23 Mai 2024
O Espírito não será silenciado. E tampouco o serão as mulheres e seus aliados, que continuarão pedindo a plena igualdade das mulheres e o acesso a todos os sete Sacramentos na nossa Igreja
Publicamos aqui a nota da FutureChurch, organização católica cofundada, entre outros, pela Ir. Christine Schenk em 1990. A organização defende diversos pontos de reforma da Igreja, como a ordenação de mulheres e o fim do celibato presbiteral.
A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Em uma entrevista concedida em abril de 2024 com Norah O’Donnell, que foi ao ar na CBS no dia 20 de maio, o Papa Francisco rejeitou a possibilidade de ordenar mulheres ao diaconato.
Questionado se uma jovem que cresce hoje como católica poderia ter a oportunidade de “ser diácona ou de participar como membro do clero”, a resposta de Francisco foi simplesmente “não”. Quando O’Donnell abordou especificamente sua abertura anterior às diáconas, Francisco elaborou o tema da ordenação sacramental: “Se forem diáconas com as ordens sagradas, não. Mas as mulheres sempre tiveram, eu diria, a função de diaconisas sem serem diáconas, certo?”.
Os comentários representam a mais forte oposição pública de Francisco à ordenação de diáconas durante seu papado. O Papa Francisco já sinalizara abertura a isso em entrevistas e ao formar duas comissões para estudar questões relativas às mulheres diáconas. Os frutos dessas comissões não foram divulgados publicamente.
Também foi noticiado recentemente que a irmã salesiana Linda Porcher, que ajudou a organizar algumas sessões para que o Papa Francisco e o Conselho de Cardeais aprendessem sobre a liderança e os ministérios das mulheres, disse que ele é “muito favorável” a um “diaconato feminino”, embora não estivesse claro se ela se referia a um diaconato ordenado. Porcher também indicou que Francisco estava procurando conceder “alguns direitos” a todos os batizados que anteriormente eram reservados aos clérigos.
A FutureChurch está profundamente desapontada com o fato de que a resposta do Papa Francisco é uma aparente rejeição tanto das evidências históricas quanto dos apelos globais pela restauração das mulheres diáconas.
“O Papa Francisco desconhece ou optou por ignorar as significativas evidências históricas e textuais de que as mulheres não apenas serviram como diáconas, mas também foram de fato ordenadas como diáconas na nossa história”, disse o diretor-executivo da FutureChurch, Russ Petrus.
“Mesmo assim, como admite Francisco, as mulheres continuam hoje servindo na ‘função’ de diáconas. Quem somos nós para lhes negar a graça sacramental das Ordens Sagradas enquanto elas respondem a seu chamado e ministram às necessidades urgentes ao seu redor? Deveríamos celebrar e apoiar essas mulheres, inclusive ordenando-as”, continuou ele.
“Uma Igreja sinodal em missão”, a síntese final da Assembleia Sinodal de outubro de 2023, indica que ocorreu um debate significativo sobre as mulheres diáconas durante a assembleia (n. 9j). Além disso, os delegados e as delegadas sinodais pediram especificamente a continuidade da investigação e do discernimento teológicos e pastorais, e a disponibilização dos relatórios das comissões de estudo anteriores (n. 9n). À luz dessa entrevista, a FutureChurch reafirma e se une a esses apelos.
“Seria uma traição à sua própria visão de uma Igreja sinodal se o Papa Francisco silenciasse o debate global dessa forma”, disse Petrus. “Mas o Espírito não será silenciado. E tampouco o serão as mulheres e seus aliados – tanto leigos quanto clérigos – que, guiados pelo Espírito de Pentecostes, que acabamos de celebrar, continuarão pedindo a plena igualdade das mulheres e o acesso a todos os sete Sacramentos na nossa Igreja.”
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Mulheres diáconas: “Francisco rejeita evidências históricas” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU