06 Dezembro 2018
"Quantas vezes vemos que na homilia alguns adormecem, outros conversam ou saem para fumar um cigarro". Quem fala isso não é um anticlerical, mas o Papa Francisco. "Um padre me contava - disse Bergoglio aos fiéis - que ele uma vez foi para outra cidade onde seus pais moravam e seu pai lhe disse: 'Você sabe, estou feliz, porque com meus amigos encontramos uma igreja onde a missa não tem a homilia! '". O problema, na verdade, está longe de ser pequeno. "Aquele que realiza a homilia - o papa explicou - deve desempenhar bem o seu ministério. Aquele que prega, o sacerdote ou o diácono ou o bispo, deve oferecer um verdadeiro serviço a todos aqueles que participam da missa, mas também aqueles que a escutam devem fazer a sua parte".
A reportagem é de Francesco Antonio Grana, publicada por Il Fatto Quotidiano, 05-12-2018.
Francisco deu conselhos práticos para evitar homilias soporíficas. "Antes de mais nada - ressaltou o papa - prestar a devida atenção, assumindo as disposições internas corretas, ou seja, sem pretensões subjetivas, sabendo que cada pregador tem méritos e limites. Se às vezes há motivo para ficar entediado durante uma homilia longa, sem foco ou incompreensível, outras vezes é o preconceito que age como um obstáculo. E quem faz a homilia deve estar ciente de que ele não está fazendo algo próprio, está pregando, dando voz a Jesus, ele está pregando a palavra de Jesus. E a homilia deve estar bem preparada, deve ser curta!”.
Não apenas curta, portanto, mas também não improvisada. "E como uma homilia é preparada? Com a oração - explicou o Papa -, com o estudo da palavra de Deus e fazendo uma síntese clara e breve, que não deve ultrapassar os dez minutos, por favor".
Sobre o tema da homilia, Francisco também dedicou muitas páginas de seu documento programático, a exortação apostólica Evangelii gaudium. Mas quando se faz uma visita, pelo menos entre as igrejas italianas, parece que na maioria dos casos esses valiosos conselhos do Papa não tenham sido minimamente aceitos.
Justamente para ajudar os diáconos, os padres e os bispos para preparar suas homilias, Pe. Giuseppe Liberto, mestre diretor emérito do Capela musical Pontifícia Sistina, publicou um livro intitulado Il giubilo della lode. Meditazioni per l’anno litúrgico (A alegria do louvor. Meditações para o ano litúrgico, em tradução livre). Da caneta refinada de um dos maiores especialistas mundiais em música litúrgica nasceram as páginas que contêm as reflexões para todos os períodos do ano: de Advento ao Natal, da Quaresma à Páscoa, como muitas outras solenidades.
Longe de ser um texto estritamente homilético, as meditações de Liberto perpassam os campos teológicos e bíblicos, até a dimensão litúrgica com suas várias facetas, principalmente a musical. Tudo em perfeita harmonia não desprovida inclusive de uma dimensão poética. O livro é realmente um instrumento precioso, tanto para aqueles que são chamados a preparar a homilia para uma celebração, mas também como útil companheiro de viagem para aprofundar os mistérios da vida de Jesus cadenciados durante o ano litúrgico.
Como explicou Bergoglio, de fato, "a homilia não pode ser um espetáculo de entretenimento, ela não deve responder à lógica dos recursos midiáticos, mas deve dar sentido e fervor à celebração. É um gênero peculiar, pois se trata de uma pregação dentro da moldura de uma celebração litúrgica: consequentemente, deve ser breve e evitar parecer uma conferência ou uma aula. O pregador pode manter vivo o interesse das pessoas por uma hora, mas então a sua palavra se torna mais importante do que a celebração da fé. Se a homilia é prolongada demais, prejudica duas características da celebração litúrgica: a harmonia entre suas partes e seu ritmo". Indicações preciosas que deveriam, no entanto, ser aplicadas concretamente.
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Papa Francisco explica como evitar homilias soporíferas. Os padres deveriam ouvi-lo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU