Por: João Vitor Santos | 02 Março 2024
“A influência digital já se tornou uma tendência irreversível no campo católico, com a exaltação de algumas figuras públicas e a aceitação de estratégias de influência que, entretanto, muitas vezes não seguem as boas práticas da Igreja”.
A constatação é de Dom Joaquim Mol, bispo auxiliar de Arquidiocese de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Quando esteve à frente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, entre 2019 e 2023, Dom Joaquim também coordenou um grupo de estudos que se dedicou a pesquisar o tema dos influenciadores digitais católicos.
O resultado deste trabalho culminou no livro Influenciadores digitais católicos: efeitos e perspectivas, que acaba de ser publicado pelas editoras Ideias & Letras e Paulus.
O livro conta com autoria de Fernanda de Farias Medeiros, Aline Amaro da Silva, Alzirinha Rocha de Souza, Moisés Sbardelotto e Vinícius Borges Gomes, que conduziram pesquisa empírica realizada entre 2021 e 2023.
Livro recentemente publicado (Foto: divulgação)
O Instituto Humanitas Unisinos – IHU debate o volume de 416 páginas na live intitulada Influenciadores digitais católicos. Efeitos e Perspectivas. A atividade, gratuita e sem a necessidade de inscrição prévia, ocorre na terça-feira, dia 05-03, e será transmitida ao vivo pelos canais do IHU. Além de Dom Joaquim, participam Moisés Sbardelotto, coordenador do Grupo de Reflexão sobre Comunicação da CNBB – Grecom e parceiro do IHU; e Aline Amaro da Silva, vice-secretária da Sociedade Brasileira de Teologia Sistemática – SBTS. Ambos são professores doutores e estudam a conexão entre comunicação e religião.
Radicalização e movimentos de extrema-direita
A pesquisa sobre influenciadores digitais católicos constata que “do ponto de vista sociopolítico, a pesquisa revela que ações de influenciadores digitais católicos estão ligadas, de modo geral, à radicalização de movimentos de extrema direita, à disputa política pela moralização ideológica das arenas de debate no Brasil e ao crescimento de ativismos digitais em favor de causas sociais”, destaca Dom Joaquim Mol.
A pesquisa questiona: afinal, estes sujeitos são influenciadores ou evangelizadores. Para Dom Joaquim, “a influência digital configura-se como uma profissão. Suas práticas envolvem aspectos, sobretudo, mercadológicos e econômicos”. Ou seja, para ter sucesso neste mundo da influência, obtendo o tal engajamento, os sujeitos têm de se ajoelhar frente às algorítmicas lógicas de mercado das plataformas. O problema é que as plataformas “privilegiam elementos personalistas, de conflitividade, de valor sensacionalista e de dissonância do diálogo, uma vez que operam para criar bolhas de opinião entre pessoas de pensamento similar”.
Acesse a apresentação completa do livro, em artigo de Dom Joaquim Mol
Licenciado em Filosofia e bacharel em Teologia pela PUC Minas. Mestre em Teologia pela FAJE. Professor e pesquisador na PUC Minas (1990-2022). Professor do Instituto de Filosofia e Teologia Santo Tomás de Aquino, ISTA (1990–2005), do Instituto Marista de Ciências Humanas (1992–1995) e do Instituto Regional de Pastoral Catequética. Fundador e coordenador do Instituto Superior de Pastoral PUC Minas, ISPAL (1998–2011). Editor fundador da Revista HORIZONTE, de estudos de Teologia e Ciências da Religião da PUC Minas.
Catequista (desde 1975). Presbítero (desde 1988). Bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte (desde 2006). Conferencista e assessor (desde 1993) nos campos da teologia, pastoral, comunicação, humanismo.
Dom Joaquim Mol (Foto: Diocese de Crato)
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, (2011–2015), Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação (2015–2023), Presidente do GT para acompanhamento da Reforma Política no Brasil (2008–2015). Presidente do Conselho Superior da Associação Nacional de Educação Católica, ANEC Brasil (2011–2015) e membro deste Conselho no quadriênio 2015-2019). Reitor da PUC Minas (2007-2022). Membro do Pontifício Conselho da Cultura do Vaticano (2015-2022). Membro do Observatório da Comunicação Religiosa no Brasil e do Observatório Eclesial Brasil.
É bacharel em Comunicação Social-Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS. Trabalha como professora universitária de graduação e pós-graduação em diversas Instituições de Ensino Superior. Membro do Grupo de Reflexão sobre Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – Grecom/CNBB, contribuindo na atualização do Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, em 2023. Além de participar de grupos e projetos de pesquisa nacionais e internacionais nas áreas de comunicação, teologia e ciências da religião, é vice-secretária da Sociedade Brasileira de Teologia Sistemática – SBTS.
Aline Silva (Foto: acervo pessoal)
É mestre e doutor em Ciências da Comunicação pela Unisinos, com estágio doutoral na Università di Roma “La Sapienza”, na Itália. Realizou estágio pós-doutoral na Unisinos. Bacharel em Comunicação Social-Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, coordena o Grupo de Reflexão sobre Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – Grecom/CNBB e colabora com o Instituto Humanitas Unisinos – IHU.
Moisés Sbardelotto (Foto: Arquidiocese de Olinda e Recife)
Também tem atuado como escritor, tradutor e consultor em comunicação para diversas instituições e órgãos civis e religiosos. Entre suas obras publicadas, destacamos Comunicar a fé: por quê? Para quê? Com quem? (Vozes,2020); O Verbo se fez rede: religiosidades em reconstrução no ambiente digital (Paulinas, 2017); e O Verbo se fez bit: a comunicação e a experiência religiosas na internet (Santuário, 2012). Foi membro da Comissão Especial de elaboração do Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, aprovado pela CNBB em 2014, além de ter coordenado os trabalhos de atualização do documento, cuja nova edição foi publicada em 2023. De 2008 a 2012, coordenou o escritório brasileiro da Fundação Ética Mundial (Stiftung Weltethos), fundada pelo teólogo suíço Hans Küng.
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Influenciadores digitais católicos em debate no IHU - Instituto Humanitas Unisinos - IHU