Três teólogas negras são preteridas em favor de um presbítero. Nota de solidariedade às candidatas à docente na faculdade de teologia da PUC-SP

Papa pede mais mulheres na Comissão Teológica Internacional| Foto: Vatican News

Mais Lidos

  • Niceia 1.700 anos: um desafio. Artigo de Eduardo Hoornaert

    LER MAIS
  • A rocha que sangra: Francisco, a recusa à OTAN e a geopolítica da fragilidade (2013–2025). Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • Congresso arma pior retrocesso ambiental da história logo após COP30

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

05 Abril 2024

"Diante disso, indagamos: qual terá sido o critério oculto para a escolha e contratação do candidato que ficou na quarta colocação? Ser homem e clérigo? A decisão final coube ao arcebispo de São Paulo e Grão Chanceler da PUC-SP", aponta a Rede TeoMulher, em nota de solidariedade às três teólogas primeiras classificadas no processo seletivo da PUC-SP.

De acordo com o texto, "as candidatas selecionadas, que atendiam aos requisitos e indicação de preferência no edital para a docência, eram três mulheres negras. Porém, procedeu-se à contratação de um homem e clérigo, o quarto colocado".

Eis a nota.

A Rede TeoMulher manifesta a sua estranheza e indignação pela misoginia e pelo clericalismo no resultado da seleção de candidatos/as à vaga de docente no PPG em Teologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo — PUC-SP. Segundo o edital, a única vaga docente a ser preenchida deveria ser destinada a candidatos(as) negros(as) pretos(as) e pardos(as), com preferência para a contratação do sexo feminino. As três primeiras colocadas foram:

1) Marina Aparecida Oliveira dos Santos Correa;

2) Cleusa Caldeira;

3) Célia Maria Ribeiro.

As candidatas selecionadas, que atendiam aos requisitos e indicação de preferência no edital para a docência, eram três mulheres negras. Porém, procedeu-se à contratação de um homem e clérigo, o quarto colocado.

Diante disso, indagamos: qual terá sido o critério oculto para a escolha e contratação do candidato que ficou na quarta colocação? Ser homem e clérigo? A decisão final coube ao arcebispo de São Paulo e Grão Chanceler da PUC-SP. A escolha ignorou que três mulheres negras estavam melhor classificadas, assim como foi ignorada a indicação do edital “preferencialmente do sexo feminino”. Nossa perplexidade nos leva a questionar a transparência do processo e até mesmo das normas do edital que, nas entrelinhas, dá a oportunidade para que outros critérios, que não os expostos, sejam seguidos.

Como teólogas, manifestamos nossa solidariedade às três candidatas, primeiras colocadas, e injustamente desconsideradas na escolha final. Desejamos que estas pedras cortantes da misoginia, da desigualdade de gênero e de raça sejam paulatinamente retiradas do caminho das escolas teológicas, se estas quiserem ser, de fato, reconhecidas por sua excelência, transparência e coerência com as orientações do Papa Francisco que, tão enfaticamente, tem se pronunciado contra o clericalismo e as injustiças dele provindas.

Leia mais