Os gritos das crianças de Gaza. Poema de Roberto E. Zwetsch

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29 Novembro 2023

Abaixo reproduzimos o poema de Roberto E. Zwetsch, professor pesquisador de Faculdades EST, em São Leopoldo/RS, membro do Grupo de Pesquisa Identidade Étnica e Interculturalidade, membro da coordenação nacional da Pastoral Popular Luterana (PPL) e pastor emérito da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), sobre o sofrimento das crianças na região da faixa de Gaza.

Eis o poema.

Desde os escombros das pequenas cidades de Gaza,
Crianças choram, gritam, clamam, denunciam.
Seus frágeis corpos destroçados não calam!
Nem calarão até que a máquina de morte
Seja contida, devolvida como um vômito de um resto de justiça
Que será cobrada hoje, amanhã e até que o
Estado assassino seja responsabilizado e derrubado. 

Crianças gritam, ainda que seus frágeis corpos
Tenham virado pó sob os escombros das aldeias
E cidades de Gaza. E tal crime não ficará impune. 

Ah, não pode ficar!
Se existe ainda no mundo algum vestígio de humanidade,
Este crime contra a Humanidade não pode ficar impune. 

Nem que seja à custa dos fantasmas a rondar os espíritos
Dos oficiais da máquina de guerra e seus soldados.
Que essa gente criminosa e seus mandantes não consigam mais dormir.
Que suas noites sejam povoadas de fantasmas com gorros negros e verdes,
Que seus apetites violentos sejam corrompidos até o limite. 

E exaustos, não consigam mais sequer empunhar ou manejar
Suas máquinas de guerra, seus poderosos artefatos que
semeiam morte, tristeza, dor, sofrimento e horror.
O horror do Poder da Morte cientificamente planejado. 

Que os gritos das crianças palestinas, mais de 4 mil mortas
até o momento, mais de 400 destroçadas por dia,
Não se calem, que ressoem em Gaza, nos territórios ocupados,
No mundo inteiro. E sejam a força da Resistência e da Oposição
que se Espalha pelo mundo e não irá parar até que a Nakba 2 termine. 

Até que as pessoas sobreviventes possam respirar novamente
E recomeçar a dura, insana e lenta Reconstrução.
Ela virá para restaurar a dignidade de um povo desterrado, expulso,
manietado, cujas terras ocupadas são criminosamente cortadas
por Muros coloniais cinzentos e assentamentos ilegais desde a origem. 

Então a dignidade desse povo será fruto maduro
Resgatado desde a memória das crianças que gritam,
Que desde a poeira dos escombros não calarão! Jamais!
Para que, enfim, a consciência da Humanidade
seja minimamente preservada. 

Joinville, novembro de 2023. 


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