Mau tempo para a Igreja chilena: prisões, novas denúncias e o peso da memória de alguns sacerdotes suicidas

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17 Julho 2018

Outro momento muito ruim para a Igreja chilena já em crise e em declínio há muitos anos, sob o controle direto do Papa Francisco, com apenas nove bispos diocesanos nomeados pelo Santo Padre, enquanto a maioria dos bispos, que renunciaram em 17 de maio, aguarda a decisão do pontífice.

A reportagem é de Il Sismografo, 15-07-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Em 48 horas, a Igreja desse país teve que lidar com a prisão, pela primeira vez, de um sacerdote – o padre Oscar Muñoz Toledo – que, depois da autodenúncia em janeiro passado, quando ainda era o chanceler do arcebispado de Santiago, tudo indica, a partir das primeiras investigações – com duas buscas (escritórios da diocese da capital e de Rancagua) –, que seja culpado de pelo menos sete casos de abuso sexual e estupro e de outros crimes colaterais igualmente graves.

Logo depois, chegaram outras duas denúncias de violência sexual contra menores, bastante plausíveis e que, no passado, a hierarquia não quis aprofundar. O primeiro caso estourou na capital e envolve o padre Jorge Laplagne. Ele foi confirmado pelo próprio site da arquidiocese liderada pelo cardeal Ricardo Ezzati, questionado fortemente no caso do ex-chanceler com perguntas sobre o que ele sabia e sobre o que ignorava, e às quais ele certamente terá que responder perante um juiz.

O segundo caso é da diocese de Concepción, em que se acusa o emérito, então Dom Ricardo Ezzati, e o atual ordinário, Dom Chomali, de encobrimento e/ou subestimação em relação a um sacerdote de prestígio, muito conhecido pelas suas capacidades acadêmicas, o padre Hernán Enríquez Rozas.

Enquanto isso, ainda na última sexta-feira e no sábado à noite, outros tribunais ordenaram novas buscas nas sedes de duas dioceses importantes devido a outras denúncias de abuso sexual na Igreja por parte de membros do clero: a primeira é Temuco (Araucania), visitada pelo papa no dia 16 de janeiro passado para se encontrar com a nação Mapuche, e a outra é Villarrica.

Naturalmente, a imprensa chilena, nestas horas, escreve muito sobre esses últimos acontecimentos, enquanto, ao mesmo tempo, insiste em dizer que, em muitas fontes próximas à Igreja local, afirma-se que, até o fim de julho, o Papa Francisco deverá comunicar uma “enxurrada de nomeações”, que incluiriam a rejeição de algumas renúncias, mas também a aceitação de outras.

Insiste-se que, entre essas decisões, estaria a troca da guarda no controverso arcebispado de Santiago, hoje liderado pelo cardeal Ricardo Ezzati e, antes, pelo cardeal Francisco Javier Errázuriz, que – diz-se –, nos próximos meses, sairá do Conselho dos nove cardeais, que, como o próprio pontífice disse a Philip Pullella, da Reuters, será modificado em breve.

Há algumas horas, no Chile, em ambientes jornalísticos ligados aos tribunais e à polícia investigativa civil, fala-se de possíveis novas prisões de sacerdotes em diversas dioceses do país. A indiscrição, porém, por enquanto, não teve nenhuma confirmação e poderia ser apenas um exagero, fruto do clima midiático que o país vive há uma semana.

No Chile, nos últimos anos, além dos conhecidos eventos do caso Karadima, estouraram muitos outros casos de abuso sexual. Por enquanto, os sacerdotes suspensos e sob investigação são pelo menos 34 (14 só na diocese de Rancagua), e outros – mas não se sabe o número – foram expulsos. É preciso citar os casos – pelo menos três em um único ano – de eventos sobre acusações de abuso que se encerraram com o suicídio do padre suspeito.

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