17 Abril 2024
Publicamos abaixo a mensagem que o Papa Francisco enviou à “Rede Al Arabiya”, publicada por Vatican News, 12-04-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Caros amigos,
Agradeço a vocês pela oportunidade de lhes dirigir uma palavra justamente no final do Ramadã. Uma feliz coincidência ocorre este ano, com o mês sagrado islâmico que termina poucos dias depois da celebração da Páscoa, a festa mais importante para os cristãos.
Mas essa feliz ocasião, que nos leva a elevar os olhos ao céu e a adorar o Senhor “misericordioso e onipotente” (Nostra aetate, 3), choca-se fortemente com a tristeza pelo sangue que escorre nas terras abençoadas do Médio Oriente.
Irmãos e irmãs, o nosso pai Abraão ergueu os olhos ao céu para olhar as estrelas: a luz da vida, que nos envolve e nos abraça do alto, nos pede para superar a noite do ódio para que, segundo a vontade do Criador, sejam as estrelas a iluminar a terra, e não a terra queimar, devastada pelas chamas das armas que incendeiam o céu!
Deus é paz e quer a paz. Quem acredita Nele não pode deixar de repudiar a guerra, que não resolve, mas aumenta os conflitos. A guerra, não me canso de repetir, é sempre e somente uma derrota: é um caminho sem direção; não abre perspectivas, mas extingue a esperança.
Estou angustiado pelo conflito na Palestina e Israel: cessem imediatamente o fogo na Faixa de Gaza, onde está em andamento uma catástrofe humanitária; que possam chegar as ajudas à população palestina que está sofrendo tanto; que sejam libertados os reféns sequestrados em outubro! E penso na martirizada Síria, no Líbano, em todo o Oriente Médio: não deixemos que se alastrem as chamas do rancor, alimentadas pelos ventos funestos da corrida armamentista! Não permitamos que a guerra se amplie! Detenhamos a inércia do mal!
Penso nas famílias, nos jovens, nos trabalhadores, nos idosos, nas crianças: estou certo de que no seu coração, no coração das pessoas comuns, existe um grande desejo de paz. E que, diante da propagação da violência, enquanto as lágrimas escorrem dos olhos, uma palavra sai de suas bocas: “basta”. Basta! — eu também repito — para aqueles que têm a grave responsabilidade de governar as nações: basta, parem! Por favor, parem com o estrondo das armas e pensem nas crianças, em todas as crianças, como se fossem seus próprios filhos. Vamos todos olhar para o futuro com os olhos das crianças. Elas não se perguntam quem é o inimigo a ser destruído, mas quem são os amigos com quem brincar; elas precisam de casas, parques e escolas, não de túmulos e covas”!
Amigos, acredito que os desertos possam florescer: como na natureza, também nos corações das pessoas e nas vidas dos povos. Os brotos de esperança só germinarão dos desertos do ódio se soubermos como crescer juntos, um lado ao lado do outro; se soubermos como respeitar as crenças dos outros; se soubermos reconhecer o direito de cada povo de existir e o direito de cada povo de ter um Estado; se soubermos viver em paz sem demonizar ninguém. Nisso acredito e espero, e comigo os cristãos que, com muitas dificuldades, vivem no Médio Oriente: abraço-os e encorajo-os, pedindo-lhes que tenham sempre e em todo o lado o direito e a possibilidade de professar livremente a sua fé, que fala de paz e fraternidade.
Obrigado pela sua atenção. Saúdo vocês com afeto, assegurando-lhes que levo no coração o Médio Oriente. A cada um de vocês desejo todo bem e bênção do Altíssimo. Shukran! [Obrigado!]