07 Agosto 2023
A reportagem é de José Manuel Vidal, publicada por Religión Digital, 04-08-2023.
É tão simples, tão humano e tão próximo que, em Portugal, ninguém o chama de presidente, muito menos de Sua Excelência o Presidente da República. Todos os portugueses chamam-no apenas Marcelo. Porque Marcelo Rebelo de Sousa não precisa do presente pela frente. Ele tem um dom e é um dom em si mesmo. Uma pessoa de bem que penetrou no coração do povo, colocando o poder (e ele, num regime semipresidencialista como o português, tem, e muito) a serviço do povo.
Ele é uma pessoa tão boa que García, o jornalista, o chamaria de "abraço de lampião". Seus compatriotas, de fato, o chamam de beijador. Sua bondade brota espontaneamente. Uma bondade de uma pessoa boa, em quem ninguém acredita mais do que ninguém.
Así ha sido la bienvenida al papa Francisco tras bajar del avión que le ha traído a Lisboa ??.#JMJLisboa2023 pic.twitter.com/J7FR6IaGf2
— Revista Ecclesia (@Ecclesia_ES) August 2, 2023
Talvez seja por isso que ele se conecta tão bem com o Papa Francisco. Eles são duas almas gêmeas em muitas coisas. E por isso, desde que o Papa desceu do avião que o levou à JMJ de Lisboa, Marcelo o esperava ao pé da escada, para o saudar com tanta efusividade que as suas duas mãos entrelaçadas pareciam ramos de árvore que se dão as mais calorosas saudações.
Marcelo tem duas coisas que o Papa ama: ele é um político cristão da cabeça aos pés. Daqueles que acreditam na política não como poder, mas como serviço e arte para alcançar o bem comum, o bem-estar dos mais necessitados ou a justa redistribuição da riqueza.
E o Marcelo é um crente da missa dominical, que prega quando é preciso, mas também dá trigo. O trigo do exemplo e do testemunho. Com princípios claros, que defende por todos os meios (como no caso recente da lei da eutanásia aprovada pela Assembleia da República e bloqueada por diversas vezes pelo presidente da República), mas com acentuado sotaque social. Ele acredita verdadeiramente que os pobres são os autênticos vigários de Cristo. E coloca a sua dignidade no centro do seu trabalho político, assim como o Papa.
O Papa Francisco e o presidente português Marcelo Rebelo de Sousa. (Foto: Reprodução | Vatican Media)
Ele não é um falso devoto tradicional. Não é um daqueles políticos católicos de missa e panela, que se gabam de defender a vida, mas fecham as fronteiras para os imigrantes e se recusam a aumentar o salário mínimo das classes trabalhadoras mais necessitadas.
Marcelo é um católico convicto, mas não faz alarde disso. E menos ainda em público. Sóbrio e coerente, ele não esconde suas convicções de fé. Além disso, ele se orgulha delas. Não é um católico envergonhado, embora também não saia por aí dando lições na vida política ou se sentindo superior. Não se coloca como um iluminado ou escolhido. E isso é algo que encanta o Papa Francisco.
Por isso, a afinidade é total entre essas duas personalidades. As atenções, os afagos, os carinhos, tanto em público quanto em privado, são constantes. Eles brincam, riem juntos, contam piadas e compartilham quase tudo. Marcelo parece o mordomo do Papa. De um Papa a quem ele admira e sobre o qual ele acabou de dizer que "possui aquele espírito latino-americano que é imparável".
Marcelo e Francisco, dois homens notáveis que estão transformando as instituições que lideram e a maneira de liderá-las. O Papa mudou a face da Igreja e suas estruturas. Depois dele, nada será mais como antes: a Igreja deixou de ser piramidal para se tornar circular ou sinodal.
Marcelo alterou a forma de ser presidente da República e aproximou a instituição das pessoas, devolvendo-lhe um sentido profundo. Um sentido de proximidade, familiaridade, dedicação e serviço. Em sua aproximação com os portugueses, Marcelo abraçou diversas causas sociais, como os "sem-teto" ou os refugiados, e se envolveu no terceiro setor. Um presidente e um papa católicos que nos fazem sonhar com a possível construção de um mundo melhor a partir do Evangelho de Jesus, o Nazareno, o amigo dos pobres.
El #PapaFrancisco, quien ya se encuentra en #Lisboa, firmó el libro de Honor en el Palacio Nacional de #Belém.#ElPapaEnPortugal #Lisboa2023 @jmj_es pic.twitter.com/VZlr83lfYv
— Vatican News (@vaticannews_es) August 2, 2023
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Francisco e Marcelo, duas almas gêmeas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU