16 Mai 2018
Na tarde dessa terça-feira, 15, começaram os encontros do Santo Padre com 34 bispos do Chile, convocados pelo próprio pontífice no último dia 8 de abril, com uma carta já amplamente conhecida.
A reportagem é de Luis Badilla e Francesco Gagliano, publicada em Il Sismografo, 15-05-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Nesse documento, o papa escrevia:
“Levando em conta tudo isso, escrevo a vocês, reunidos na 115ª assembleia plenária, para solicitar humildemente a sua colaboração e assistência no discernimento das medidas que deverão ser adotadas em curto, médio e longo prazo para restabelecer a comunhão eclesial no Chile, com o objetivo de reparar na medida do possível o escândalo e restabelecer a justiça. Penso em convocá-los a Roma para dialogar sobre as conclusões da mencionada visita [feita por Dom Scicluna em fevereiro de 2018] e minhas conclusões. Pensei em tal encontro como um momento fraterno, sem preconceitos nem ideias preconcebidas, com o único objetivo de fazer resplandecer a verdade nas nossas vidas. Sobre a data, encomendo ao secretário da Conferência Episcopal que me faça chegar as possibilidades”.
A partir dessa terça-feira a quinta-feira, os prelados do Chile vão trabalhar em absoluta confidencialidade guiados pelo próprio Papa Francisco ou (nesta quarta-feira de manhã) pelo cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina.
Quase certamente, a primeira parte da pauta se referirá às “conclusões” do volumoso relatório da missão especial no Chile de Dom Charles Scicluna e do Mons. Jordi Bertomeu. Parece que o relatório Scicluna-Bertomeu identifica com extrema precisão momentos e circunstâncias críticos de todo o caso, personagens relevantes e passagens até agora desconhecidas ou relatadas apenas parcialmente.
Trata-se, como o próprio papa disse, de um documento de 2.300 folhas no qual são relatados, transcritos de gravações, 64 testemunhos entre bispos, leigos, sacerdotes, religiosos e religiosas, diáconos e seminaristas. Entre esses testemunhos, está também o de Dom Juan Barros.
A partir desse volumoso material coletado na segunda quinzena de fevereiro passado em Nova York e em Santiago do Chile, os dois enviados do papa tiram suas conclusões, totalmente inéditas. Nunca antes foi feita tal investigação por parte da hierarquia católica chilena. Como prova disso, grande parte dos testemunhos correspondem a pessoas que nunca haviam sido interrogadas antes, embora algumas delas fossem decisivas nesse caso.
Os testemunhos de alguns bispos parecem ser igualmente importantes: eles jogam luz particularmente sobre o papel e o envolvimento do bispo de Osorno, Juan Barros, desde ter sido nomeado bispo por João Paulo II, em 21 de novembro de 2000.
Um segundo momento da pauta dos encontros no Vaticano deveria ser, como antecipado pelo próprio papa, uma discussão sobre as conclusões que ele tirou do estudo do relatório Scicluna-Bartomeu. Com toda a probabilidade, Francisco comunicará aos bispos chilenos as impressões que deduziu em mérito de todo esse caso e as consequentes decisões que tomou.
O papa, no entanto, desejará apresentar suas escolhas, se possível, a fim de chegar a um projeto compartilhado, consensual, para encaminhar toda a Igreja chilena rumo à cura, à renovação e à conversão. Não será um debate que concluirá com uma votação para aprovar eventuais decisões: o poder destas cabe exclusivamente ao papa, que, com toda a probabilidade, exercerá plenamente esse seu direito.
No entanto, na medida do possível, Francisco certamente deseja acompanhar os bispos do Chile em um processo de autocrítica e de mudança radical, sem forçar medidas nem “bater na mesa”.
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Começam os encontros do papa com 34 bispos chilenos. Em pauta, as muitas faces do declínio da Igreja chilena - Instituto Humanitas Unisinos - IHU