30 Julho 2019
Os jesuítas denunciaram a repressão por parte do governo hondurenho contra os protestos dos últimos dois meses em Honduras. Tais manifestações foram provocadas por iniciativas de privatização por parte do Estado. A repressão terminou por causar morte e graves ferimentos a professores, estudantes, trabalhadores da saúde e outros cidadãos hondurenhos que se manifestam pela proteção dos sistemas de saúde e educação.
A informação é publicada por CPAL Social, 25-07-2019. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
"Lamentamos a grave crise social e política vivida pela população hondurenha como resultado da violação histórica dos direitos fundamentais, deterioração do estado de direito e como consequência das práticas erráticas e corruptas de políticos e tomadores de decisão na administração pública", os jesuítas de Honduras escreveram em uma declaração, em nome de todas as suas obras apostólicas no país.
Gás lacrimogêneo e balas foram usados contra manifestantes, resultando em vários ferimentos e várias mortes, incluindo a de Eblin Noel Corea Maradiaga, de 17 anos, que foi morto por um tiro durante um protesto em 19 de junho.
O embaixador canadense em Honduras denunciou o uso indevido de veículos doados por seu governo para melhorar os serviços de saúde. Estes foram utilizados por militares hondurenhos para o transporte de soldados.
Os jesuítas expressam sua solidariedade às vítimas da repressão pelas forças de segurança e denunciam as campanhas de difamação e outras tentativas do governo local de criminalizar jornalistas e defensores dos direitos humanos, como Pe. Ismael Moreno, SJ (também conhecido como padre Melo).
Os esforços para desacreditar o padre Melo não são novos. Em dezembro de 2017 (em inglês), circulou um panfleto nas mídias sociais hondurenhas, acusando-o falsamente, ainda outros oito líderes regionais, de incitarem a violência e se envolverem no narcotráfico. No início daquele ano, o padre Melo foi falsamente acusado (em inglês) pelo presidente de uma universidade hondurenha por promover a anarquia e gerar violência entre os estudantes da escola. Em ambos os casos, os jesuítas e outros líderes eclesiásticos e defensores dos direitos humanos defenderam o trabalho do padre Melo e dos dois ministérios que ele dirige, a Equipe de Reflexão, Pesquisa e Comunicação da Companhia de Jesus em Honduras (ERIC) e Rádio Progresso.
Padre Ismael Moreno, SJ — ou Padre Melo. Foto: Rhina Guidos | Catholic News Service
Os jesuítas no Canadá e nos Estados Unidos juntam-se a seus irmãos em Honduras. Erik Oland, SJ, provincial dos jesuítas do Canadá, disse: "Os próprios fundamentos do que significa ser católico para apoiar aos mais pobres dos pobres e o trabalho daqueles que procuram servi-los estão em perigo".
A Conferência Jesuíta do Canadá e o Escritório de Justiça e Ecologia dos Estados Unidos assinaram uma declaração com outras organizações não-governamentais pedindo ao governo hondurenho que ordene às forças de segurança que "ponham fim imediatamente ao uso excessivo da força contra manifestantes "e" retirar as forças militares e a polícia militar em resposta a protestos ", bem como cessar as ameaças contra defensores dos direitos humanos e jornalistas.
Os jesuítas de Honduras adotaram o chamado dos bispos hondurenhos para trabalhar "de acordo com a dignidade da pessoa humana e na busca do bem comum". Sua declaração conclui dizendo que "a mudança para melhor é possível" e pede um compromisso para "alcançá-la em solidariedade".
Leia a declaração completa dos jesuítas, neste link (em espanhol).
Leia do declaração do Escritório de Justiça e Ecologia dos Estados Unidos, neste link (em espanhol)
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Honduras. Jesuítas denunciam abusos do governo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU