17 Novembro 2022
Quando você fala com os católicos sobre a Igreja hoje, especialmente os católicos mais jovens, uma reclamação frequente é que a Igreja não é um lugar acolhedor. Indivíduos LGBTQIA+ são demitidos de seus empregos sem motivo ou têm sua existência condenada por membros da Igreja. As mulheres não recebem nenhuma autoridade ou são ensinadas. Os paroquianos fazem cara feia para crianças que falam e seus pais ou dizem coisas inapropriadas para pessoas de cor. As homilias são chatas ou falam mal das pessoas.
O comentário é do jesuíta estadunidense Jim McDermott, em artigo publicado na revista America, 15-11-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Verdadeiramente, ao olharmos para o feedback de nossos membros e daqueles que deixaram a Igreja, o que eles estão nos dizendo é que estamos em meio a uma crise de boas-vindas. No segmento final do novo documentário da America Media Group, dos jesuítas estadunidenses, “People of God: How Catholic Parish Life is Changing in the United States” (Povo de Deus: como a vida paroquial católica está mudando nos Estados Unidos, em tradução livre), o produtor Sebastian Gomes e a equipe de filmagem visitaram a Paróquia de Santa Cecília, em Boston, e analisaram como eles trabalham para lidar com essa preocupação, como procuram ser uma comunidade de acolhida.
O segredo do sucesso de Santa Cecília parece ser que eles realmente procuram ver e ouvir as necessidades expressas em sua comunidade e responder a elas. Por que Santa Cecília iniciou um ministério digital? Eles viram que as pessoas estavam famintas por isso e não tinham outro lugar para onde pudessem ir. Por que eles estão comprometidos com a pastoral LGBTQIA+? Mark Lippolt, um paroquiano homossexual, apontou que praticamente todo mundo hoje tem parentes LGBTQIA+. A comunidade quer que sua paróquia seja um lugar onde eles e seus familiares possam se sentir seguros (francamente, o mesmo é verdade para muitos padres, irmãos e freiras LGBTQIA+ celibatários. Em alguns lugares da Igreja, você simplesmente não sente que está tudo bem em ser você mesmo).
Há alguns momentos de passagem na história em que vemos os paroquianos sentados no espaço renovado de reunião paroquial de aparência muito aconchegante. Em uma cena, é uma família com uma criança pequena; em outro são alguns paroquianos mais velhos, pelo menos um com andador. Em ambos os casos, eles estão assistindo à missa. Parece que a paróquia decidiu disponibilizar seu espaço de reunião para pessoas que querem estar na missa, mas por algum motivo não podem estar na própria igreja. Mais uma vez, as escolhas parecem ser feitas a partir das necessidades específicas do seu povo.
Outra paróquia pode abordar questões como sua presença online ou como servir os católicos LGBTQIA+ e suas famílias de outras maneiras. Seus problemas também podem ser diferentes. A questão importante é: estamos ouvindo o que nosso povo está dizendo? E como estamos respondendo?
Observando a história da Paróquia Santa Cecília, lembro-me da parábola dos talentos. A paróquia foi generosa quando as pessoas precisavam de um lugar para celebrar durante a pandemia e forneceu uma maneira de se sentirem conectadas e uma parte real de sua comunidade celebrativa. Alguns podem ter temido como eles sustentariam isso, mas na verdade, em vez de drenar seus recursos, parece que gerou novos, incluindo uma tremenda boa vontade. A quem muito deu, mais será dado...
Perguntas para reflexão e conversa:
→ Quais são os grandes problemas que você vê em sua paróquia? Como sua comunidade está respondendo?
→ De que maneira sua paróquia se faz uma comunidade acolhedora? Em que aspectos não é?
→ Olhando para sua comunidade em um domingo, quem não está lá? Que tipos de pessoas parecem não vir à sua comunidade?
→ Que tipos de espaços há em sua comunidade para acolhida e confraternização?
→ Para aqueles que celebram on-line, o que dessa experiência lhe traz vida? Como você compara em relação à celebração em uma igreja real?
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A Igreja tem uma ‘crise de acolhida’. Como as paróquias podem responder? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU