18 Abril 2024
A Amazônia se fez presente na plenária da 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que está sendo realizada em Aparecida (SP) de 10 a 19 de abril de 2024. Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) e Comissão Especial para a Amazônia, mostraram o trabalho missionário da Igreja amazônica numa região que “nos questiona todos os dias!”, segundo o bispo de Roraima e presidente da REPAM-Brasil, dom Evaristo Pascoal Spengler.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
Ele denunciou a destruição da Amazônia, consequência das tensões existentes e das “violações históricas e estruturais de direitos humanos e dos direitos da natureza”, consequência do “paradigma tecnocrático e consumista que assola nossas vidas, sufoca a natureza e nos deixa sem uma existência verdadeiramente digna”, da ganância. O bispo relatou situações presentes na Amazônia: seca, realidade dos povos indígenas, incidindo na situação dos Yanomami, sofrimento dos diversos povos, o narcogarimpo, a violência no campo, nas águas e nas florestas, demarcação das terras indígenas, desmatamento, falta de consulta livre prévia e informada, grandes empreendimentos, numa Amazônia que “está tomada pelos agrotóxicos e pelo mercúrio”.
Uma realidade que foi levada em novembro de 2023 a 13 ministérios do Governo Federal, ao Poder Judiciário e ao Ministério Público, em Brasília. Uma realidade que deve estar presente na COP30, a ser realizada em novembro de 2025 em Belém do Pará. Diante disso, a a REPAM-Brasil pede “uma Igreja unida e caminhando com os povos da Amazônia”, saudando a esperança que chega desde a Amazônia.
A Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) nasceu a partir das propostas que aparecem no Documento Final do Sínodo para a Amazônia, segundo apresentou o bispo auxiliar de Manaus e vice-presidente da CEAMA, Dom Zenildo Lima. O Papa Francisco sugeriu que o organismo episcopal, proposta na assembleia sinodal, se concretizasse numa conferência eclesial, cujos estatutos foram aprovados com rapidez pelo Santo Padre, que tem apostado muito nessa conferência eclesial, dado que “ela aponta para aquilo que é um futuro viável da Igreja, estruturas sinodais’
O Bispo apresentou aquilo que poderia ser definido como “uma Igreja sinodal com rosto amazônico”, sua missão, que é “promover a sinodalidade e a pastoral de conjunto entre as Igrejas do território, fomentar a interculturalidade da fé, ajudar a delinear o rosto amazônico da Igreja e propiciar a tarefa de encontrar novos caminhos para a missão evangelizadora incorporando a proposta da ecologia integral e fortalecendo assim a fisionomia da Igreja na região”. Da CEAMA fazem parte as 103 circunscrições eclesiásticas na Pan-Amazônia.
O arcebispo de São Luís do Maranhão e presidente da Comissão para a Amazônia, dom Gilberto Pastana partilhou com os participantes da 61ª Assembleia Geral da CNBB, “um pouco de nossa triste e cruel realidade, a partir da escuta do Clamor dos Povos da Amazônia e da Natureza”. Lembrando a importância do Encontro de Santarém em 1972 e sua proposta de encarnação na realidade, ele denunciou que “os povos amazônidas continuam a ser desrespeitados em um dos seus direitos mais básicos: a autodeterminação”, criticando os “projetos de desenvolvimento” que continuamente querem ser impostos na região, que “acarretam impactos desastrosos na Natureza e nos habitantes da região”.
Dom Gilberto Pastana ressaltou a necessidade da escuta dos clamores que da Amazônia, inclusive de uma natureza que é sujeito de direitos, mas cada vez é mais destruída, o que demanda superar a visão antropocêntrica utilitária está superada, que submete os recursos e coloca em risco a própria humanidade. Um caminho defendido pela Laudato Si´, “a Encíclica mais lida na História da humanidade”. Por isso, a Comissão Especial para a Amazônia apoia “a luta pela autodeterminação dos povos da floresta; pela demarcação dos territórios; pela consulta prévia sobre os projetos que lhes atingem, e pelo reconhecimento dos direitos da Natureza”.
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Assembleia Geral da CNBB conhece o trabalho da Igreja numa Amazônia “tomada pelos agrotóxicos e pelo mercúrio” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU