24 Setembro 2020
"A proposta deste livro com reflexões oferecidas por professores tanto da Academia Alfonsiana como de professores externos, especialistas na temática abordada. A estruturação desta obra em núcleos temáticos: bíblico, histórico, antropológico, magisterial, teológico e litúrgico ajudam o leitor a entender melhor o sacramento da reconciliação com os seus relativos problemas e desafios pastorais", escreve Eliseu Wisniewski, mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade do Paraná (PUCPR) e professor na Faculdade Vicentina (FAVI), Curitiba, Paraná, sobre o livro "Reconciliação sacramental" [1] de Alfonso V. Amarante.
Dr. Alfonso V. Amarante – professor ordinário de História da Moral na Academia Alfonsiana de Roma e Dra. Filomena Sacco - professora convidada da Academia Alfonsiana e professora responsável do Instituto Leoniano de Anagni organizaram a obra: Reconciliação Sacramental. Moral e Prática Pastoral com o objetivo de “aprofundar a prática do sacramento da reconciliação com os relativos problemas pastorais que são encontrados em vista à formação continuada das consciências” (p. 5). Assim, cada um dos “colaboradores que contribuíram com este texto desejam refletir particularmente a respeito da prática desse sacramento. De fato, a partir de um quadro bíblico, histórico e dogmático e guiados pela indicação da exortação apostólica Veritatis gaudium, um bom número de colaboradores querem refletir sore possíveis vias pastorais, para a igreja em saída, apta a responder às dificuldades que o sacramento da reconciliação encontra em nosso contexto e como ele pode ser vivido na práxis pastoral em perspectiva pascal e, ao mesmo tempo, inserido na diaconia sacerdotal de formação das consciências para uma plena maturidade dos fiéis em Cristo” (p. 8) .
O livro em questão, portanto, está organizado em seções: 1) Seção Bíblica (p. 9-62), 2) Seção Histórica (p. 63-121), 3) Seção Antropológica (p. 123-153), 4) Seção Sistemática (p. 155-255), 5) Seção Especial (p. 257-297).
A Seção Bíblica traz três (3) reflexões com o objetivo de “colocar o tema no horizonte da salvação. A reconciliação é o núcleo da revelação cristã, o motivo guia da história da salvação, o coração das Sagradas Escrituras. A pregação dos profetas, primeiro, a encarnação, paixão, morte e ressurreição de Jesus, então mostrou que o homem precisa reconciliar-se como o Criador, mas não pode fazê-lo sozinho. A exigência da conversão para o perdão dos pecados é possível por meio do dom da conversão e da resposta do homem ao dom de Deus” (p. 299):
1) Dr. Gabriel Witaszak - Reconciliação para a salvação. Leitura dos profetas (p. 11-23) mostra que toda a obra de salvação já foi realizada da parte de Deus, mas, de um outro ponto de vista, continua atualmente até a parusia, e a atividade dos profetas pode ser definida como o ministério da reconciliação. Enquanto embaixadores de Deus, os profetas são mensageiros da “palavra de reconciliação”. Na mensagem dos profetas se entrelaçam anúncios e invocações de salvação, enraizados em uma fé firme na onipotência de Deus, revelada na criação e nos eventos da história (cf. p. 21-23);
2) Dr. Alberto de Mingo Kaminouchi – Ritos de perdão na Bíblia (p. 25-37) põem o tema da reconciliação no grande esquema da história da salvação: a reconciliação é o coração da revelação cristã, o núcleo das Sagradas Escrituras (p. 25-27) e estuda as formas rituais com que foram expressas a reconciliação, a penitência e o perdão no Antigo e no Novo Testamento (p. 27-36). No Antigo Testamento encontram-se três modos de enfrentar o mal: a confissão dos pecados, gestos de penitência e ritos de expiação (cf. p. 27-31). As expressões rituais do perdão no Novo Testamento são expressos através de Jesus que veio para oferecer a todos o perdão gratuito de Deus. Não pediu sacrifício de expiação, nem instituiu novos rituais para o perdão. Perdoou os pecados simplesmente com a sua palavra e pediu que perdoássemos aqueles que nos ofenderam. Depois da Páscoa os primeiros cristãos continuaram a obra de reconciliação iniciada por Jesus. Com o ritual do perdão dos pecados, adotaram o batismo de João, modificando-o com o objetivo de exprimir a união com Cristo em sua morte e ressurreição (cf. p. 32-37);
3) Dr. Krzysztof Bielinski – O apelo à conversão no Evangelho de Lucas (p. 38-62) apresenta um estudo sobre a exigência de conversão no Evangelho lucano. A conversão desejada por Jesus é atuada no acolher com fé seu anúncio da senhoria de Deus. Isso tem com resultado a libertação do pecado e, de consequência, uma nova possibilidade de vida oferecida por Deus, para se realizar segundo as diretrizes morais de Jesus. Ao homem é pedida uma pronta decisão, pois o apelo de Jesus requer também uma conversão que se renova no tempo exigindo à pertença a comunidade dos discípulos. Esse percurso é feito pelo autor - examinando os dados linguísticos essenciais, relativos à ideia bíblica de conversão, detendo-se na terminologia particularmente dotada no Evangelho lucano, que dá uma atenção especial ao tema da conversão (cf. p. 40-46) – apresentando em seguida três dimensões importantes da conversão na teologia de Lucas: a sua necessidade (cf. p. 46-53), o caráter do dom (cf. p. 53-59), a exigência de resposta humana a esse dom de Deus (p. 59-61).
A Seção Histórica traz duas (2) reflexões - “o excursus histórico e magisterial põem a atenção nas condições históricas e nos contextos em que a acolhida dos pecadores e a reconciliação dos penitentes se desenvolveram no seio da vida Igreja, das origens aos nossos dias” (p. 299):
1) Dr. Luigi Michele de Palma- Penitência e perdão na Igreja Antiga e Medieval (p. 65-105) através de um olhar retrospectivo reconstrói as principais linhas do desenvolvimento da penitência cristã de suas origens até o início da era moderna. Mostra que a Igreja antiga conhecia uma única forma de penitência sucessiva ao batismo e relativa aos pecados mais graves cometidos pelos fiéis (cf. p. 66-84). Na Idade Média difundiu-se uma prática desconhecida pela tradição antiga – a penitência tarifada (cf. p. 84-91). A reforma carolíngia assumiu um sistema bipartido, pelo qual foi mantida a penitência pública na forma antiga, para os pecados graves e públicos (reservada ao bispo), e, ao mesmo tempo foi introduzida a penitência reiterável e expiatória (imposta pelos sacerdotes) para os pecados ocultos. Nos primeiros séculos do segundo milênio, no período da reforma carolíngia (768-814), houve empenho para corrigir as distorções das persistentes práticas penitenciais. Normas mais severas foram adotadas para a peregrinação penitencial, introduzida anteriormente à penitência tarifada (cf. p. 91-99). O concílio Lateranense IV (1215) introduziu para os fiéis a obrigatoriedade da confissão dos pecados com periodicidade anual, conjugando-a com a comunhão eucarística (cf. p. 100-103);
2) Dr. Alfonso V. Amarante – Desenvolvimentos históricos do sacramento da reconciliação. Do Concílio de Trento ao Vaticano II (p. 107-121) mostra que “esse período histórico que vai do concílio de Trento ao Vaticano II é particularmente rico de revoltas políticas e eclesiais, é capaz de nos fazer compreender as raízes profundas da civilização ocidental e, também deste sacramento, uma vez que a crise do sacramento da penitência tem raízes profundas devido a múltiplos fatores desenvolvidos na idade moderna e contemporânea” (p. 108). Desta forma os cânones fixados pelo concílio tridentino exigiram dos pastores, no cuidado da alma, uma notável criatividade pastoral para serem aplicados (cf. p. 108-112). O confessor pós-tridentino foi chamado a aplicar um esquema de matriz escolástica que tem o seu centro na confissão auricular. Nos séculos seguintes, as perguntas surgidas da prática pastoral levaram os teólogos a buscar respostas sistemáticas a problemas práticos (cf. p. 112-117). A reforma do Vaticano II, concluída no Ordo Paenitentiae, sacrificou algumas dimensões que os estudos recentes tinham alcançado, como: a eficácia da eucaristia para a remissão dos pecados, o papel de todos os batizados na remissão dos pecados e o sacramento da penitência como novo batismo (cf. p. 117-121).
A Seção Antropológica traz duas (2) reflexões. A “contribuição das ciências humanas demonstrou que a realidade faz constatar uma crise da prática e de compreensão da reconciliação, mas isso não significa que ela seja secundária na vida da Igreja e do crente. A reconciliação é o caminho que a Igreja tem para oferecer a possibilidade de dar lugar à ação da graça libertadora na história, tanto em âmbito pessoal como estrutural” (p. 299):
1) Dr. Mario Boies – A empatia como chave de releitura do perdão e da reconciliação (p. 125-141), aprofunda o sacramento da reconciliação à luz da empatia, definindo e diferenciando-a (cf. p. 126-129), e, aproximando-a das noções psicológicas de Rogers, Kohlberg e Hoffman (cf. p. 129-133). Considerando o modelo psicoespiritual do perdão de Mondouequette - mostra como a empatia é benéfica tanto para os pastores como para os penitentes. Para os pastores constitui-se uma atitude psicoespiritual, a fim de ajudar o penitente a viver gradualmente um processo de cura por meio do perdão e da reconciliação. Já para os penitentes, constitui-se uma atitude psicoespiritual imprescindível, a fim de crescer no caminho de perdão e de reconciliação, consigo mesmo e com os outros (cf. p. 135-140);
2) Dr. Antonio G. Fidalgo – A reconciliação como libertação e transformação humana (p. 144-153) apresenta os aspectos pessoais, sociais e estruturais da reconciliação. Mostra que a reconciliação é um processo que, por ser diretamente responsável pelas feridas mais profundas, que tem a ver com as relações humanas e também com a criação, deve considerar em seus instrumentos as mediações sociais, culturais, psicológicas, religiosas, sempre em âmbito pessoal e estrutural (cf. p. 146-148). Assim a reconciliação supõe o desejo e a decisão de encontrar uma solução diante de toda situação de conflito (cf. p. 148), o desejo e a necessidade de uma verdadeira justiça (cf. p. 148) e a preparação, por meio de um processo de cura, possíveis reparações (cf. p. 149).
Supõe ainda: a) aceitar e reconhecer a mútua dignidade e o valor inviolável de todos os atores do processo, pois a verdade não está só em uma parte, mas deve ser descoberta e respeitada por todas as partes implicadas no conflito, b) ajustar bem os termos que intervêm no conflito, buscando cancelar o dano por meio da sinceridade e da abertura para outras possíveis formas de afrontá-las e de resolvê-las, c) encaminhar a configuração de um novo projeto comum com atitudes novas e prevendo estratégias que evitem novos possíveis conflitos (cf. p. 150-152).
A Seção Sistemática traz cinco (5) reflexões:
1) Dr. Pietro Sorci – Por uma mistagogia da reconciliação (p. 157-172) oferece uma leitura mistagógica do rito da reconciliação nas três formas como que nô-lo apresenta o ritual publicado em 1973: o sacramento da penitência celebrado comunitariamente (Rito para a reconciliação de mais penitentes com confissão e absolvição individual) e individualmente (Rito para a reconciliação de penitentes singulares) e a celebração comunitária com confissão e absolvição geral (Rito para a reconciliação de mais penitentes com a confissão e absolvição geral), na convicção de que é possível sermos introduzidos no mistério da reconciliação realizada na páscoa de Cristo por ritus et preces, ou seja, com a participação nos gestos rituais e nas orações que o compõe (cf. p. 160). A experiência de todos os três ritos poderá fazer colher a riqueza e a beleza desse sacramento (cf. 167-172);
2) Dr. Stefano Zamboni - O magistério sobre a reconciliação sacramental do Vaticano II até hoje (p. 173-184) para uma melhor compreensão da reconciliação sacramental indaga suscintamente a contribuição do magistério com respeito à reconciliação sacramental em três etapas: 1) do Vaticano II ao Ordo Paenitentiae (cf. p. 174-177), 2) aprofundar a Reconciliatio et paenientia, a exortação apostólica de João Paulo II sobre o tema em foco, fruto de Sínodo dos Bispos de 1983 (cf. p. 177-182), 3) alguns acenos sobre o magistério de papa Francisco: embora não tenha produzido um documento (ao menos até agora) um documento explicitamente dedicado ao sacramento da penitência, não escapa a ninguém a insistência com que retorna à confissão e sobre as atitudes do penitente e do confessor (cf. p. 182-184).
3) Dr. Alfonso V. Amarante – O estilo pastoral-teológico do confessor (p. 185-198) revisita alguns documentos pós-conciliares para mostrar qual deve ser o estilo do confessor (cf. p. 185-190). Destaca que uma das páginas mais significativas sobre o estilo do confessor foi deixada de herança por Afonso de Ligório (cf. p. 190-194). Conclui mostrando como o magistério do papa Francisco, lidos à luz dos estímulos de Afondo de Ligório oferece estímulos e indicações práticas para o exercício desse ministério: acolher, acompanhar, discernir e integrar na confissão (cf. p. 194- 198). Destaca que confessores não se improvisam. A graça do ministério e o ração não bastam, se não forem acompanhadas pelo estudo teológico e pela experiência da redenção. É necessário viver, em primeira pessoa, o ministério da redenção, para ser fiel administrador deste sacramento (cf. p. 185);
4) Dr. Vimal Tirimanna – Algumas orientações pastorais para um bom confessor a partir da Amoris Laetitia (cf. p. 199-215) mostra que a exortação pós-sinodal do papa Francisco – Amoris Laetitia se baseia em algumas fundamentais orientações pastorais provindas da preciosa e conhecida tradição teológica moral da Igreja e da sua prática. Assim sendo, o autor apresenta cinco (5) linhas-guias para demonstrar sua importância para um bom confessor no mundo de hoje: 1) o principal dever de um penitente é aquele de formar a consciência do penitente (cf. p. 200-203), 2) importância de um diálogo/conversa em âmbito humano (cf. p. 203-205), 3) “ver as coisas com os olhos de Cristo” (cf. p. 205-208), 4) ver as coisas do ponto de vista do penitente (cf. p. 208-210), 5) apontar para um crescimento moral gradual antes que uma conversão imediata (cf. p. 210-215);
5) Dr. Terence Kennedy – Um “novo ministério” na Igreja (p. 217-225) apresenta os paralelos entre o papa Francisco e o patrono dos confessores Santo Afonso de Ligório. Por 250 anos, Prática do Confessor foi um modelo para o clero. Falava a suas necessidades, nos mesmos termos que utiliza hoje papa Francisco. O centro da cura pastoral dos presbíteros e dos bispos do século XVII era o de comunicar a misericórdia do Pai pela humanidade sofredora (cf. p. 217-218). Santo Afonso e papa Francisco amam falar face a face com os padres no presbitério, proclamando o mistério da reconciliação, encorajando-os a serem verdadeiros ministros do perdão de Deus (cf. p. 225). A nota característica da ministerialidade do confessor é a misericórdia.
A Seção Sistemática Especial traz cinco (5) reflexões:
1) Dr. Sabatino Majorano – O diálogo sacramental e a abertura ao bem comum (p. 229-239) evidencia a contribuição que o diálogo sacramental é chamado a oferecer no âmbito social, dado que ele se constitui um momento privilegiado para a formação das consciências, pois, segundo os critérios evangélicos não é possível falar de real conversão quando não se empenha, segundo as possibilidades de cada um, em libertar das consequências do poder do pecado também as relações e as estruturas sociais (cf. p. 239). O “diálogo salvífico, que se desenvolve entre o confessor e o penitente, sem perder a fundamental perspectiva sacramental, pode ser um momento privilegiado de amadurecimento na responsabilidade e no discernimento” (p. 230);
2) Dr. Martin Carbajo Nunez – Pecado ecológico e reconciliação sacramental (p. 241- 252) entende a “criação toda como um protossacramento” (p. 242), por isso, trata da dimensão sacramental do mundo sensível e da presença, na liturgia dos sacramentos, de sinais e símbolos tirados da natureza, fazendo notar que eles estão assim ausentes no rito sacramental da reconciliação (p. 242-244) A “grave crise ecológica, na qual nos encontramos, é um apelo premente a tomar consciência de nossos pecados contra a natureza, para colocar em ato uma profunda conversão interior e, consequentemente, para incluir a dimensão ecológica na celebração do sacramento da reconciliação” (p. 251). Chama a atenção para o fato de que, nos atos do penitente (exame de consciência, contrição, confissão, satisfação), se deveria dar mais atenção às responsabilidades pessoais para com a inteira criação (p. 244-249). Assim no desenvolvimento desse sacramento, deveria potencializar-se a celebração alegre do perdão recebido e da reconciliação reencontrada (p. 249-251). Trata-se de uma “reconciliação comunitária, da qual toda a Igreja deve participar com a oração e a penitência” (p. 249);
