A realidade e as projeções dos populistas

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23 Agosto 2020

Em uma esplêndida série de podcasts, a publicação britânica online The Conversation, nascida da colaboração entre dois mundos igualmente estranhos (“rigor acadêmico, faro jornalístico” é o seu lema), se concentrou nas “teorias da conspiração” [escute aqui a parte 1, em inglês].

O comentário é de Iacopo Scaramuzzi, publicado na revista Jesus, de agosto de 2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

E explicou que, em épocas de passagens, muitas vezes se materializam fantasmas da conspiração diante dos olhos daqueles que, vislumbrando uma explicação simples da complexidadena do caos, identificando um inimigo invisível e muito poderoso, aplacam a ansiedade e se reapropriam de um papel (como vítima, mas, mesmo assim, um papel) na história.

Não se trata de loucos ou mitômanos. Frequentemente, são pessoas realmente “descartadas” da sua época, como diria o papa, que canalizam frustrações reais em recriminações delirantes. Que as redes sociais digitais propagam, e a grande incerteza do coronavírus alimenta. Em benefício dos empresários do medo.

Quando Jorge Mario Bergoglio acusa os populistas de colocarem filtros na realidade (“uma projeção daquilo que eu quero que seja feito, daquilo que eu quero que seja pensado, que exista...”), ele vai ao fundo da questão.

Em Francisco, aflora novamente o jesuíta dos séculos XVI e XVII. Uma época também marcada pela mudança, que forjou também o conceito de tolerância, o espírito científico, a consciência de que as verdadeiras explicações são contraintuitivas.

Nasceram, então, a Academia dos Linces, que, assim como o animal, olhava para além das aparências; o teatro moderno, que encenava e denunciava a aparência; a Companhia de Jesus e o seu espírito de discernimento. Um método que parte daquele “escutar” que, como explica o papa séculos depois, é “deixar-se tocar pela realidade”.

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