |Hedy Lamarr|Heleieth Saffioti |Hipátia |Jandyra Planet |Jaqueline Goes |Jean Dumée |Josefa Ferreira |Margaret Hamilton |Maria Eimmart |Maria Firmina |Maria Graham |Maria José Deane |Maria Odília Teixeira |Maria Sibylla| Maria, a Profetisa |Marie Curie E Irène Curie |Marie Lavoisier |Martine De Bertereau |Mary Anning |Mayana Zatz |Niède Guidon |Nina Da Hora |Nise Da Silveira |Nísia Floresta |Nísia Trindade |Ohara Augusto |Rosalind Franklin |Ruth Sonntag|Sueli Carneiro |Teresa Cunha |Therese Von Bayern |Virgínia Bicudo |Vivian Miranda
Fundado em 2007 por Isabel Seixas e Diogo Rezende, o estúdio UM-BA-RA-KA cria projetos narrativos com abordagem crítica, unindo pesquisa histórica, arte contemporânea, design e uma multiplicidade de linguagens para contar histórias relevantes. Dezenas de exposições, festivais e um projeto multiplataforma de comunicação histórica (o Rolé Carioca), movimentaram centenas de artistas para diferentes espaços culturais e territórios. Em 2019 o estúdio recebeu o prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, concedido pelo IPHAN ao projeto Rolé Carioca e em 2021, a menção honrosa pela expografia da exposição Nise da Silveira - A Revolução pelo afeto pelo IAB-RJ e em 2024 a exposição "Darwin - Origens e Evolução" foi selecionada para a 14ª Bienal Brasileira de Design.
Inaugurado há 19 anos com a proposta de democratizar o acesso a experiências de arte, ciência e tecnologia, o centro cultural Futuros - Arte e Tecnologia convida o público a refletir sobre grandes temas deste século que norteiam a sua linha curatorial: meio ambiente, ancestralidade, infância, diversidade, educação e as inúmeras questões que envolvem a tecnologia e o seu impacto no desenvolvimento da humanidade. O espaço investe de forma recorrente na produção e inovação artística, com experimentação de novas linguagens, busca revelar novos talentos e valorizar e desenvolver o setor cultural do país, além de expandir a colaboração com a cena artística internacional, consolidando o Brasil na rota mundial da economia criativa.
Nomes como Andy Warhol, Nam June Paik, Jean-Luc Godard, Luiz Zerbini e Lenora de Barros são alguns dos expoentes que já ocuparam suas galerias ao longo dos últimos anos. Seu espaço já foi palco da cena cultural carioca e nacional com eventos como Festival do Rio, Panorama de Dança, Multiplicidade, Novas Frequências e Tempo_Festival, sendo os três últimos especialmente concebidos para a instituição.
Com programação diversa e voltada para toda a família, o centro cultural abriga galerias de arte, um teatro multiuso e o Musehum – Museu das Comunicações e Humanidades. Com acervo de mais de 130 mil peças históricas sobre as comunicações no Brasil, promove ainda experiências imersivas e interativas que divertem e estimulam a reflexão sobre o impacto das tecnologias nas relações humanas. Em 2023, mais de 127 mil pessoas visitaram suas dependências.
Fundado pela Oi, sua principal mantenedora, e com gestão do Oi Futuro, em 2024 o Futuros - Arte e Tecnologia conta com patrocínio de BNY e EY, com apoio do Governo Federal através da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro – Lei do ISS, o projeto Vem, Futuro! Ano 2 é realizado pela Zucca Produções, em parceria com o Oi Futuro, no centro cultural, com patrocínio da Serede, Oi, Tahto e Prefeitura do Rio de Janeiro/SMC, oferecendo programação cultural, ações educativas e abrangendo infraestrutura de apoio nas galerias, no teatro e no Musehum.
A Yelum Seguradora é uma marca integrada ao Grupo HDI, um dos maiores e principais conglomerados de seguros do Brasil. Carregada de experiência e história, a Yelum traz frescor ao mercado e se destaca como uma marca flexível, que combina liberdade e inovação. Focada em produtos e jornadas de excelência, ela surpreende ao oferecer tudo isso a um valor ainda acessível.
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A Yelum acredita na liberdade por caminhos seguros. Porque só existe o próximo passo quando se tem confiança: na sua escolha, no seu caminho e no seu seguro.
Além de seu foco em excelência e inovação, a Yelum acompanha as premissas estratégicas do Grupo HDI, que tem como um de seus objetivos a transformação social por meio da arte e da cultura. Baseada no propósito da companhia de se importar pessoalmente com cada indivíduo e situação, a marca investe ativamente em responsabilidade social e no desenvolvimento cultural, reafirmando seu papel como agente de mudança positiva na sociedade.
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Unidas por talento e pioneirismo, cientistas são destaque em exposição no Rio de Janeiro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU