17 Junho 2019
Após a luta contra os abusos sexuais na Igreja contra menores e pessoas vulneráveis, os bispos da França quebrar mais um tabu: as derivas sectárias que, infelizmente, são registradas na comunidade católica com pesadas e duradouras consequências para as vítimas. Assim, instituíram em 2016 uma "Célula" com a tarefa de assumir as denúncias, alertar as autoridades competentes para agirem de acordo com a justiça, acompanhar as vítimas e ajudá-las a encontrar os meios para recuperar às rédeas da própria vida, mas, principalmente, para encontrar a coragem de denunciar junto aos tribunais competentes.
A reportagem é publicada por SIR, 14-06-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Entre outubro de 2018 e fevereiro de 2019, o "Célula" - criada na Conferência Episcopal francesa - tratou de 1.300 denúncias: 245 por telefone; 1.000 por e-mail; vinte por cartas enviadas pelo correio e uma dúzia comunicada diretamente por pessoas. À luz das denúncias, emerge que as "derivas sectárias" são registradas em comunidades religiosas novas e antigas, em grupos religiosos integralistas e tradicionalistas, em grupos de "cura" e carismáticos, em movimentos religiosos. Os dados estão contidos em um dossiê preparado pela Conferência Episcopal francesa e apresentado na tarde da última sexta-feira em uma coletiva de imprensa.
Naquela ocasião, também foi mostrado um documentário sobre o abuso espiritual, coproduzido pela rede de televisão católica Kto e realizado por Jean-Claude e Anne Duret. Uma viagem de 56 minutos acompanhando aqueles que - especialmente nas congregações e novas comunidades religiosas - sofreram tal tipo de abuso. Uma reportagem para entender um fenômeno que só recentemente vem sendo falado na Igreja e, acima de tudo, para "informar e educar um grande público sobre os possíveis perigos da busca espiritual".
"Nós acreditamos - diz Mons. Alain Planet, bispo de Carcassone e Narbonne e responsável pela Célula - que a única resposta para o mal é combatê-lo e esperamos poder oferecer uma contribuição que possa ajudar a conduzir essa luta em total transparência".
Em novembro de 2013, quando cerca de quarenta vítimas haviam lançado um apelo aos bispos reunidos em Lourdes, o presidente da Conferência Episcopal da França, D. Georges Pontier, em nome de todo o episcopado francês, havia se dirigido a eles com uma carta: "Acolhemos o grito de pessoas que sofreram no coração da Igreja. Nosso pensamento vai para aqueles que estão feridos, às vezes de forma duradoura, devido ao comportamento de alguns membros da Igreja. Como presidente da nossa Conferência Episcopal, gostaria de dizer em nome de todos que algumas práticas nos abalaram e nos chocaram". E novamente: "Alguns comportamentos que vocês denunciam estão sujeitos à justiça criminal. Ninguém está acima da lei".
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França: bispos contra as derivas sectárias nas comunidades católicas. De outubro 2018 a fevereiro de 2019, 1.300 denúncias - Instituto Humanitas Unisinos - IHU