31 Outubro 2022
Um elemento fundamental para avançar no caminho da sinodalidade é o diálogo, um dos princípios orientadores do pontificado do Papa Francisco. Escutar todas as pessoas, independentemente da idade, sexo, raça, nação ou religião. A tecnologia facilita isto e tornou possível que o encontro Construir Pontes Norte-Sul, realizado a 24 de fevereiro deste ano, no qual participaram estudantes universitários de todo o continente americano, fosse replicado num novo encontro.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
Neste caso será com estudantes universitários africanos, que no contexto do Sínodo sobre a Sinodalidade se encontrarão com o Papa Francisco na próxima terça-feira 1 de novembro às 15 horas em Roma, com transmissão via YouTube, para refletir sobre o tema "Ubuntu: uma cultura de encontro; todos conectados".
Esta é uma oportunidade para os jovens falarem ao Papa sobre a realidade que os rodeia e, através das suas perguntas, encontrarem luz nas respostas do Santo Padre. Neste sentido, vale a pena recordar que durante o encontro com estudantes universitários de toda América, o Papa foi um ouvinte atento e profundo, respondendo a cada uma das questões colocadas pelos jovens participantes.
Como foi o caso nessa reunião, uma das entidades que colaborou na organização é a Comissão Pontifícia para a América Latina (CAL). Segundo a sua secretária, este evento visa dar continuidade ao que se realizou a 24 de Fevereiro, "onde realizámos o diálogo sinodal entre o Papa e estudantes de toda a América". Este novo momento surgiu do pedido das universidades africanas para poder repeti-lo com os estudantes de África, afirma Emilce Cuda.
Neste sentido, a CAL, fiel à sua missão de construir pontes, colocou as universidades africanas em contato com os professores da Loyola University Chicago e foi a CAL que pediu ao Papa a possibilidade de realizar este encontro, algo que o Santo Padre aceitou com grande prazer, sublinha a Dra. Cuda.
Tem sido um trabalho de quatro meses, envolvendo estudantes de muitas universidades católicas em África, um encontro organizado pela Rede Pan-Africana de Teólogos e Pastores, encarregados de organizar as universidades, que escolheram os seus estudantes e, entre eles, aqueles que se encontrarão virtualmente com o Papa.
Emilce Cuda insiste que a CAL participa neste evento a partir de um diálogo sinodal, afirmando que "a América passa a tocha para as universidades africanas". A secretária da CAL diz que a Comissão Pontifícia para a América Latina espera "abrir um diálogo sinodal não só entre a América Latina e a América do Norte, mas também entre a América Latina e África. Um diálogo Norte-Sul, por um lado, e um Sul Global, por outro”.
A teóloga argentina assinala que a África pertence ao Dicastério para a Evangelização, o que provocou o apoio do seu prefeito, o Cardeal Tagle, que enviou uma carta aos estudantes. O Cardeal Grech, secretário do Sínodo, também gravou um vídeo no qual apoia a construção de pontes em África. O mesmo se aplica ao Dicastério da Educação e Cultura. A ideia da CAL, insiste o seu secretário, é que "este diálogo sinodal não deve ser aplicado apenas a nível continental Norte-Sul e Sul-Sul entre dois continentes, mas também para estabelecer um diálogo sinodal no seio da Cúria Romana, de modo a que um evento desta natureza envolva também outros dicastérios que em algum momento estejam relacionados com este evento".
Do trabalho destes quatro meses com os professores e estudantes africanos, a Dra. Cuda destaca a ideia de que "quando falamos das periferias, não devemos assumir que todas as periferias são iguais. Tudo é uma periferia, América Latina e África, mas cada um tem as suas peculiaridades”. A este respeito, diz ter percebido estas diferenças "não só nos sonhos que estes estudantes têm, que são diferentes, mas também na forma como pensam, na forma como se comunicam, e também na sua estética".
Um exemplo disto é o fato de os estudantes africanos quererem que a música faça parte do evento. Emilce Cuda diz que “até fizeram um vídeo com eles cantando e dançando, agradecendo ao Papa Francisco por lhes ter falado”. Foi certamente uma oportunidade, diz ela, onde "aprendi que a arte é um modo de expressão muito forte para o povo africano e que é uma experiência de aprendizagem para as Américas".
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Papa Francisco replicará com universitários africanos o encontro com estudantes das Américas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU