06 Dezembro 2024
O clima quente e os exercícios pesados podem forçar jogadores de futebol a suportar temperaturas acima de 49,5°C nos três países que abrigarão o torneio.
A informação é publicada por ClimaInfo, 06-12-2024.
Não é de hoje que especialistas alertam sobre a necessidade dos organizadores dos grandes eventos esportivos mundiais considerarem os efeitos das mudanças climáticas em seus planejamentos. Olimpíadas de Inverno, como a de Pequim em 2022, e de verão, como a de Paris neste ano, foram afetadas por falta de neve e calor extremo, respectivamente.
Agora, pesquisadores chamam atenção para a próxima Copa do Mundo, que será compartilhada entre México, Estados Unidos e Canadá entre junho e julho de 2026, no verão no Hemisfério Norte. Um estudo publicado na Scientific Reports alerta que os jogadores de futebol enfrentam um “risco muito alto de sofrer estresse extremo por calor” em 10 dos 16 estádios que sediarão o torneio, destaca o Guardian.
A pesquisa simulou as condições climáticas dentro dos gramados e descobriu que, entre 14h e 17h, as temperaturas nos estádios alcançarão níveis perigosos, com picos superiores a 50°C nas cidades de Arlington e Houston, nos EUA, e Monterrey, no México. Isso pode resultar em exaustão pelo calor ou até mesmo insolação, explica a Veja. De modo geral, o clima quente e exercícios pesados podem fazer os jogadores suportarem temperaturas acima de 49,5°C nos três países.
No “novo anormal” das mudanças climáticas, os autores do relatório argumentam que serão necessárias medidas para proteger os jogadores da diminuição do desempenho ou, no pior dos casos, de problemas de saúde, frisa El País. Eles ainda sugerem mesmo que as autoridades esportivas reconsiderem o calendário do evento ou sigam o que ocorreu no Catar, onde a Copa foi realizada entre novembro e dezembro, e com a maioria das partidas à noite, para evitar temperaturas extremas.
Responsável pela organização da Copa do Mundo, a FIFA recomenda que as partidas incluam pausas para resfriamento se a temperatura do “bulbo úmido” exceder 32°C. Mas os cientistas estão preocupados que a métrica subestime o estresse que os atletas vivenciam em campo, porque considera apenas o calor e a umidade externos.
Se depender do patrocinador da Copa de 2026, é bom não ter esperanças nem de mudança do calendário, menos ainda para frear as mudanças climáticas. O torneio tem patrocínio da Saudi Aramco, a maior produtora de petróleo do mundo, controlada pelo governo da Arábia Saudita. O governo ainda quer sediar a Copa do Mundo de 2034 – se os jogadores e nós todos sobrevivermos até lá.
Leia mais
- Ondas de calor extremo avançam pelo planeta
- Os rios secam e a floresta queima: a Amazônia e seus povos à beira da exaustão. Artigo de Gabriel Vilardi
- Mudança climática causou 56% das mortes por calor na Europa
- A crise climática: estamos morrendo de calor
- Calor matou quase 50 mil na Europa em 2023, diz estudo
- Onda de calor em 2022 causou mais de 61 mil mortes na Europa
- Calor extremo na Europa e os efeitos do aquecimento global
- Ondas de calor na Europa estão ligadas às mudanças climáticas
- Ciência não consegue explicar calor recorde de julho
- Calor extremo na Europa e os efeitos do aquecimento global
- Mortes por calor extremo podem aumentar 5 vezes até 2050
- Número de dias com ondas de calor passou de 7 para 52 em 30 anos
- Mudança climática intensificou calor, e verão de 2023 foi o mais quente já registrado no Hemisfério Norte
- Aquecimento global é “questão candente de direitos humanos”
- O documentário “Muito quente para trabalhar” expõe condições de trabalho em tempos de aquecimento global
- Aquecimento global aumentará a frequência das secas repentinas sobre terras cultiváveis
- Para cientista Carlos Nobre, demarcações de terras indígenas são arma contra aquecimento global
- Aquecimento global aumenta a frequência dos furacões
- Aquecimento global está mudando o ciclo da água em todo planeta
- Como enfrentar o desespero sobre os próximos efeitos das mudanças climáticas. Artigo de Michael Sean Winters
- Comunidade afetadas por mudanças climáticas precisam ser protegidas
- A Torre de Babel das mudanças climáticas. Artigo de Carlos Bocuhy
- Decrescimento demoeconômico com prosperidade e regeneração ecológica. Artigo de José Eustáquio Diniz Alves
- O mundo pode alcançar um sistema de energia 100% renovável antes de 2050
- Concentração de CO2 na atmosfera atinge novo recorde em maio de 2023. Artigo de José Eustáquio Diniz Alves
- A humanidade nunca viu tanta concentração de CO2 na atmosfera. Artigo de José Eustáquio Diniz Alves
- Concentração atmosférica de CO2 supera a marca de 420 partes por milhão
- Aquecimento aumentará dramaticamente as ondas de calor
- Agência da ONU afirma que ondas de calor serão cada vez mais frequentes e intensas