3) Dr. Maurizio Pietro Faggioni – Confessores e penitentes diante do valor da vida (p. 253-267) apresenta alguma reflexões e exemplos do discernimento no âmbito do cuidado da vida e da saúde refletindo o que mais proximamente diz respeito à avaliação de alguns comportamentos em situações dilemáticas e, mais em geral, o caminho de conversão do cristão para o amor e para o serviço da vida. Apresenta três situações: a primeira é o acompanhamento, em um processo de conversão, de mulheres que abortaram (p. 254-259) este caso ilustra uma renovada pastoral do sacramento, a segunda é a dúvida de consciência de um médico que se pergunta se uma intervenção de antecipação do parto, feita em uma mulher gestante, é ou não um ato abortivo – este caso enseja a típica pergunta da moral pós-tridentina com respeito à precisa individuação dos deveres e das transgressões (p. 259-264), a terceira situação é o dilema ético sobre os cuidados a serem prestados a uma criança afetada por uma patologia mortal – este caso introduz um delicado e articulado dilema decisório (p. 264-267);
4) Dr. Maurizio Pietro Faggioni – Aspectos da moral sexual no sacramento da reconciliação (p. 269 - 285) mostra que o desenvolvimento harmonioso da sexualidade de cada um não é sempre linear e pode ser dificultado por numerosos fatores de perturbação. Nesse campo, o desejo de verdade e de transparência se encontra com a nossa fragilidade, com os limites psicológicos, com os influxos negativos do ambiente. (cf. p. 269). Não pode haver um crescimento harmonioso da vida cristã, sem uma conversão que oriente toda a nossa realidade sexual ao Senhor e, por esse motivo, qualquer desordem sexual, mais ou menos grave fere a pessoa em sua totalidade (cf. p. 273 - 275). Atenha-se, por isso, para a lei da gradualidade na consciência da verdade moral (cf. p. 275-277) e para os diversos graus da imputabilidade (cf. p. 278-284);
5) Dr. Giovanni Del Missier – Problemáticas pastorais juvenis. “Não é preciso confessar por um baseado” (p. 287-297) tece reflexões sobre o consumo de cannabis. Apresenta: a) os aspectos científicos da cannabis - (substâncias psicoativas derivadas da inflorescência feminina da Canabbis sativa) e os efeitos psicotrópicos proporcionados por sua concentração (cf. p. 287-290); b) os atores do drama (p. 290-292); c) as problemáticas éticas (cf. p. 292-295), d) papel do ministro educador (p. 296).
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Está aí a proposta deste precioso livro com reflexões oferecidas por professores tanto da Academia Alfonsiana como de professores externos, especialistas na temática abordada. A estruturação desta obra em núcleos temáticos: bíblico, histórico, antropológico, magisterial, teológico e litúrgico ajudam o leitor a entender melhor o sacramento da reconciliação com os seus relativos problemas e desafios pastorais como: a formação da consciência, a educação para o sentido da penitência, do perdão, o viver a reconciliação, dentre outros.
A leitura deste livro nos fará concordar com os organizadores desta obra: “os vários estudos propostos realmente abrem novas possibilidades de aprofundamento. São claros os horizontes que se abrem diante de nós” (p. 300). Por isso as reflexões aí contidas são altamente recomendáveis aos presbíteros no exercício de sua ministerialidade de confessores: “como ministros desse sacramento, pecadores entre os pecadores, é preciso sempre recordar que sejamos os facilitadores da graça como estrada privilegiada de evangelização e de retorno a Deus” (p. 8), ou seja, “o confessor deve ser transparência do Senhor misericordioso, que, como bom pastor, conhece suas ovelhas, uma a uma. Isso requer do presbítero: paternidade, acolhimento, equilíbrio, maturidade e, em particular, a capacidade de discernir acuradamente as situações individuais, porque mesmo onde há violação da própria norma objetiva, os contextos vitais, o comprometimento, a percepção da culpa, as possibilidades concretas de bem das pessoas podem ser muito diferentes. Somente assim poderá acompanhar frutuosamente o fiel em seu percurso de crescimento para a plenitude da vida em Cristo” (p. 284-285).
Cada uma destas reflexões são também recomendáveis para a leitura e reflexão de cada fiel batizado (penitente) como um convite para a celebrar a misericórdia de Deus: “um dos lugares privilegiados onde se faz a experiência do amor de Deus é o sacramento da reconciliação, capaz de ratar o fio do amor, que liga de modo indissolúvel, a fragilidade do homem/mulher com o amor ilimitado de Deus” (p. 5). A misericórdia celebrada, vivida e testemunhada é o reflexo da misericórdia do Senhor.
Em vista de uma Igreja que seja a casa da misericórdia - temos em mãos um preciso material para estudos, reflexões, discussões em vista de sua aplicação pastoral. Na crise deste sacramento fica para cada um de nós este desafio: fazer que o sacramento da penitência volte a ter o seu lugar na vida cristã.
[1] AMARANTE, Alfonso V.; SACOO, Filomena (Orgs.). Reconciliação sacramental. Moral e prática pastoral. Tradução do original italiano de 2019 por Luiz Gonzaga Scudeler. São Paulo: Santuário, 2020, 312 p., 16 x 23 mm – ISBN 9786555270242
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